Grupos de refugiados criticaram a istração Trump por dar prioridade aos Afrikaners, uma minoria étnica branca, em detrimento de pessoas mais necessitadas.
Um grupo de 49 sul-africanos brancos tornou-se o primeiro beneficiário de um controverso programa de refugiados dos Estados Unidos.
Os afrikaners, que incluíam famílias com crianças pequenas, deixaram a África do Sul no domingo num avião fretado com destino aos EUA, confirmou um porta-voz do Ministério dos Transportes sul-africano.
Deveriam chegar ao Aeroporto Internacional de Dulles, nos arredores de Washington, na segunda-feira de manhã, depois de uma escala em Dakar, no Senegal.
A istração Trump alterou a política de issão de refugiados dos Estados Unidos, o que significa que praticamente todas as pessoas que fogem da fome e da guerra em países como o Sudão já não têm hipótese de serem reinstaladas naquele país.
No entanto, abriu uma exceção para os afrikaners, uma minoria étnica branca que criou e implementou o brutal sistema de apartheid da África do Sul, que durou desde o final da década de 1940 até ao início da década de 1990.
Grupos de direitos humanos e especialistas em refugiados criticaram a decisão, afirmando que, ao contrário de outros grupos, os afrikaners não são vulneráveis.
Trump e os seus aliados afirmaram que eles enfrentam discriminação racial por parte do governo do país.
O governo sul-africano negou veementemente a sugestão.
"Reiteramos que as alegações de discriminação são infundadas", afirmou o Ministério das Relações Interiores na sexta-feira.
"É muito lamentável que pareça que a reinstalação de sul-africanos nos Estados Unidos, sob o pretexto de serem 'refugiados', seja inteiramente motivada politicamente e concebida para questionar a democracia constitucional da África do Sul", acrescentou o Ministério.
A istração Trump salientou que a reinstalação dos 49 sul-africanos era apenas o início do programa.
O vice-chefe de gabinete da Casa Branca, Stephen Miller, disse que o voo marcou o início de um "esforço de realocação em escala muito maior".
"Trata-se de perseguição com base numa caraterística protegida - neste caso, a raça. É uma perseguição baseada na raça", afirmou.
Espera-se que os afrikaners, descendentes de colonos europeus, recebam apoio para habitação, alimentação e vestuário nos EUA.
A istração Trump tem criticado a África do Sul noutras frentes, incluindo o processo de genocídio que instaurou contra Israel no Tribunal Internacional de Justiça por causa da guerra em Gaza.
A Casa Branca citou o caso como um exemplo do país africano a tomar "posições agressivas em relação aos Estados Unidos".