Kaja Kallas destacou a "perigosa escalada" em Gaza após o recomeço dos combates, sublinhando a necessidade urgente de retomar as negociações para pôr fim ao conflito.
A chefe da política externa da União Europeia, Kaja Kallas, apelou na segunda-feira à necessidade de retomar as negociações, em resposta à escalada da guerra entre Israel e o Hamas, na semana ada, na sequência de uma vaga surpresa de ataques aéreos das forças israelitas em Gaza.
Numa reunião em Jerusalém, com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Gideon Saar, Kallas afirmou que "a violência alimenta mais violência".
"O que estamos a testemunhar agora é uma escalada perigosa. Está a causar uma incerteza inável aos reféns e às suas famílias e está igualmente a causar horror e morte ao povo palestiniano", acrescentou a chefe da diplomacia europeia.
Por sua vez, o ministro dos Negócios Estrangeiros israelita afirmou que "a guerra pode terminar amanhã" se forem cumpridos os principais pré-requisitos, incluindo a libertação dos reféns detidos pelo Hamas, a desmilitarização de Gaza e "a retirada das forças armadas do Hamas e da Jihad Islâmica".
"Ficaríamos felizes, e ficaremos felizes, em atingir os nossos objetivos por meios diplomáticos. Mas se isso não for possível, não temos outra opção senão continuar os nossos esforços militares", explicou Saar.
O cessar-fogo iniciado em janeiro pôs termo a mais de um ano de combates desencadeados pelo ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, durante o qual os seus militantes mataram cerca de 1200 pessoas, na sua maioria civis, e fizeram 251 reféns. Desde então, a maioria dos reféns foi libertada através de acordos de cessar-fogo ou de outros entendimentos.
Na primeira fase do cessar-fogo, 25 reféns israelitas e os corpos de outros oito foram libertados em troca de cerca de 2 000 prisioneiros palestinianos.
Posteriormente, os militares israelitas permitiram que centenas de milhares de pessoas regressassem a casa, tendo-se registado um aumento da ajuda humanitária. Esta dinâmica terminou depois de Israel cortar todos os fornecimentos a Gaza no início deste mês, de forma a pressionar o Hamas a prosseguir as discussões sobre o acordo.
Esperava-se que as partes iniciassem negociações no início de fevereiro sobre a fase seguinte do cessar-fogo, que envolvia a libertação dos restantes 59 reféns - dos quais pelo menos metade se pensa estarem mortos - em troca de mais prisioneiros palestinianos, um cessar-fogo duradouro e uma retirada completa dos militares israelitas do enclave palestiniano. No entanto, estas conversações nunca tiveram início.
"A retoma das negociações é a única forma viável de pôr termo ao sofrimento de todas as partes", reiterou Kallas.
Além disso, Kallas sublinhou que a UE não vê qualquer papel para o Hamas na governação da Faixa de Gaza no futuro e manifestou a sua disponibilidade para participar em debates sobre o futuro do território de forma a ajudar a alcançar a paz, a longo prazo, no Médio Oriente.