Uma lei de 2018 criminaliza os sem-abrigo na Hungria, o que empurrou muitos para os bosques em redor de Budapeste.
O frio marca o dia-a-dia de muitos húngaros, em especial os sem-abrigo do país, que são cerca de 30 mil, segundo dados de há pouco mais de um ano. Desde setembro, o frio matou mais de cem pessoas.
Mihaly, a viver nas ruas de Budapeste, partilha a pouca comida que tem com os pardais, que, diz ele, também sofrem com o frio. Já ou noites em abrigos, mas prefere a rua: "Evito os albergues. Lá, as pessoas roubam, discutem em voz alta e há escaramuças. Não vou lá", diz.
Em 2018, a lei húngara criminalizou os sem-abrigo. A partir daí, muitos aram a dormir em tendas nestes bosques em redor de Budapeste. Com as rendas na capital a preços proibitivos, ficam à mercê do frio e da neve, no Inverno, das formigas e carraças no verão.
Mas um teto não é sinónimo de calor. Dois terços das mortes por hipotermia acontecem dentro de apartamentos: "Muitas das vítimas são pessoas idosas ou doentes que vivem sozinhas. ar algumas horas expostas a temperaturas de cinco a dez graus Celsius é o suficiente para arrefecer o corpo de forma fatal. Estas pessoas não podem cortar lenha e fazer uma fogueira nem conseguem pagar o gás para se aquecerem devidamente nos dias frios do inverno", diz Endre Simó, fundador da ONG "Fórum Social Húngaro".
Estima-se que, desde a transição democrática na Hungria em 1990, cerca de 8500 pessoas tenham morrido por causa do frio.