Nova análise do ADN da múmia humana mais antiga descoberta na Europa revela pormenores sobre o seu aspeto
Ötzi, também conhecido como o Homem do Gelo, é a múmia humana mais antiga da Europa. Foi descoberto em 1991, nos Alpes italianos por caminhantes.
Os cientistas voltaram agora a investigar o seu ADN para traçar uma imagem mais exata do antigo caçador. Um genoma antigo recentemente refinado, extraído do osso da anca de Ötzi, apresenta uma perspetiva distinta sobre a sua aparência real.
Contrariamente às representações convencionais de Ötzi com cabelo comprido e desgrenhado e pele pálida, a nova análise sugere que, provavelmente, ele tinha muito pouco cabelo na cabeça, olhos escuros e uma pele muito mais escura do que se pensava anteriormente.
O estudo também revela que o Homem do Gelo era sobretudo descendente de agricultores da atual Turquia.
Quem foi Ötzi, o Homem do Gelo?
Em setembro de 1991, um grupo de alemães caminhava no alto dos Alpes de Ötztal, um vale italiano perto da fronteira com a Áustria, quando se depararam com um cadáver congelado preso no gelo.
Os restos mortais pertenciam a um homem que tinha morrido há cerca de 5.400 anos, vítima de um ataque com uma flecha nas costas.
Ao lado do corpo foram descobertos restos de roupas e equipamentos, incluindo um machado de cobre, um arco longo e um chapéu de pele de urso.
Apelidado de Ötzi, em homenagem ao vale onde foi encontrado, a descoberta do Homem do Gelo trouxe informações sem precedentes sobre as antigas civilizações europeias e permitiu aos cientistas um o sem paralelo ao ado.
O enigma em torno da sua morte violenta, da sua identidade e das circunstâncias da sua presença num estreito entre montanhas suscitou intrigas que ultraam largamente o domínio da arqueologia.
Desde 1998, o Museu de Arqueologia do Tirol do Sul, na cidade italiana de Bolzano, tem guardado o corpo numa câmara frigorífica especial.
O que significam as novas descobertas?
Em 2012, foi publicada uma versão preliminar do genoma de Ötzi. Desde então, a investigação sobre o ADN antigo avançou.
Assim, os cientistas decidiram voltar a analisar os genes do Homem do Gelo, explicou Johannes Krause, autor do estudo e geneticista do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva, na Alemanha.
O genoma atualizado "fornece informações mais profundas sobre a história desta múmia", conta Andreas Keller, da Universidade alemã de Saarland, que trabalhou na sua versão anterior, mas não esteve envolvido no estudo mais recente.
Com base na nova análise, o aspeto de Ötzi quando morreu, por volta dos 45 anos, era muito semelhante ao da múmia atual. "É escuro e não tem muito cabelo", diz Albert Zink, autor da análise e diretor do Instituto de Estudos de Múmias da Eurac Research, em Itália.
Anteriormente, os cientistas pensavam que o Homem do Gelo era de pele mais clara e mais peludo em vida e que o cadáver mumificado tinha mudado ao longo do tempo. A sua ascendência sugere que viveu entre uma população isolada nos Alpes, realça Zink.
Atualmente, a maioria dos europeus tem uma mistura de genes de três grupos: agricultores da Anatólia, caçadores-recoletores do oeste e pastores do leste. No entanto, 92% da ascendência de Ötzi provinha apenas dos agricultores da Anatólia, sem grande mistura com os outros grupos.