O presidente da Argentina tweetou sobre um token digital chamado $LIBRA pouco antes do seu colapso.
Advogados argentinos instauraram um processo por fraude contra o presidente do país, Javier Milei, por ter promovido uma criptomoeda cujo valor rapidamente caiu.
O líder libertário escreveu sobre uma moeda digital chamada $LIBRA num tweet na sexta-feira.
A criptomoeda destinava-se a "encorajar o crescimento económico através do financiamento de pequenas empresas e startups", disse Milei, antes de apagar a sua publicação nas redes sociais algumas horas mais tarde.
A sua mensagem incluía uma ligação para uma página web em que as moedas digitais podiam ser obtidas. O nome de domínio, vivalalibertadproject.com, é uma referência a uma conhecida frase que Milei utiliza no final dos seus discursos, que se traduz por "viva a liberdade".
Pouco depois do post de Milei na rede social X, o valor da $LIBRA, que foi desenvolvida pelo Protocolo KIP, entrou em colapso, causando perdas de milhões de dólares aos investidores, de acordo com o site financeiro Dexscreener.
Jonatan Baldiviezo, um dos advogados que apresentaram queixa contra Milei no domingo, alegou que foi cometido "um número indeterminado de fraudes".
Baldiviezo e os seus colegas acreditam que poderia ter havido uma "puxada de tapete", um termo usado para descrever um golpe quando alguém cria um token de criptografia, atrai investidores e depois desaparece rapidamente com os lucros.
"No âmbito desta associação ilícita, foi cometido o crime de fraude, no qual as ações do presidente foram essenciais", afirmou Baldiviezo, que também acusou Milei de violar a lei da ética pública.
Milei também foi duramente condenado pelos seus opositores políticos, tendo a ex-presidente Cristina Kirchner sugerido no fim de semana que ele serviu de "gancho" para uma "fraude digital".
Por sua vez, Esteban Paulón, político do Partido Socialista, prometeu iniciar um processo de destituição contra Milei por causa do incidente.
"Para que fique claro. Na segunda-feira, vamos apresentar o pedido de destituição do presidente. O que aconteceu é muito grave", escreveu nas redes sociais.
Milei afirmou que os seus rivais políticos estão a tentar tirar partido do episódio.
"Não conhecia os detalhes do projeto e, depois de me informar, decidi não continuar a promovê-lo (razão pela qual apaguei o tweet)", afirmou.
Num comunicado de sábado, o gabinete do presidente afirmou que o Gabinete AntiCorrupção do país estaria a investigar o assunto.
"Todas as informações recolhidas na investigação serão entregues à justiça para determinar se alguma das empresas ou indivíduos ligados ao projeto do Protocolo KIP cometeu um crime", podia ler-se na nota.
A equipa de Milei afirmou ainda que membros da sua istração se reuniram recentemente com representantes do Protocolo KIP no gabinete presidencial.