Merz eleito chanceler só a segunda volta. Terá força para os desafios europeu e interno? Debate sobre novos cenários políticos na Alemanha e Roménia. E ainda as lições europeias do apagão ibérico
O novo chanceler alemão começou o mandato com um susto, porque o seu nome chumbou na primeira volta da eleição do Bundestag, por apenas seis votos, na terça-feira de manhã. Mas, ao final da tarde, à segunda foi de vez. No dia seguinte, viajou para Paris e Varsóvia para relançar o chamado "triângulo de Weimar".
Simbolicamente, Merz reuniu primeiro com Macron, foi logo para a Polónia e, no final da semana, viajou até Bruxelas para reunir com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e com o presidente do Conselho Europeu, António Costa.
Friedrich Merz conseguirá ter força política para dar um empurrão à sua economia e à União Europeia?
Mónica Vicente Cristina, membro do Conselho da Diáspora Portuguesa e directora-geral da Weber Shandwick em Bruxelas, acredita que sim: "Merz tem grandes ambições para reanimar o motor franco-alemão, mas quanto tempo vai ele ter para conseguir dedicar plenamente às questões europeias, sabendo que tem grandes desafios também a nível interno para resolver?"
Paulo Dentinho, correspondente da RTP em Bruxelas, defende que a Europa deve ser a prioridade de Merz: "Depois deste percalço inicial, acredito que ele vai ter a força suficiente para levar a missão por diante... A Europa, o projeto europeu, precisa de uma Alemanha forte e precisa também de uma França forte".
Mas o principal desafio interno de Merz será politico e social, para Pedro Ribeiro, membro do Comité das Regiões e presidente da Câmara Municipal de Almeirim: "A forma que há, de acabar com os ganhos que a AfD tem tido, é tirar-lhes o discurso. E isso é resolver problemas às pessoas. Nós, às vezes, andamos à procura de grandes soluções e as soluções não são grandes soluções. As pessoas hoje estão chateadas".
Nesta edição do "Brussels, my love?", o debate estendeu-se também ao novo cenário político na Roménia e às lições europeias do apagão ibérico.