{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/my-europe/2025/05/22/chefe-da-unrwa-receia-que-gaza-deixe-de-ser-uma-terra-para-os-palestinianos" }, "headline": "Chefe da UNRWA receia que Gaza deixe de ser \u0022uma terra para os palestinianos\u0022", "description": "Com Netanyahu a declarar a inten\u00e7\u00e3o de controlar a totalidade do territ\u00f3rio palestiniano, Philippe Lazzarini diz \u00e0 Euronews que os planos israelitas para Gaza s\u00e3o \u0022dist\u00f3picos\u0022.", "articleBody": "O comiss\u00e1rio-geral da Ag\u00eancia das Na\u00e7\u00f5es Unidas para os Refugiados Palestinianos (UNRWA), Philippe Lazzarini, afirmou que receia que Gaza deixe de ser uma \u0022terra onde os palestinianos possam viver\u0022, devido \u00e0 intensifica\u00e7\u00e3o dos ataques a\u00e9reos e das opera\u00e7\u00f5es terrestres israelitas.Numa entrevista \u00e0 Euronews, no in\u00edcio desta semana, Lazzarini falou sobre os planos israelitas para controlar a Faixa de Gaza na sua totalidade: \u0022J\u00e1 vimos muitos planos (israelitas), alguns mais dist\u00f3picos do que outros.\u0022Um desses planos, ao qual a Euronews teve o exclusivo na semana ada, sugeria que as IDF poderiam introduzir temporariamente a lei marcial e for\u00e7ar os civis a ficar em zonas espec\u00edficas, de seguran\u00e7a.\u0022N\u00e3o h\u00e1 lugares seguros em Gaza\u0022, disse Lazzarrini \u00e0 Euronews. \u0022Aquilo que vejo neste momento \u00e9 a continua\u00e7\u00e3o da destrui\u00e7\u00e3o, das mortes e da matan\u00e7a dos palestinianos em Gaza. 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A Funda\u00e7\u00e3o Humanit\u00e1ria de Gaza (GHF), uma institui\u00e7\u00e3o de caridade registada na Su\u00ed\u00e7a e apoiada pelos EUA, tenciona criar centros de ajuda com o apoio de empresas privadas.Lazzarini rejeitou o projeto, afirmando que n\u00e3o respeita \u0022nenhum princ\u00edpio humanit\u00e1rio b\u00e1sico, incluindo os da humanidade e imparcialidade\u0022.A GHF afirmou que os civis em Gaza seriam obrigados a recolher pacotes de ajuda com um peso m\u00e1ximo de 20 kg em pontos de distribui\u00e7\u00e3o limitados.\u00a0Lazzarini afirmou que a opera\u00e7\u00e3o iria cortar a ajuda aos \u0022mais vulner\u00e1veis\u0022 e \u0022dar origem a uma desloca\u00e7\u00e3o for\u00e7ada\u0022 enquanto decorre a opera\u00e7\u00e3o militar.Chefe da UNRWA obrigado a \u0022ponderar\u0022 o encerramento da ag\u00eanciaA UNRWA tem sido, at\u00e9 \u00e0 data, a principal fonte de ajuda humanit\u00e1ria aos palestinianos em Gaza. 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At\u00e9 hoje, nunca recebemos qualquer informa\u00e7\u00e3o concreta.\u0022As finan\u00e7as da UNRWA tamb\u00e9m sofreram com o afastamento de doadores importantes como os EUA, que doavam cerca de 422 milh\u00f5es de d\u00f3lares (372 milh\u00f5es de euros) por ano \u00e0 ag\u00eancia.\u0022Espero n\u00e3o vir a ser empurrado para uma posi\u00e7\u00e3o na qual tenha de ser for\u00e7ado a anunciar a suspens\u00e3o de todos os nossos servi\u00e7os\u0022, disse Lazzarini. \u0022Isto \u00e9 algo que, infelizmente, tenho ponderado com frequ\u00eancia.\u0022Segundo Lazzarini, os cortes na ajuda podem sair carosLazzarini apelou aos governos ocidentais para que \u0022n\u00e3o comprometam a capacidade de resposta da ag\u00eancia \u00e0s crises\u0022 com cortes radicais nos or\u00e7amentos de ajuda humanit\u00e1ria.V\u00e1rios governos ocidentais, incluindo o dos EUA, do Reino Unido, da Su\u00ed\u00e7a, da Alemanha e da Fran\u00e7a, reduziram consideravelmente os or\u00e7amentos destinados ao tema nos \u00faltimos meses.\u0022Sei que muitos pa\u00edses est\u00e3o a ar por uma fase de austeridade, mas a coopera\u00e7\u00e3o internacional e a assist\u00eancia humanit\u00e1ria n\u00e3o s\u00e3o \u00e1reas nas quais os pa\u00edses devam cortar\u0022, explicou Lazzarini.\u0022Se n\u00e3o conseguirmos resolver estas crises, as pessoas v\u00e3o querer ir embora destes locais e, muito provavelmente, vir\u00e3o para c\u00e1, e o custo ser\u00e1 muito mais alto\u0022, explicou, sugerindo que os cortes poderiam desencadear uma migra\u00e7\u00e3o for\u00e7ada a partir de \u00e1reas em crise.Veja a entrevista completa deste Europe Conversation no v\u00eddeo acima.", "dateCreated": "2025-05-16T11:49:29+02:00", "dateModified": "2025-05-22T18:00:28+02:00", "datePublished": "2025-05-22T18:00:28+02:00", "image": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F09%2F28%2F93%2F63%2F1440x810_cmsv2_66cb23d5-5a37-57ea-a382-100cb418d04c-9289363.jpg", "width": "1440px", "height": "810px", "caption": "Com Netanyahu a declarar a inten\u00e7\u00e3o de controlar a totalidade do territ\u00f3rio palestiniano, Philippe Lazzarini diz \u00e0 Euronews que os planos israelitas para Gaza s\u00e3o \u0022dist\u00f3picos\u0022.", "thumbnail": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F09%2F28%2F93%2F63%2F432x243_cmsv2_66cb23d5-5a37-57ea-a382-100cb418d04c-9289363.jpg", "publisher": { "@type": "Organization", "name": "euronews", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png" } }, "author": { "@type": "Person", "name": "Mared Gwyn Jones", "sameAs": "https://twitter.com/MaredGwyn" }, "publisher": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "legalName": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": "403px", "height": "60px" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "articleSection": [ "S\u00e9rie: a minha Europa" ], "isAccessibleForFree": "False", "hasPart": { "@type": "WebPageElement", "isAccessibleForFree": "False", "cssSelector": ".poool-content" } }, { "@type": "WebSite", "name": "Euronews.com", "url": "/", "potentialAction": { "@type": "SearchAction", "target": "/search?query={search_term_string}", "query-input": "required name=search_term_string" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] } ] }
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Chefe da UNRWA receia que Gaza deixe de ser "uma terra para os palestinianos"

Chefe da UNRWA receia que Gaza deixe de ser "uma terra para os palestinianos"
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De Mared Gwyn Jones
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Com Netanyahu a declarar a intenção de controlar a totalidade do território palestiniano, Philippe Lazzarini diz à Euronews que os planos israelitas para Gaza são "distópicos".

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O comissário-geral da Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinianos (UNRWA), Philippe Lazzarini, afirmou que receia que Gaza deixe de ser uma "terra onde os palestinianos possam viver", devido à intensificação dos ataques aéreos e das operações terrestres israelitas.

Numa entrevista à Euronews, no início desta semana, Lazzarini falou sobre os planos israelitas para controlar a Faixa de Gaza na sua totalidade: "Já vimos muitos planos (israelitas), alguns mais distópicos do que outros."

Um desses planos, ao qual a Euronews teve o exclusivo na semana ada, sugeria que as IDF poderiam introduzir temporariamente a lei marcial e forçar os civis a ficar em zonas específicas, de segurança.

"Não há lugares seguros em Gaza", disse Lazzarrini à Euronews. "Aquilo que vejo neste momento é a continuação da destruição, das mortes e da matança dos palestinianos em Gaza. E o meu receio é que cheguemos a um ponto em que Gaza deixe de ser uma terra onde os palestinianos possam viver."

Na segunda-feira, o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu autorizou a entrada de quantidades "básicas" de alimentos em Gaza, após onze semanas de bloqueio a todas as entregas humanitárias.

Israel diz que a ajuda foi cortada porque estava a ser saqueada e "monetizada" por grupos militantes e pelo Hamas, que liderou os ataques de 7 de outubro contra Israel que desencadearam a guerra entre Israel e o Hamas em Gaza.

Mas a decisão de Israel de permitir a entrada de quantidades limitadas de alimentos foi descrita como uma "distração" por grupos de ajuda humanitária. A União Europeia e o Reino Unido anunciaram entretanto que iriam rever as suas relações comerciais com Israel.

"O facto de sermos confrontados com uma situação de fome em Gaza é um ultraje absoluto. É uma coisa completamente fabricada, causada pelo Homem", disse Lazzarini. "Basicamente, estamos numa situação em que a fome e a alimentação estão a ser transformadas em armas para fins políticos e militares." 

Israel afirma que deu início a uma nova operação de ajuda com o apoio dos EUA, que estará operacional no final de maio. A Fundação Humanitária de Gaza (GHF), uma instituição de caridade registada na Suíça e apoiada pelos EUA, tenciona criar centros de ajuda com o apoio de empresas privadas.

Lazzarini rejeitou o projeto, afirmando que não respeita "nenhum princípio humanitário básico, incluindo os da humanidade e imparcialidade".

A GHF afirmou que os civis em Gaza seriam obrigados a recolher pacotes de ajuda com um peso máximo de 20 kg em pontos de distribuição limitados. 

Lazzarini afirmou que a operação iria cortar a ajuda aos "mais vulneráveis" e "dar origem a uma deslocação forçada" enquanto decorre a operação militar.

Chefe da UNRWA obrigado a "ponderar" o encerramento da agência

A UNRWA tem sido, até à data, a principal fonte de ajuda humanitária aos palestinianos em Gaza. Mas as atividades da agência nos territórios palestinianos ocupados foram proibidas em janeiro ao abrigo de duas leis israelitas.

Israel tem acusado sistematicamente de haver uma "infiltração" na agência por parte do Hamas, que foi designado como organização terrorista pelos EUA, Canadá, Austrália, Reino Unido e União Europeia, entre outros. 

No ano ado, dezanove membros do pessoal da UNRWA foram suspensos devido a suspeitas de que poderiam ter estado envolvidos nos ataques de 7 de outubro contra Israel. O governo israelita afirma também ter provas de que as instalações da UNRWA em Gaza estavam a ser utilizadas por operacionais do Hamas como abrigo e para o armazenamento de armas.

Lazzarini afirmou que as investigações sobre os 19 membros do pessoal não foram "conclusivas", mas que, apesar disso, a agência prosseguiu para as suspensões.

"Sempre que surgem acusações de que um funcionário pode fazer parte do grupo armado do Hamas, somos rápidos a agir. Mas para isso tem de existir colaboração, precisamos de informação", disse Lazzarini.

"Nos últimos dois anos, pedi repetidamente ao governo de Israel que partilhasse informações com a ONU e com a UNRWA. Até hoje, nunca recebemos qualquer informação concreta."

As finanças da UNRWA também sofreram com o afastamento de doadores importantes como os EUA, que doavam cerca de 422 milhões de dólares (372 milhões de euros) por ano à agência.

"Espero não vir a ser empurrado para uma posição na qual tenha de ser forçado a anunciar a suspensão de todos os nossos serviços", disse Lazzarini. "Isto é algo que, infelizmente, tenho ponderado com frequência."

Segundo Lazzarini, os cortes na ajuda podem sair caros

Lazzarini apelou aos governos ocidentais para que "não comprometam a capacidade de resposta da agência às crises" com cortes radicais nos orçamentos de ajuda humanitária.

Vários governos ocidentais, incluindo o dos EUA, do Reino Unido, da Suíça, da Alemanha e da França, reduziram consideravelmente os orçamentos destinados ao tema nos últimos meses.

"Sei que muitos países estão a ar por uma fase de austeridade, mas a cooperação internacional e a assistência humanitária não são áreas nas quais os países devam cortar", explicou Lazzarini.

"Se não conseguirmos resolver estas crises, as pessoas vão querer ir embora destes locais e, muito provavelmente, virão para cá, e o custo será muito mais alto", explicou, sugerindo que os cortes poderiam desencadear uma migração forçada a partir de áreas em crise.

Veja a entrevista completa deste Europe Conversation no vídeo acima.

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