Os jogadores da seleção sa têm apelado ao voto nas eleições legislativas. A equipa de Inglaterra, optou por não o fazer.
França e Inglaterra preparam-se para o confronto dos quartos de final do Euro 2024, com França a defrontar Portugal na sexta-feira e os Três Leões a jogarem contra a Suíça no domingo.
Ambas as equipas jogam em plena época de eleições legislativas cruciais. No Reino Unido, os britânicos foram às urnas na quinta-feira, enquanto os ses se preparam para a segunda volta das eleições, que decorrem no próximo domingo, dia 7 de julho.
Mas as duas equipas têm tido abordagens radicalmente diferentes em relação às suas respetivas situações políticas, com os ses a serem muito mais vocais do que os jogadores ingleses.
Mbappé pede aos eleitores ses que vão votar
O capitão francês Kylian Mbappé disse, na quinta-feira, que o seu país enfrenta uma situação política "catastrófica", à medida que se aproxima o primeiro governo de extrema-direita desde a Segunda Guerra Mundial.
O Rassemblement National (RN) obteve fortes ganhos na primeira volta das eleições antecipadas, tendo adquirido cerca de 33% dos votos em todo o país. O partido de Marine Le Pen destacou-se de todos os outros que foram a votações.
"Penso que agora, mais do que nunca, é preciso ir [votar]", disse Mbappé, antes do jogo desta noite frente a Portugal, em Hamburgo.
"É um momento urgente. Não podemos deixar que o nosso país caia nas mãos destas pessoas. É urgente. Vimos os resultados, é catastrófico", acrescentou o jogador francês.
Mbappé fez um apelo semelhante, também neste Euro 2024, quando disse que "os extremos estão a bater à porta do poder".
O defesa Jules Koundé foi outro jogador a pronunciar-se sobre a situação política em França, tendo confessado, na segunda-feira, que estava "desiludido por ver o rumo que o nosso país está a tomar".
O presidente francês Emmanuel Macron convocou eleições antecipadas após a derrota do seu partido nas eleições para o Parlamento Europeu no mês ado.
Os jogadores ses têm sido regularmente questionados sobre a situação política no seu país durante as conferências de imprensa do Euro 2024.
O extremo francês Ousmane Dembele afirmou que "o alarme soou". Já o avançado Marcus Thuram foi mais longe, dizendo que os ses "precisam de lutar diariamente para que... o Rassemblement National não tenha sucesso". O avançado Olivier Giroud também apelou ao voto.
"Zona livre de política" foi o veredito do defesa John Stones sobre o campo da Inglaterra na quinta-feira, quando os britânicos se dirigiram às urnas para as eleições.
Stones não se importou de falar sobre o jogo dos quartos de final da Inglaterra com a Suíça, mas itiu que não fazia ideia das intenções de voto dos seus colegas de equipa.
"Não posso dizer nada sobre os outros rapazes. Tenho a certeza de que será um assunto que será abordado esta noite, mais tarde, mas não posso dizer-vos em quem votam. Eles não falam sobre isso", disse Stones, na quinta-feira.
A Inglaterra vai defrontar a Suíça às 18h00 de sábado, em Düsseldorf.
Erdoğan é esperado no jogo da Turquia
Apesar de não estarem a decorrer eleições na Turquia, a equipa está envolvida numa situação diplomática controversa com o país anfitrião, a Alemanha.
A Turquia defronta os Países Baixos, às 21h00, no outro jogo dos quartos de final, que vai ser disputado no sábado.
O presidente Recep Tayyip Erdoğan cancelou uma viagem ao Azerbaijão para estar em Berlim e apoiar os jogadores, depois de uma polémica provocada por um gesto político controverso feito por um jogadorno jogo de terça-feira com a Áustria.
Depois de marcar o seu segundo golo, o turco Merih Demiral fez um sinal com cada mão, que é reconhecido como um símbolo do nacionalismo turco, uma vez que está associado à organização ultranacionalista Ulku Ocaklari, conhecida como os Lobos Cinzentos.
A UEFA abriu uma investigação sobre o "alegado comportamento inapropriado" do jogador.
A medida disciplinar surgiu após o pedido de sanção da ministra do Interior alemã, Nancy Faeser, que afirmou na rede social X que "os símbolos dos extremistas de direita turcos não têm lugar" nos estádios do seu país.
Mais tarde, na quarta-feira, numa série de represálias, a Turquia convocou o embaixador alemão, antes da Alemanha retribuir na quinta-feira.
Demiral descreveu o seu gesto como algo relacionado com a sua "identidade turca, porque tenho muito orgulho em ser turco".
O grupo Lobos Cinzentos foi fundado como a ala juvenil do partido do Movimento Nacionalista de extrema-direita da Turquia, que está atualmente em aliança com o partido no poder de Erdoğan.
O grupo foi proibido em França, enquanto a Áustria proibiu o uso da saudação do Lobo Cinzento e a Alemanha mantém as suas atividades sob escrutínio.
Gestos e exibições nacionalistas, tanto de jogadores como de adeptos, foram várias vezes notícia no Euro 2024, com a UEFA a impor multas de dezenas de milhares de euros em vários países, incluindo na Croácia, na Albânia e na Sérvia.