Uma nova vaga de ataques aéreos matou 108 pessoas na sexta-feira e pelo menos 58 na noite de sexta para sábado.
As forças armadas israelitas anunciaram uma nova fase da ofensiva em Gaza, numa altura em que continuam a bombardear o território. O último bombardeamento, na noite de sexta para sábado, provocou a morte de pelo menos 58 palestinianos, segundo as autoridades sanitárias locais.
As Forças de Defesa de Israel (IDF) anunciaram que estavam a "conduzir ataques extensivos e a mobilizar tropas para alcançar o controlo operacional de áreas de Gaza", numa operação apelidada de "Carruagens de Gideão".
O anúncio surge na sequência de uma intensificação dos ataques na última semana, provocando várias centenas de mortos. Só na sexta-feira morreram 108 pessoas.
Proposta israelita detalha plano para governar Gaza
Entretanto, a Euronews teve o em exclusivo a documentos para o futuro do território. Estes documentos, de 2023, revelam que uma das propostas do Governo israelita inclui a criação de uma nova entidade em Gaza "no dia seguinte" a uma derrota do Hamas.
A proposta, sob a forma de um documento académico de 32 páginas, é da autoria de um grupo de mais de 35 mil reservistas das forças de segurança israelitas, denominado Fórum de Defesa e Segurança de Israel.
O plano não especifica se Israel tenciona anexar a Faixa de Gaza, mas exclui explicitamente a soberania da Palestina e a presença da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Médio Oriente (UNRWA). As FDI também teriam uma maior influência na istração geral da Faixa de Gaza.
Líderes árabes reúnem-se em Bagdade
Na sequência do anúncio das FDI, o secretário-geral da ONU, António Guterres, apelou no sábado a um cessar-fogo permanente e imediato em Gaza.
"Precisamos de um cessar-fogo permanente e imediato", disse Guterres durante a cimeira anual da Liga Árabe, em Bagdade, acrescentando estar "alarmado com os planos de Israel para expandir as operações terrestres".
A guerra em Gaza está no topo da agenda desta cimeira na capital iraquiana. Numa cimeira de emergência, em março, os dirigentes da Liga Árabe já tinham aprovado um plano de reconstrução da Faixa de Gaza que não desalojaria os cerca de dois milhões de habitantes do enclave.
Esta cimeira realiza-se um dia depois de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter terminado uma viagem pela região, em que não conseguiu obter um cessar-fogo em Gaza. Mesmo assim, a digressão fez manchetes depois de Trump se ter encontrado com o novo presidente sírio, Ahmed al-Sharaa.
No final da viagem, Trump reconheceu que "muitas pessoas estão a ar fome" em Gaza, acrescentando que os Estados Unidos vão "tratar disso".
Entretanto, especialistas internacionais em segurança alimentar informaram que 20% da população de Gaza está a ar fome ou corre um risco crítico de fome se Israel não levantar o bloqueio à ajuda humanitária.
Uma situação que levou a que, na terça-feira, o chefe da missão humanitária da Nações Unidas, Tom Fletcher, perguntasse aos membros do Conselho de Segurança: "É agora que vão agir, de forma decisiva, para evitar o genocídio e garantir o respeito pelo direito internacional humanitário?".
Na sexta-feira, o embaixador de Israel na ONU, Danny Danon, respondeu através de uma carta em que acusava Fletcher de fazer um "sermão político" e de invocar "a acusação de genocídio sem provas, sem mandato e sem restrições".