Bruxelas está preocupada com o facto de, em 2022, terem sido registados quase um milhão de pedidos de asilo, 50% mais do que em 2021.
Apenas 21% dos requerentes de asilo retornam a casa quando obtêm uma decisão negativa sobre o seu pedido junto de um Estado-membro da União Europeia (UE).
A Comissão Europeia quer aumentar o retorno ao país de origem daqueles que são classificados como migrantes em situação irregular e apresentou "uma nova estratégia operacional", terça-feira, em Bruxelas.
"É necessário que, imediatamente após a decisão, os Estados-membros façam o pedido de reissão no país de origem! Então podemos agir de acordo com a decisão e, de facto, fazer voos de repatriação para o país de origem. É por isso que é tão importante trabalharmos juntos. Os Estados-membros não podem resolver tudo sozinhos, mas a Comissão Europeia também não", disse Ylva Johansson, Comissária Europeia para os Assuntos Internos, em conferência de imprensa.
Bruxelas está preocupada com o facto de, em 2022, terem sido registados quase um milhão de pedidos de asilo, 50% mais do que em 2021.
Os países que receberam mais pedidos foram a França, a Alemanha, a Espanha e a Áustria.
Diálogo com países de origem
O problema é que nem todosos requerentes de asilo preenchem os requisitos para obter proteção internacional, o que sobrecarrega o sistema de asilo.
Considerando que são migrantes económicos, o Conselho Europeu sobre Refugiados e Exílio (CERE é uma rede de ONG ligada à migração) diz que existem outras soluções.
"Uma delas seria aumentar-se os canais de migração legal, o que na realidade têm vindo a diminuir na Europa ao longo dos últimos 20 anos. Estas pessoas quere vir para a Europa para trabalhar e, ao mesmo tempo, a Europa precisa de trabalhadores", explicou Catherine Woollard, directora do CERE, em entrevista à euronews.
A Comissão Europeia está disposta a intensificar o diálogo sobre retorno com os países de origem que respeitam os direitos humanos.
Mas esta rede diz que seria melhor focalizar os recursos na cooperação para o desenvolvimento desses países.
"O verdadeiro obstáculo está nos países de origem, onde há impopularidade e ressentimento face aos esforços e pressões da Europa para o retorno destas pessoas. Esse retorno não é uma prioridade para muitos desses países, em particular no contexto em que beneficiam das remessas, dos fluxos financeiros, e dos conhecimentos e perícia que advêm dos seus nacionais que vivem no estrangeiro", afirmou Catherine Woollard.
A proposta adotada pelo executivo europeu será debatida com os Estados-membros na reunião informal do Conselho de Justiça e Assuntos Internos, em Estocolomo (Suécia), no final da semana.