Em entrevista exclusiva à Euronews e à Euronews Roménia, o líder do partido AUR, que venceu a primeira volta das eleições presidenciais romenas repetidas no domingo, afirmou que a Rússia está a travar uma guerra com a Ucrânia, mas que esta deve respeitar os tratados internacionais.
George Simion é um autodenominado euro-realista com opiniões divergentes sobre a Ucrânia. No entanto, não caiu em nenhum tipo de sentimento anti-ucraniano, diz. Trata-se de patriotismo e de proteção dos interesses da minoria romena que aí vive, pura e simplesmente.
E para provar esse ponto, na sua mente não há dúvidas sobre quem é o culpado pela guerra na Ucrânia, ou quem pode ser o pacificador.
"A nossa posição em relação à guerra russa é muito clara. É uma guerra russa contra a Ucrânia, contra todos os tratados internacionais, e as nossas esperanças e orações vão para uma solução pacífica da istração Trump nesta região, porque a escalada do conflito não é a resposta", explicou Simion numa entrevista conjunta com a Euronews e a Euronews Roménia.
"Os nossos problemas com a Ucrânia não têm a ver com ódio, com oposição a algo. O que está em causa são os ucranianos que devem respeitar os tratados internacionais e os direitos das minorias nacionais", afirmou Simion.
"Temos meio milhão de falantes de romeno na Ucrânia, e não têm direito à escola e à igreja."
No entanto, Simion continua a ser impedido de entrar na Ucrânia e na vizinha Moldávia. No entanto, está confiante de que as proibições serão levantadas quando entrar em funções.
"Provavelmente, depois da minha vitória a 19 de maio, estas falsas interdições desaparecerão, porque é do interesse de Chisinau e de Kiev trabalhar connosco. Quero trabalhar com eles em vários domínios e quero manter boas relações de vizinhança", afirmou.
Quando questionado sobre se a Roménia vai continuar a apoiar a Ucrânia, defendendo-se da guerra total da Rússia, agora no seu quarto ano, ou se Bucareste vai suspender esse apoio, Simion foi claro.
"Não se trata de uma obrigação, tanto quanto sei, e não ajudarei a Ucrânia enquanto a Ucrânia não conseguir respeitar os direitos dos romenos que vivem no seu território soberano", afirmou.
Isso significa que a Roménia vai retirar o seu apoio? Simion disse que sim.
"Já o disse várias vezes. A solução a por um cessar-fogo e por negociações de paz, por um desanuviamento do conflito, e temos de seguir os interesses da nação romena, não de outras nações que não fazem parte da União Europeia e da NATO. E a NATO é uma aliança defensiva", sublinhou.
No entanto, na opinião de Simion, o futuro da Roménia está intimamente ligado ao da UE, embora não haja qualquer hipótese de o seu país abandonar a NATO sob a sua liderança, sublinhou.
"Para nós, ser membro da NATO é crucial. Sacrificámos muito para sermos itidos na NATO. Investimos muito e as nossas despesas com a defesa são bastante elevadas".
"Queremos ser, juntamente com a Polónia e os países bálticos, o flanco oriental da NATO e queremos investir mais nas nossas despesas de defesa. Queremos uma NATO liderada pelos Estados Unidos", acrescentou.
Simion surge como o principal candidato a Presidente da Roménia, com 40,5% dos votos na primeira volta das eleições, realizada no domingo ado.
Apenas dois dias após a sua vitória, numa entrevista antes do debate com a Euronews Roménia, Simion mostrou-se otimista quanto às suas hipóteses — e muito claro quanto às suas políticas.
Não é um eurocético nem um político pró-russo e está farto dos insultos incessantes, sobretudo vindos do estrangeiro, sublinhou.
"Sou um euro-realista", disse Simion à Euronews. "Queremos uma Europa das nações e eu sou a pessoa que mais lutou, antes de entrar na política, contra a propaganda russa".
O seu opositor na segunda volta, Nicușor Dan, que obteve 21% dos votos no domingo, é um firme aliado pró-Ucrânia.
Ambos os candidatos participaram num debate, organizado pela Euronews Roménia, na quinta-feira à noite, em que a Ucrânia foi um dos principais tópicos de discussão.