{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/my-europe/2025/04/23/deverao-os-migrantes-ilegais-ser-deportados-para-centros-fora-da-ue" }, "headline": "Dever\u00e3o os migrantes ilegais ser deportados para centros fora da UE?", "description": "A Europa lan\u00e7ou um proposta de regulamento controversa sobre o repatriamento na UE que apresenta os centros de repatriamento fora da UE como medidas inovadoras para reduzir a migra\u00e7\u00e3o irregular.", "articleBody": "A Europa pretende reduzir a migra\u00e7\u00e3o irregular e acelerar o processo de repatriamento das pessoas cujo pedido de asilo tenha sido rejeitado. Tendo isto em conta, a Comiss\u00e3o Europeia prop\u00f4s um Sistema Europeu Comum de Repatriamento. Atualmente, as taxas de repatriamento rondam os 20 por cento, um valor considerado insuficiente pela presidente da Comiss\u00e3o Europeia, Ursula von der Leyen.\u00a0A proposta inclui a possibilidade de criar centros de repatriamento em pa\u00edses terceiros, com base em acordos celebrados bilateralmente ou a n\u00edvel europeu. No entanto, a aplica\u00e7\u00e3o e a viabilidade jur\u00eddica de tais acordos continuam a ser complexas. O protocolo It\u00e1lia-Alb\u00e2nia \u00e9 um exemplo disso.\u00a0Em 2023, Roma e Tirana am um acordo para a cria\u00e7\u00e3o de dois centros inicialmente destinados a acolher os requerentes de asilo n\u00e3o vulner\u00e1veis provenientes dos chamados \u0022pa\u00edses seguros\u0022 e resgatados em \u00e1guas internacionais. Os tribunais italianos bloquearam o processo por tr\u00eas vezes devido a quest\u00f5es jur\u00eddicas e constitucionais. 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Moetaz, de 28 anos, atravessou o Mediterr\u00e2neo vindo da L\u00edbia, onde diz ter sido detido e torturado. Depois de ter sido resgatado em \u00e1guas internacionais, tornou-se um dos primeiros requerentes de asilo enviados pela It\u00e1lia diretamente para um centro de acolhimento na Alb\u00e2nia.\u0022Estava a uns meros 200 metros da praia de Lampedusa\u0022, disse Moetaz.\u00a0 \u0022Um tradutor disse-nos que \u00edamos ser transferidos para a Alb\u00e2nia. Disse: 'Agora, ir\u00e1 pedir asilo. Se for aceite, ir\u00e1 para It\u00e1lia. Se n\u00e3o for aceite, o seu caso ir\u00e1 ser analisado e resolvido com expuls\u00e3o ou pris\u00e3o.'\u0022Moetaz ficou na Alb\u00e2nia apenas uma semana. O Tribunal de Roma rejeitou a deten\u00e7\u00e3o, declarando que era imposs\u00edvel reconhecer o pa\u00eds de origem de Moetaz como \u0022seguro\u0022. 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S\u00f3 durante a audi\u00eancia \u00e9 que descobri que ele tinha sido torturado na L\u00edbia e que estava a fugir do Egito devido a persegui\u00e7\u00f5es.\u0022Tob\u00e9: \u0022O projeto de regulamento da UE sobre os repatriamentos difere do protocolo It\u00e1lia-Alb\u00e2nia\u0022Apoiante da proposta de regulamento da UE sobre os repatriamentos, Tomas Tob\u00e9, vice-presidente do Grupo do Partido Popular Europeu, distanciou-se do protocolo It\u00e1lia-Alb\u00e2nia. Tob\u00e9 explicou que a proposta europeia visa recorrer aos centros de repatriamento apenas para as pessoas cujos pedidos de asilo j\u00e1 tenham sido rejeitados. Tob\u00e9 defendeu a necessidade de coopera\u00e7\u00e3o com pa\u00edses terceiros fora da Europa:\u00a0\u0022N\u00e3o estou a dizer que \u00e9 f\u00e1cil. N\u00e3o somos n\u00f3s que escolhemos os vizinhos da Europa. Ou\u00e7o muitas cr\u00edticas vindas da esquerda, mas tamb\u00e9m da extrema-direita, que afirmam, basicamente, que n\u00e3o deve existir qualquer coopera\u00e7\u00e3o. Mas assim tamb\u00e9m n\u00e3o h\u00e1 solu\u00e7\u00e3o.\u0022\u00a0Tob\u00e9 sublinhou que as pessoas que t\u00eam direito a asilo na Europa devem ser protegidas e que as decis\u00f5es de recusa devem ser aplicadas de forma eficaz.Em 2018, a Comiss\u00e3o Europeia declarou que os centros de repatriamento situados no exterior eram ilegais. Os cr\u00edticos argumentam que, atualmente, conceitos outrora associados \u00e0 extrema-direita est\u00e3o a ser integrados com mais frequ\u00eancia na pol\u00edtica geral da UE.\u00a0", "dateCreated": "2025-04-16T17:22:50+02:00", "dateModified": "2025-04-23T18:27:45+02:00", "datePublished": "2025-04-23T15:00:07+02:00", "image": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F09%2F20%2F83%2F64%2F1440x810_cmsv2_3b316072-6882-5fae-a0e8-7ed9bc7eafe9-9208364.jpg", "width": "1440px", "height": "810px", "caption": "A Europa lan\u00e7ou um proposta de regulamento controversa sobre o repatriamento na UE que apresenta os centros de repatriamento fora da UE como medidas inovadoras para reduzir a migra\u00e7\u00e3o irregular.", "thumbnail": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F09%2F20%2F83%2F64%2F432x243_cmsv2_3b316072-6882-5fae-a0e8-7ed9bc7eafe9-9208364.jpg", "publisher": { "@type": "Organization", "name": "euronews", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png" } }, "author": { "@type": "Person", "name": "Monica Pinna", "sameAs": "https://twitter.com/_MonicaPinna" }, "publisher": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "legalName": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": "403px", "height": "60px" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "articleSection": [ "S\u00e9rie: a minha Europa" ], "isAccessibleForFree": "False", "hasPart": { "@type": "WebPageElement", "isAccessibleForFree": "False", "cssSelector": ".poool-content" } }, { "@type": "WebSite", "name": "Euronews.com", "url": "/", "potentialAction": { "@type": "SearchAction", "target": "/search?query={search_term_string}", "query-input": "required name=search_term_string" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] } ] }
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Deverão os migrantes ilegais ser deportados para centros fora da UE?

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A Europa lançou um proposta de regulamento controversa sobre o repatriamento na UE que apresenta os centros de repatriamento fora da UE como medidas inovadoras para reduzir a migração irregular.

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A Europa pretende reduzir a migração irregular e acelerar o processo de repatriamento das pessoas cujo pedido de asilo tenha sido rejeitado. Tendo isto em conta, a Comissão Europeia propôs um Sistema Europeu Comum de Repatriamento. Atualmente, as taxas de repatriamento rondam os 20 por cento, um valor considerado insuficiente pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. 

A proposta inclui a possibilidade de criar centros de repatriamento em países terceiros, com base em acordos celebrados bilateralmente ou a nível europeu. No entanto, a aplicação e a viabilidade jurídica de tais acordos continuam a ser complexas. O protocolo Itália-Albânia é um exemplo disso. 

Em 2023, Roma e Tirana am um acordo para a criação de dois centros inicialmente destinados a acolher os requerentes de asilo não vulneráveis provenientes dos chamados "países seguros" e resgatados em águas internacionais. Os tribunais italianos bloquearam o processo por três vezes devido a questões jurídicas e constitucionais. Roma decidiu então acrescentar novas funções a estes centros, que já começaram a ser utilizados como centros de repatriamento para as pessoas cujo pedido de asilo foi rejeitado. Mais de 100 organizações de direitos humanos de toda a Europa alertaram para o facto de a externalização das políticas de migração poder resultar num padrão preocupante de violações dos direitos humanos.

Itália e a externalização dos procedimentos de asilo: o caso de Moetaz

A cerca de trinta quilómetros a norte de Nápoles, encontra-se o pequeno município de Parete, situado numa região conhecida pela agricultura e pela migração, para o qual muitos migrantes se dirigem em busca de trabalho. Moetaz, egípcio e requerente de asilo, tencionava reunir-se com o pai em outubro de 2024. O pai, Atef (61), veio para Itália há 20 anos. Moetaz, de 28 anos, atravessou o Mediterrâneo vindo da Líbia, onde diz ter sido detido e torturado. Depois de ter sido resgatado em águas internacionais, tornou-se um dos primeiros requerentes de asilo enviados pela Itália diretamente para um centro de acolhimento na Albânia.

"Estava a uns meros 200 metros da praia de Lampedusa", disse Moetaz.  "Um tradutor disse-nos que íamos ser transferidos para a Albânia. Disse: 'Agora, irá pedir asilo. Se for aceite, irá para Itália. Se não for aceite, o seu caso irá ser analisado e resolvido com expulsão ou prisão.'"

Moetaz ficou na Albânia apenas uma semana. O Tribunal de Roma rejeitou a detenção, declarando que era impossível reconhecer o país de origem de Moetaz como "seguro". O caso de Moetaz expôs as falhas de todo um sistema que visa externalizar a gestão dos requerentes de asilo em Itália, uma questão que está agora a ser abordada pelo Tribunal de Justiça Europeu.

O advogado de Moetaz considera que os procedimentos acelerados para os migrantes considerados "não vulneráveis" e provenientes dos chamados "países seguros" violam a Constituição italiana.

"Do ponto de vista dos direitos humanos, deter uma pessoa num país terceiro, que hoje é a Albânia, mas amanhã pode ser a Tunísia, o Níger ou outro país, significa negar-lhe a possibilidade de exercer os seus direitos fundamentais", afirmou Gennaro Santoro, advogado de Moetaz. "Mesmo estando o meu cliente na Albânia, que fica a dois os de Itália, não consegui entrar em o com ele antes da audiência. Só durante a audiência é que descobri que ele tinha sido torturado na Líbia e que estava a fugir do Egito devido a perseguições."

Tobé: "O projeto de regulamento da UE sobre os repatriamentos difere do protocolo Itália-Albânia"

Apoiante da proposta de regulamento da UE sobre os repatriamentos, Tomas Tobé, vice-presidente do Grupo do Partido Popular Europeu, distanciou-se do protocolo Itália-Albânia. Tobé explicou que a proposta europeia visa recorrer aos centros de repatriamento apenas para as pessoas cujos pedidos de asilo já tenham sido rejeitados. Tobé defendeu a necessidade de cooperação com países terceiros fora da Europa: 

"Não estou a dizer que é fácil. Não somos nós que escolhemos os vizinhos da Europa. Ouço muitas críticas vindas da esquerda, mas também da extrema-direita, que afirmam, basicamente, que não deve existir qualquer cooperação. Mas assim também não há solução." 

Tobé sublinhou que as pessoas que têm direito a asilo na Europa devem ser protegidas e que as decisões de recusa devem ser aplicadas de forma eficaz.

Em 2018, a Comissão Europeia declarou que os centros de repatriamento situados no exterior eram ilegais. Os críticos argumentam que, atualmente, conceitos outrora associados à extrema-direita estão a ser integrados com mais frequência na política geral da UE. 

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