Sobe para 21 o número de mortos após inundações na Bósnia-Herzegovina que obrigaram o governo a declarar o estado de emergência. Foram atribuídos 10 milhões de euros para ajuda imediata e o exército está a ajudar as equipas de resgate.
Uma catástrofe natural atingiu a Bósnia e Herzegovina, deixando um rasto de destruição e de perda de vidas. As fortes chuvas provocaram inundações e deslizamentos de terras que causaram pelo menos 21 mortos, até ao momento (os primeiros dados davam conta de 16 vítimas), levando o governo bósnio a declarar o estado de emergência. A intempérie afetou principalmente as regiões do centro e do sul do país, mergulhando a nação numa situação de emergência sem precedentes.
A tragédia desenrolou-se rapidamente quando uma forte tempestade atingiu a região durante a noite. Os residentes acordaram com a água a inundar as suas casas, ficaram presos e em grave perigo. Confrontado com a situação, o Governo da Bósnia atuou de forma rápida e decisiva.
O vice-primeiro-ministro Vojin Mijatović anunciou de imediato a formação de uma equipa de crise dedicada à coordenação dos esforços de socorro e salvamento. Numa ação decisiva, foram atribuídos 10 milhões de euros para ajuda imediata à catástrofe. Este montante será utilizado para prestar assistência urgente às zonas mais afetadas e às famílias que perderam tudo.
Além disso, o governo mobilizou o exército para ajudar as equipas de salvamento. Mijatović sublinhou que todas as empresas públicas e federais estão a ser mobilizadas para ajudar nas áreas afetadas, demonstrando um esforço coordenado a nível nacional para lidar com a crise.
Testemunhos comoventes após as inundações e os desabamentos de terras
A face humana desta tragédia está refletida no testemunhos das pessoas. Josip Kalem, residente em Fojnica, uma das cidades mais afetadas pelas cheias, partilhou a sua experiência aterradora:
"Os latidos desesperados do meu cão acordaram-me por volta das 4 da manhã. Quando desci as escadas, era demasiado tarde para fugir; não conseguíamos sair de casa. Perante os nossos olhos, a água inundou rapidamente a garagem, a cave e levou o meu carro. Numa questão de minutos, todos os nossos pertences e até o nosso querido cão foram arrastados rio abaixo.
Este relato comovente ilustra a rapidez e a brutalidade com que as cheias se fizeram sentir, deixando os residentes sem tempo para reagir ou salvaguardar as suas vidas e bens.
Busca e salvamento contínuos
As autoridades locais e os serviços de salvamento estão a trabalhar incansavelmente em condições extremamente difíceis. A situação é complicada pelo facto de ainda estarem desaparecidas várias pessoas, o que levou a um apelo urgente a voluntários para ajudarem nos esforços de salvamento.
As infraestruturas da região foram gravemente afetadas, com numerosas estradas encerradas e vastas zonas sem eletricidade. Esta situação dificultou os esforços de salvamento e a distribuição da ajuda às zonas mais necessitadas.
O Ministro da Defesa, Zukan Helez, declarou que a prioridade máxima é salvar as pessoas ainda vivas e presas nas casas afetadas pelos deslizamentos de terras. Numa entrevista à N1, uma estação de televisão regional, Helez expressou a sua preocupação: "Hora após hora, recebemos notícias de novas vítimas. A nossa primeira prioridade é salvar as pessoas que estão vivas e soterradas nas casas onde ocorreram deslizamentos de terras".
Impacto nas eleições autárquicas
As inundações devastadoras pam em causa a realização das eleições autárquicas de domingo em todo o país. Esta situação sem precedentes obrigou as autoridades eleitorais a reconsiderar a viabilidade da realização das eleições no meio de uma crise humanitária.
Irena Hadžiabdić, presidente da Comissão Eleitoral Central, anunciou que está a ser seriamente ponderado o adiamento das eleições. A comissão está a discutir com as comissões eleitorais locais nas áreas mais afetadas para avaliar a situação e tomar uma decisão informada. Hadžiabdić indicou que se espera uma decisão final até sábado, colocando em suspenso um processo democrático crucial para o país.
Países vizinhos também afetados
A tempestade que devastou a Bósnia não respeita fronteiras. Países vizinhos como a Croácia, a Eslovénia e o Montenegro também estão a lidar com os efeitos das chuvas e ventos fortes.
Na Croácia, a capital Zagreb está a preparar-se para possíveis inundações do rio Sava, tendo várias estradas principais sido encerradas por precaução. As autoridades estão em alerta máximo, monitorizando de perto os níveis do rio e preparando-se para possíveis evacuações.
A Eslovénia regista já inundações em várias casas, especialmente na aldeia central de Kot. A agência meteorológica nacional ARSAO emitiu avisos sobre o perigo iminente de deslizamentos de terras, instando a população a manter-se vigilante e a seguir as instruções das autoridades.
No Montenegro, a situação é igualmente preocupante, com aldeias isoladas pelas inundações e numerosas estradas e casas submersas. As autoridades montenegrinas estão a trabalhar arduamente para restabelecer as comunicações e prestar ajuda às comunidades afetadas.