Em entrevista à Euronews, Maroš Šefčovič afirma que foi dado um o muito importante para um novo capítulo nas relações bilaterais.
O comissário europeu para o Comércio, Maros Šefčovič, diz esperar que o público britânico tenha uma visão pragmática do recente acordo entre a UE e o Reino Unido, que abrange o comércio, a defesa e a pesca.
A primeira cimeira UE-Reino Unido foi "um importante o em frente" na reparação das relações entre as duas partes, após quase uma década de amargura e desconfiança na sequência do referendo que levou o Reino Unido a sair da UE em 2020.
"Penso que demos um o em frente muito importante e estamos a abrir um novo capítulo nas relações entre a UE e o Reino Unido", disse Šefčovič ao The Europe Conversation.
"Somos eternos vizinhos, somos grandes parceiros comerciais", afirmou.
Apesar das palavras calorosas e da natureza prática do acordo, a reação dos políticos pró-Brexit e dos colunistas dos jornais, que acusaram o Governo trabalhista de "rendição" a Bruxelas, foi de indignação.
O acordo abre as discussões para que o Reino Unido subscreva as mesmas medidas SPS (Sanitárias e Fitossanitárias) que a UE, regulamentos europeus relativos à vida humana, animal e vegetal contra riscos como doenças e pragas e substâncias cancerígenas.
Quando as discussões estiverem concluídas, os setores da agricultura e da pesca irão deixar de ter de enfrentar a extensa documentação necessária para entrar no mercado da UE, à semelhança do que acontecia antes de o Reino Unido sair do mercado único.
O Reino Unido irá aderir às normas da UE, que a grande maioria das linhas de produção no Reino Unido manteve desde que saiu do bloco europeu, mas terá pleno o aos parceiros comerciais mais próximos. Cerca de 42 % do comércio do Reino Unido é destinado à UE.
O acordo inclui também disposições que irão permitir aos jovens cidadãos da UE e do Reino Unido viajar sem a necessidade de vistos.
Além disso, os viajantes do Reino Unido poderão em breve utilizar os portões eletrónicos nos aeroportos da UE, o que significa que os turistas não terão de esperar nas filas para carimbar os aportes.
Um elemento-chave foi também a parceria no âmbito da segurança e da defesa com o objetivo de reforçar a segurança europeia, dada a instabilidade geopolítica que o continente enfrenta.
A líder dos conservadores, Kemi Badenoch, disse que iria reverter o acordo se chegasse ao poder nas próximas eleições gerais, que deverão acontecer em 2029.
No entanto, Šefčovič disse à Euronews que espera que o público britânico esteja ciente dos "resultados práticos e a implementação prática dos acordos".
"Se queremos reconstruir pontes entre os jovens e entre a UE e o Reino Unido, se queremos facilitar a vida aos agricultores, aos pescadores através do acordo SPS e se queremos melhorar ainda mais a situação dos cidadãos da Irlanda do Norte, todas estas decisões são muito relevantes", afirmou.
Um novo acordo com os EUA
Entretanto, em relação às negociações em curso com os EUA sobre as tarifas comerciais, Šefčovič indicou que é improvável que aceite um acordo que envolva uma base tarifária generalizada, semelhante ao acordado com o Reino Unido recentemente.
Os produtos provenientes do Reino Unido estarão sujeitos a uma base pautal de 10 %, mas as pautas aduaneiras de 25 % sobre o alumínio e o aço foram eliminadas no âmbito do acordo.
Os Estados-Membros da UE declararam que se oporiam a um acordo semelhante, salientando a dimensão e o peso do mercado único da UE como um concorrente igual ao mercado dos EUA.
"Uma mensagem muito clara que recebi dos ministros do comércio foi que eles insistem em ter um acordo equilibrado com os EUA. Por isso, é claro que estamos prontos para negociar com os nossos parceiros americanos", afirmou.
"Estamos a tentar alcançar um acordo equilibrado."
Em abril ado, os EUA impam direitos aduaneiros de 25 % sobre os automóveis, o aço e o alumínio da UE e de 20 % sobre outros produtos, mas acabaram por reduzir para metade a taxa de 20 % durante um período de 90 dias de forma a negociar um acordo novo.