Em entrevista exclusiva à Euronews, o primeiro-ministro croata afirmou que o apoio dos EUA à Europa deve manter-se firme face à instabilidade política durante o segundo mandato do Trump.
O apoio da Casa Branca aos seus aliados tem sido cada vez mais imprevisível desde o início do segundo mandato do Trump. Esta mudança levou muitos líderes europeus a questionar a solidez do compromisso dos EUA com a solidariedade transatlântica.
Em entrevista exclusiva à Euronews, o primeiro-ministro croata Andrej Plenković sublinhou a importância do envolvimento sustentado dos EUA nos assuntos europeus e em instituições como a NATO.
"Penso que os Estados Unidos devem manter o seu compromisso com a Europa, com a parceria transatlântica, sendo um fator de estabilidade e paz no nosso continente", afirmou Plenković.
"E, claro, é importante destacar o papel da NATO, porque a NATO tem sido uma garantia de segurança coletiva durante 75 anos e acredito que deve continuar a ser assim".
Apesar das preocupações com a oscilação da política dos EUA, Plenković demonstrou confiança na atual trajetória da NATO. Salientou o aumento das despesas com a defesa em toda a aliança, incluindo os investimentos da Croácia.
Não só o equipamento militar dos EUA
Quando questionado sobre a estabilidade da NATO, Plenković acredita que a organização está no caminho certo, uma vez que muitos países cumpriram o compromisso com os gastos em defesa, como a Croácia, que está a investir 2,1% do seu PIB e 30% da modernização, e deseja investir ainda mais em equipamento de defesa.
A Croácia expandiu significativamente a sua estratégia de aquisições para incluir tecnologias militares americanas e europeias, com o objetivo de melhorar a interoperabilidade e a resiliência a longo prazo.
"Também estamos a trabalhar bastante na aquisição de equipamento de defesa europeu, não apenas equipamento americano, mas estamos a ar das tecnologias militares orientais para as ocidentais e, até agora, aumentámos o nosso orçamento para a defesa mais de três vezes", explicou Plenković.
"A ideia é aumentá-lo ainda mais nos próximos anos e penso que o novo Livro Branco sobre a Defesa e os novos instrumentos que a União Europeia tem vindo a preparar estão a reforçar a nossa autonomia estratégica, as nossas capacidades e a interoperabilidade no seio da União Europeia", acrescentou.
A Croácia concluiu recentemente a sua esquadrilha de 12 caças ses Rafale, reforçando assim a sua capacidade de defesa aérea. O país adriático também forneceu 300 milhões de euros em assistência militar à Ucrânia desde a invasão em grande escala da Rússia ao seu país vizinho no início de 2022 - uma medida que Plenković afirma ter sido tomada em defesa da Ucrânia e como parte de uma posição mais ampla pela liberdade europeia.
Não tem por objetivo colocar alguém em perigo
Num desenvolvimento regional recente, a Croácia, a Albânia e o Kosovo am um acordo de defesa com o objetivo de aumentar a capacidade militar, avançar na tecnologia e melhorar a interoperabilidade através de formação conjunta.
"Este acordo não tem por objetivo colocar alguém em perigo. Nem sequer nos sentimos ameaçados por mais ninguém, por isso, esta narrativa que foi repetida após a deste acordo foi, na nossa opinião, falsa e desnecessária", disse Plenković.
O acordo trilateral, no entanto, suscitou críticas da Sérvia, que não reconhece a independência do Kosovo. Os oficiais sérvios acusaram a Albânia e a Croácia, ambos países membros da NATO, de alimentarem uma "corrida às armas" nos Balcãs. Isto acontece numa altura em que a Sérvia e a Hungria am um acordo para reforçar a cooperação militar. Plenković não vê este facto como "qualquer tipo de ameaça para a Croácia".
Expansão versus influência estrangeira
Plenković sublinhou a necessidade de respeitar as fronteiras nacionais e as normas jurídicas na Europa, citando o processo de integração da UE como um unificador vital para o continente. "O caminho europeu é o fator unificador para o bom funcionamento de todos os países na direção certa, assim como para as reformas e benefícios para os cidadãos".
Salientou ainda que a confiança e o diálogo são essenciais para manter a estabilidade europeia. "Na nossa opinião, isto é essencial: ter um diálogo sincero e criar confiança. Sem confiança e sem diálogo permanente, há sempre a possibilidade de desestabilização".