A adesão da Sérvia à UE depende das "suas escolhas estratégicas", disse Kallas depois de se ter reunido com Vučić e responsáveis do Governo em Belgrado, sublinhando a necessidade de reformas concretas.
A adesão da Sérvia à UE "continua a ser um objetivo estratégico", mas depende de uma "escolha geoestratégica", afirmou Kallas na quinta-feira, depois de se ter reunido com o presidente sérvio, Aleksandar Vučić, e com membros do Governo em Belgrado. Esta foi a sua primeira paragem numa viagem aos Balcãs Ocidentais.
Kaja Kallas, Alta Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, afirmou que após vários discussões com os líderes políticos sérvios, "ficou claro que a adesão à UE continua a ser um objetivo estratégico, no entanto, quero sublinhar que precisamos de ver ações que comprovem e apoiem essas palavras."
"As reformas são a forma de a Sérvia avançar na via da adesão à UE", acrescentou. "Não há atalhos para a adesão. Têm de ser feitos verdadeiros progressos aqui em Belgrado."
A também vice-presidente da Comissão Europeia abordou a viagem de Vučić à Rússia, no âmbito do Dia da Vitória em Moscovo, uma decisão amplamente criticada por Bruxelas e pela própria. "Não percebo porque é necessário estar lado a lado com o presidente russo, Vladimir Putin, que está a conduzir esta guerra horrível na Ucrânia", disse "e o presidente Vučić estava a explicar o seu lado da história. Portanto, sim, tivemos uma discussão muito extensa sobre isso."
A alta representante tinha anteriormente aconselhado o líder sérvio a não viajar para a capital russa para as celebrações de 9 de maio.
Vučić disse anteriormente que "a Sérvia e o povo sérvio deram um enorme contributo para a vitória sobre o fascismo" na Segunda Guerra Mundial, e que estava na capital russa para celebrar esse facto.
Vučić tem sido criticado por manter relações estreitas com a Rússia e a China, ao mesmo tempo que diz formalmente que quer que a Sérvia adira à UE.
"Falei sobre isso [ida à Rússia] em outubro e disse a toda a gente que ia viajar. Não menti a ninguém. Anunciei para onde ia, ao contrário de muitos outros que não o anunciaram e acabaram por ir lá parar", explicou Vučić depois de se encontrar com o presidente do Conselho Europeu, António Costa, em Belgrado, no início deste mês.
O governo de Belgrado também tem estado sob pressão interna significativa após sete meses de grandes protestos anti-corrupção liderados por estudantes, que rebentaram depois da cobertura de betão na estação ferroviária ter desabado na capital regional do norte de Novi Sad em 1 de novembro de 2024, matando 16 pessoas.
Kaja Kallas afirmou que também se encontrou com os estudantes que protestavam e apelou à Sérvia para que reúna esforços sérios no sentido de promover a liberdade dos meios de comunicação social, combater a corrupção e implementar uma reforma eleitoral.
"Estas reformas trarão benefícios reais para os cidadãos e para o povo da Sérvia, como centenas de milhares de manifestantes têm vindo a exigir nas últimas semanas. A autonomia das universidades deve ser respeitada", afirmou.
Tensões com o Kosovo
Kallas também sublinhou a necessidade de normalizar as relações com o Kosovo, a antiga província da Sérvia que declarou a sua independência em 2008.
A maioria dos países ocidentais reconhece a sua independência, mas a Sérvia não.
As conversações entre os dois países, mediadas por Bruxelas, estão congeladas há muito tempo, mas Kallas afirmou que a normalização é "fundamental para o futuro europeu da Sérvia." "É altura de ultraar o ado e de nos concentrarmos no futuro comum", afirmou.
Kallas mostrou-se interessada em convidar os representantes de Belgrado e Pristina a encontrarem-se em Bruxelas, "o mais rapidamente possível" para discutir os os concretos a dar.
Os seis países dos Balcãs Ocidentais encontram-se em diferentes fases de adesão, sendo a Albânia e o Montenegro atualmente considerados os primeiros.
A Sérvia, a Macedónia do Norte e a Bósnia continuam a ser países candidatos, enquanto o Kosovo ainda é apenas um potencial candidato à adesão à UE.
A invasão total da Ucrânia pela Rússia, em fevereiro de 2022, encorajou os líderes europeus a pressionar os países a aderirem ao bloco, temendo a instabilidade.
Kallas disse que está "profundamente empenhada em encorajar todos os países dos Balcãs Ocidentais a aproveitarem realmente o atual impulso que temos no alargamento".
"A melhor maneira de o fazer é restaurar a confiança e manter-se fiel aos princípios democráticos", escreveu a Alta Representante numa publicação da rede social X.