Os animais foram salvos pelo Wild Animals Rescue Centre, dirigido por Natalia Popova, uma mulher ucraniana que já resgatou centenas de animais de estimação e de jardim zoológico abandonados.
Uma leoa subnutrida tinha ado a vida, até agora, confinada a um apartamento. Outra estava tão abalada que mal conseguia andar.
Estes são alguns dos cinco leões traumatizados, resgatados da zona de guerra na Ucrânia, que estão a instalar-se numa nova casa em Inglaterra, após um esforço internacional para os colocar em segurança.
O leão africano Rori, macho, e as leoas Amani, Lira e Vanda chegaram este mês ao The Big Cat Sanctuary, após uma viagem de 12 horas via estrada e ferry, vindos de casas temporárias em jardins zoológicos e abrigos para animais na Bélgica.
Juntam-se à leoa Yuna, que chegou em agosto, no novo Centro de Resgate de Leões do refúgio, que abriu oficialmente na terça-feira, 25 de março.
Porque é que os leões estavam na Ucrânia?
Os cinco leões foram encontrados perto da linha da frente da guerra ucraniana contra a invasão russa, negligenciados e abandonados pelos donos.
"Todos estes cinco leões provinham do comércio ilegal de animais de estimação e de animais selvagens", mencionou Cameron Whitnall, diretor-geral do The Big Cat Sanctuary, perto de Ashford, a cerca de 80 quilómetros a sudeste de Londres. "Nenhum deles veio de jardins zoológicos."
Yuna foi mantida numa pequena cela de tijolo e ficou em estado de choque depois de terem caído destroços de mísseis perto da sua jaula. Rori foi maltratada num viveiro, sendo que os funcionários do refúgio acreditam que as irmãs Amani e Lira foram criadas para serem fotografadas com turistas quando eram crias.
Vanda, que esteve mantida num apartamento, estava subnutrida e infestada de parasitas.
Whitnall refere que na sua nova casa, Vanda, tal como os outros, podem “tornar-se nos leões que merecem ser”.
Os leões foram salvos pelo Wild Animals Rescue Centre, dirigido por Natalia Popova, uma ucraniana que salvou centenas de animais de estimação e de jardim zoológico que foram abandonados desde a invasão total da Rússia em fevereiro de 2022.
Leões, tigres, leopardos, lobos, veados, macacos e muitos outros animais aram pelo abrigo que criou, um estábulo de cavalos adaptado, perto de Kiev.
Centenas de animais foram enviados para o estrangeiro para tratamento e recuperação. Whitnall estava determinado a trazer os cinco leões para a Grã-Bretanha, apesar de o refúgio não ter onde os colocar.
Uma campanha de angariação de fundos lançada em maio de 2024 angariou mais de 500 mil libras (598.360 euros) para cobrir os custos de transporte, cuidados veterinários e a construção de um novo lar para os felinos.
Como é que os leões se estão a adaptar à vida no refúgio?
Os funcionários dizem que os leões estão a adaptar-se bem aos seus recintos, que foram concebidos em função das necessidades individuais de cada leão.
Yuna e Rori, com problemas de coordenação, têm direito a ambientes com paisagens suaves onde não correm o risco de cair de elevada altura, enquanto as irmãs Amani e Lira têm árvores para trepar. Vanda, a mais brincalhona e confiante dos leões, tem um recinto que inclui uma fonte de água.
"Tenho a certeza que é uma aventura. Temos mais a fazer, mas eles estão a aceitar tudo tão incrivelmente bem", referiu a tratadora Briony Smith, que cuida dos animais. "Já se nota uma melhoria nos seus cuidados, no seu bem-estar e na forma como se sentem relativamente a isso."
Smith e Whitnall ainda estão a conhecer os seus quatro protegidos mais recentes. Já criaram uma forte ligação com Yuna, que nunca tinha caminhado na relva até ser resgatada.
"Ela mal conseguia andar", destacou Whitnall. "Sofria de choque e com uma concussão. Estava tão mal que iam mesmo eutanasiá-la. Mas nós conseguimos intervir e tirá-la da zona de guerra, e tem andado aos saltos desde que está aqui, no refúgio."
"Estamos muito contentes com os progressos que tem feito", disse Whitnall, que gosta de dar a Yuna o seu petisco preferido, pernas de frango cruas. "Ela, agora, é uma linda leoa."