AD mantém vantagem sobre o Partido Socialista enquanto Chega continua como terceira força política. Iniciativa Liberal consolida quarto lugar.
Na última sondagem antes das legislativas do próximo domingo sobre as intenções de voto dos portugueses, a AD mantém uma vantagem de 7% em relação ao Partido Socialista. O Chega continua a ser a terceira força política mais votada. A Iniciativa Liberal consolida o resultado que tem sido projetado desde que a moção de confiança ao governo foi rejeitada e foram convocadas eleições para 18 de maio, o Livre regista a maior subida, enquanto o Bloco de Esquerda, a CDU e o PAN continuam abaixo dos 4%.
De acordo com a sondagem feita pela Consulmark2 para o Nascer do SOL e a Euronews – que nas últimas eleições foi a que mais se aproximou do resultado final –, salvo a exceção do Livre, que subiu bastante, a tendência do voto manteve-se estável ao longo dos últimos dois meses.
Os resultados do estudo conduzido entre os dias 6 e 13 de maio indicam que a AD liderada por Luís Montenegro deverá obter cerca de 33,1% dos votos, seguida pelo PS de Pedro Nuno Santos com 25,9% e do Chega com 15,7%. Já a Iniciativa Liberal deverá alcançar os 7,6% dos votos, seguida de perto pelo Livre que nesta última vaga atinge os 6,2%. Já o Bloco de Esquerda fica-se pelos 3,8%, a CDU pelos 2,8% e o PAN pelos 1,1%. Foram inquiridas 589 pessoas através de entrevista telefónica, sendo 283 homens e 306 mulheres.
Em conjunto, a AD e a IL aproximam-se dos 41% dos votos, um valor próximo do que foi conseguido por António Costa quando conquistou a maioria absoluta. Tudo dependerá da abstenção e da distribuição de mandados de deputados.
Estes resultados incluem já a distribuição aritmética de indecisos que se mantém nos 19%. A margem de erro é de 4%. Sem essa distribuição, 26,5% dos inquiridos disseram ter intenção de votar na AD, contra 20,7% que manifestaram a preferência pelo PS. Já André Ventura e o Chega recolheram 12,6% das intenções de voto, a Iniciativa Liberal 6,1% e o Livre 4,9%. O BE obteve 3,1% das intenções, a CDU 2,2% e o PAN 0,8%.
Um ponto importante é que do total de inquiridos, 89% garantem que irão votar e 78,1% dizem que já decidiram o sentido de voto. Estes dois valores tem subido de forma constante entre março e o início de maio. Questionados sobre se os debates televisivos tiveram influência o sentido de voto, a maioria (66%) garante que os confrontos não tiveram importância na escolha, contra 34% que dizem que sim. No entanto, 70% acreditam que eles foram importantes para a tomada de decisão dos restantes eleitores. Uma maioria, 60,3%, disse ter visto os debates de 2024 e de 2025
Já na perceção pública de qual vai ser o resultado, 62% dos inquiridos neste estudo acreditam que a AD irá vencer as eleições com maioria relativa, o valor mais elevado desde março. Uma esmagadora maioria (67,4%) entende também que apesar de uma vitória que poderá ser curta e não garantirá a estabilidade governativa, Luís Montenegro não deve fazer qualquer aliança com o Chega.
Sobre o favorito para ocupar o cargo de primeiro-ministro, Luís Montenegro continua a recolher as preferências dos inquiridos: 44,1% disseram preferir o líder da AD, comparando com 26,7% que escolheriam Pedro Nuno Santos e 14,6% que optariam por André Ventura.
Problemas do país: saúde, habitação e imigração
O estado do Serviço Nacional de Saúde continua a estar no topo das preocupações dos portugueses. Nas respostas à sondagem da Consulmark2 para o Nascer do SOL e a Euronews, 51,4% dos inquiridos dizem que o que se a no país ao nível do o a cuidados de saúde é o problema mais grave com que o Portugal se depara neste momento, um valor que representa uma subida de quase 3% em relação ao final de abril.
O o à habitação é a segunda maior dificuldade com que os portugueses se deparam, com 37% dos inquiridos a dizerem que esse é um dos problemas mais graves de Portugal, embora a preocupação com o assunto tenha diminuído 6% em relação ao final do mês ado.
Em terceiro lugar na lista de preocupações dos inquiridos neste estudo de opinião – que no que diz respeito a esta questão em específico puderam dar respostas múltiplas – está a imigração. Ao todo, 22,6% dizem que é um problema com que Portugal se debate. O valor tem crescido desde o final de março de 2025. Então, apenas 9,8% consideravam a imigração um problema. Na primeira quinzena de abril o valor subiu para 11,1% e na segunda metade do mês já atingia os 20%.
Ao todo, 20% dos inquiridos apontam a educação como um problema do país, logo seguido do fraco desenvolvimento económico (18,2%) e da inflação/custo de vida (17,5%). Seguem-se ainda a desigualdade social (12,9%), a insegurança (11%), a má qualidade dos políticos (8,7%) e a corrupção (7,6%).
Presidenciais: Gouveia e Melo mantém liderança
Apesar de uma ligeira quebra, o Almirante Gouveia e Melo continua a ser o preferido dos portugueses para suceder a Marcelo Rebelo de Sousa no cargo de Presidente da República. Segundo a sondagem da Consulmark2 para o Nascer do SOL e a Euronews, o antigo chefe de Estado Maior da Armada reúne 27,7% das intenções de voto (menos 1,3% do que no final de abril) para as eleições presidenciais que deverão realizar-se em janeiro de 2026.
A sondagem foi realizada entre os dias 6 e 13 de maio, antes de Henrique Gouveia e Melo ter confirmado, na ada quarta-feira, em entrevista à Rádio Renascença, que será mesmo candidato à Presidência da República e que a sua candidatura deverá ser oficialmente apresentada no próximo dia 28 de maio.
No segundo lugar, destacado dos restantes eventuais candidatos, está o único cuja candidatura ao Palácio de Belém já foi oficialmente apresentada: Luís Marques Mendes, apoiado para já pelo PSD, reúne 16,5% das intenções de voto.
Mais abaixo nesta lista está André Ventura. Depois de anunciar a apresentação da candidatura, o líder do Chega recuou após a queda do governo para se concentrar nas eleições legislativas e desde então não voltou a levantar o véu sobre as suas intenções. Nesta sondagem, é o preferido por 7,5% dos portugueses.
No campo socialista, ainda sem candidatos oficiais, os eleitores dividem-se com 6,1% a preferir António Vitorino contra 5,4% que optam por António José Seguro. O antigo secretário-geral socialista tem vindo a descer nas intenções de voto desde que a Consulmark2 começou a medir a intenção de voto nas presidenciais no início de abril. Todavia, quando é medido o confronto direto entre os dois, os inquiridos não tem dúvidas: 41,7% prefere Seguro a Vitorino para ser o candidato apoiado pelo PS.
Todavia, esta é uma corrida longe de estar fechada: há ainda 17,8% de inquiridos que não sabem em quem vai votar.
Entrevista José Constantino Costa: “Não me parece descabido pensar numa maioria com a Iniciativa Liberal”
O diretor técnico da Consulmark2, responsável pelo estudo de opinião, salienta que há uma grande estabilidade na tendência de voto dos portugueses e identifica os pequenos detalhes que poderão decidir o resultado das eleições deste domingo.
Os quatro estudos de opinião sobre as intenções de voto dos portugueses para as eleições de 18 de maio, feitos pela Consulmark2 para o Nascer do SOL_e a Euronews entre o final de março e a primeira quinzena de maio, mostram uma enorme estabilidade nos resultados.
José Constantino Costa, diretor técnico da sondagem que há um ano foi a que mais se aproximou dos resultados finais, compara os resultados atuais com os de 2024, identifica os pequenos fatores que poderão definir o sentido de voto e também aquilo a que devemos ficar atentos na noite eleitoral.
Como é que estes resultados comparam com os de há um ano?
Não há grandes diferenças… também só ou um ano. O que parece acontecer é, à direita, a AD ganhar votos à custa do Chega que perde 2%, 3% (será o regresso a casa dos desiludidos com o mau comportamento de alguns deputados do Chega). À esquerda parece-me que o PS pode perder votos, sobretudo para o Livre – que poderá ser um dos vencedores da noite eleitoral –, já que o Bloco de Esquerda será castigado pelo tema das grávidas (esses votos também deverão ir para o Livre), a CDU manterá os 3, 4% e o PAN voltará a ter muita dificuldade (será que consegue?) em eleger um deputado. E haverá o interesse em saber o que se irá ar com o Juntos Pelo Povo (JPP). Numa sondagem com as características da nossa, é impossível prever se consegue, ou não, eleger um deputado, mas há entrevistados, na Região Autónoma da Madeira, a dizer que votam JPP.
Que conclusões tira das quatro recentes vagas? Há alguma tendência a destacar?
Os resultados foram sempre muito estáveis. Já em 2024 tinha sucedido o mesmo. Desde a primeira vaga, os resultados variaram muito pouco. A AD ganha, com maioria relativa, mas não me parece descabido pensar numa maioria com a Iniciativa Liberal. Para além da soma das percentagens dar 41%, há um fator que pode vir a ser determinante nestas eleições: a abstenção – e essa as sondagens não conseguem resolver porque toda a gente diz que vai votar… Um dos grandes motivos de interesse da noite eleitoral é saber quem é, ou não, prejudicado pela abstenção.
Qual a explicação para essa estabilidade?
ou muito pouco tempo desde as últimas eleições. Os líderes continuam a ser os mesmos, as políticas as mesmas e as pessoas têm o seu voto determinado. Não houve razões determinantes para uma mudança.
O número de indecisos pode ainda ser determinante?
Não me parece. Nesta vaga temos 19% de indecisos (que caíram no campo de não sabe, não responde/recusa). Em 2024, na última vaga, tivemos 23,5% e não ficámos muito longe dos resultados eleitorais. Vamos ver. Na Consulmark2 estamos todos muito entusiasmados. Uma garantia deixo: toda a equipa, desde entrevistadores, supervisores de campo e técnicos, trabalhou arduamente e com total honestidade. Só espero que os nossos entrevistados também o tenham sido.