Granada foi palco de uma edição histórica dos Prémios Goya, marcada pelo primeiro empate na categoria de Melhor Filme entre "El 47" e "La infiltrada".
A cidade de Granada acolheu uma edição dos Prémios Goya que ficará para a história, marcada por um insólito empate na categoria de Melhor Filme, em que "El 47" , de Marcel Barrena, e "La infiltrada" , de Arantxa Echevarría, partilharam o prémio principal. Este acontecimento, uma raridade nos 39 anos de história destes prémios, sublinha a qualidade do cinema espanhol atual.
Na gala, assistiu-se a um momento histórico, quando "El 47" e "La infiltrada" partilharam o título de Melhor Filme. Este empate, sem precedentes desde 1990, quando duas curtas-metragens empataram, causou surpresa e debate entre o público e os espectadores.
Carolina Yuste foi coroada como Melhor Atriz num Papel Principal, pelo seu desempenho em "La infiltrada". "Não podemos usar as feridas e a dor de tantas pessoas para fins políticos. As histórias servem para curar e reparar", afirmou no seu discurso.
O seu homólogo masculino, Eduard Fernández, reconhecido pelo seu desempenho em "Marco", afirmou: " O Marco era um ser humano enorme, que fez muitas coisas erradas e algumas coisas certas. Hoje, mais do que nunca, temos de estar conscientes dos perigos do fascismo".
Richard Gere, Prémio Internacional Goya
Foi uma gala com um toque internacional. O ator americano Richard Gere recebeu o Goya Internacional, destacando no seu discurso a necessidade de "compreender e amar mais" e criticando o isolamento dos Estados Unidos sob o governo de Donald Trump.
Aitana Sánchez-Gijón foi distinguida como Goya de Honra. Ao receber o galardão, sublinhou a importância da cultura e da arte como ferramentas contra a ignorância e a violência. Também dirigiu palavras de afeto a Richard Gere.
A ausência de Karla Sofía Gascón
A gala foi palco de várias reivindicações, desde a crise da habitação às alterações climáticas, com mensagens claras sobre a necessidade de uma sociedade mais justa e inclusiva.
A ausência da atriz trans espanhola Karla Sofía Gascón, nomeada para os Óscares, foi notada devido à controvérsia em torno de antigos tweets racistas e homofóbicos. A comunidade cinematográfica respondeu com uma mensagem de reflexão e apoio à atriz, sublinhando a importância de distinguir entre arte e ações pessoais.
"Ainda Estou Aqui" coroado melhor filme ibero-americano
A produção "Ainda Estou Aqui", de Walter Salles, venceu na categoria de melhor filme ibero-americano. É um feito inédito, por ser a primeira vez que um filme brasileiro disputa a premiação e vence um dos galardões dos Prémios Goya.
Em janeiro, a atriz Fernanda Torres, protagonista desta produção, já tinha arrecadado o prémio de melhor atriz, na categoria Drama, nos Globos de Ouro em Los Angeles.
O filme Ainda Estou Aqui está nomeado para três categorias nos Óscares de 2025: Melhor Filme; Melhor Filme Estrangeiro, e Melhor Atriz.