O chefe militar da União Europeia anunciou que o bloco planeia duplicar o fornecimento de munições de grande calibre à Ucrânia este ano para equipar melhor Kiev na sua luta contra Moscovo.
Os ministros da Defesa da Alemanha e do Reino Unido reuniram-se em Berlim, na quinta-feira, para o seu primeiro conselho ministerial, na sequência da de um acordo de cooperação militar no ano ado.
"A reunião de hoje mostra que não só chegamos a acordo sobre projetos importantes, o que seria apenas metade da batalha, mas também que os implementamos em conjunto e muito rapidamente", afirmou o ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius.
A reunião decorreu num ambiente diplomático turbulento, com os ministros dos Negócios Estrangeiros da NATO reunidos na Turquia para discutir uma iniciativa norte-americana destinada a aumentar substancialmente os investimentos na defesa, numa altura em que os Estados Unidos se concentram em questões de segurança fora da Europa.
Simultaneamente, o presidente russo, Vladimir Putin, rejeitou uma proposta do presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, para uma reunião direta na Turquia. No entanto, os representantes de ambas as nações deverão iniciar as suas primeiras negociações diretas em vários anos.
O ministro da Defesa do Reino Unido, John Healey, referiu que a decisão de Putin de renunciar à reunião com Zelenskyy em Istambul era significativa.
"Este é um dia que expõe Putin pelo que ele é. Diz que quer a paz mas rejeitou o encontro com Zelenskyy em Istambul. Ele diz que quer a paz, mas rejeitou um cessar-fogo total. Diz que quer acabar com os combates, mas continua a atacar e a matar civis e cidades ucranianas. E diz que quer falar, mas nem sequer comparece na conferência que convocou hoje em Istambul".
Entretanto, o presidente do Comité Militar da União Europeia, Robert Brieger, anunciou que o bloco planeia duplicar as entregas de munições de grande calibre à Ucrânia este ano.
Os comentários foram feitos após uma reunião entre os chefes de defesa da UE, realizada na quinta-feira em Bruxelas.
"O objetivo é entregar 2 milhões de cartuchos de munições de grande calibre ao país durante este ano, ou seja, duplicar a quantidade do ano ado", afirmou Brieger.
Brieger afirmou que a UE está a incentivar os Estados-membros a produzir mais munições para atingir esse objetivo.
"Tentamos criar incentivos para que os Estados-membros adquiram mais munições, produzam ainda mais, utilizando os contratos estabelecidos pela AED [Agência Europeia de Defesa]", afirmou.
"Mas também criamos novas iniciativas, sejam elas financeiras ou através da intensificação da cooperação com a indústria de defesa ucraniana", acrescentou Brieger.
Brieger também falou sobre os recursos necessários para fazer face à ameaça marítima representada pela frota sombra do Kremlin. O chefe militar da UE observou que o bloco teria de aumentar o número de navios disponíveis para assegurar efetivamente a segurança das suas águas e a proteção contra qualquer ameaça.
"Quando olho para as operações marítimas existentes, e temos três, no noroeste do Oceano Índico, duas, e uma no Mediterrâneo, estamos francamente a falar de falta de recursos", disse Brieger aos jornalistas após a reunião.
"Por isso, quando uma missão deste tipo for lançada, será crucial que, através de uma deteção de forças e de um planeamento diligente, possamos garantir antecipadamente que temos navios, aviões e recursos suficientes para levar a cabo uma missão deste tipo, caso esta seja credível."