A Bósnia-Herzegovina realizou eleições locais no domingo, tanto para as cidades como para os conselhos municipais, poucos dias depois de as inundações terem matado pelo menos 16 pessoas.
Enquanto a eleição autárquica decorre na Bósnia e Herzegovina, as equipas de salvamento dos países vizinhos, incluindo de estados da União Europeia, juntaram esforços no domingo para limpar os escombros e procurar os desaparecidos que as inundações e os deslizamentos de terras causaram.
Ursula von der Leyen deixou, no domingo de manhã, uma mensagem de solidariedade para o país na sua conta da rede X:
"Os nossos corações e pensamentos estão com a população da Bósnia e Herzegovina, atingida por inundações devastadoras. Activámos o Mecanismo de Proteção Civil da UE e estamos a enviar equipas de salvamento para o terreno. É a solidariedade da UE em ação".
A Comissão Eleitoral Central (CEC) adiou as eleições em quatro municípios fortemente afetados pelas inundações.
110 partidos políticos, com 386 candidatos a concorrerem aos cargos de presidente da câmara, disputam a eleição. Mais de 25 mil candidatos também concorrem a assentos nas assembleias municipais.
A União Europeia e outros organismos internacionais financiaram reformas eleitorais após denúncias de fraude e outras irregularidades em eleições anteriores.
A CEC foi dotada de “nova tecnologia de integridade eleitoral”: segundo Christian Schmidt, Alto Representante da União Europeia, com amplo poder na Bósnia e Herzegovina - e que também reformou as leis eleitorais em março.
Os observadores internacionais acompanham a votação deste domingo, incluindo uma delegação do Congresso das Autoridades Locais e Regionais do Conselho da Europa.
Como é que a Bósnia acabou por ter um poderoso Alto Representante da UE?
A Bósnia viveu uma guerra sangrenta entre 1992 e 1995, considerada o conflito mais sangrento na Europa desde a Segunda Guerra Mundial até à invasão da Ucrânia pela Rússia, em fevereiro de 2022.
A guerra causou 100 mil mortos e dois milhões de pessoas tornaram-se refugiados ou deslocados internos, culminando no genocídio dos bósnios em Srebrenica, em julho de 1995.
Elaborados para pôr fim à guerra em 1995, os Acordos de Paz de Dayton, patrocinados pelos EUA, criaram um sistema jurisdicional complexo, permitindo que os três principais grupos étnicos do país - sérvios ortodoxos orientais, croatas católicos e bósnios muçulmanos - dominassem a política interna e exercessem controlo sobre os principais processos de tomada de decisões.
O acordo de paz estabeleceu duas unidades istrativas principais na Bósnia: a Republika Srpska (RS), entidade dominada pelos sérvios, e a Federação da Bósnia e Herzegovina (FBiH), de maioria bósnio-croata.
Foi também criado o Gabinete do Alto Representante, um organismo financiado pela comunidade internacional com o mandato de fazer cumprir os aspectos civis dos acordos de paz.