Na segunda-feira, Saakashvili foi considerado culpado do crime de agem ilegal da fronteira e, consequentemente, condenado a uma segunda pena de prisão de quatro anos e meio, que é somada à pena já aplicada por abuso de poder e desvio de fundos.
Um tribunal georgiano condenou, esta segunda-feira, o antigo presidente Mikheil Saakashvili a uma nova pena de prisão, aumentando a pena que está a cumprir para 12 anos e meio.
Saakashvili, que foi presidente da Geórgia de 2004 a 2013, já tinha sido condenado por abuso de poder e desvio de fundos, que ele e a sua defesa rejeitaram, alegando que as acusações teriam motivações políticas.
O juiz Badri Kochlamazashvili condenou o ex-presidente, de 57 anos, a uma pena adicional de quatro anos e seis meses de prisão por agem ilegal da fronteira, acrescentando, assim, mais tempo à sua sentença atual.
Falando por videoconferência, Saakashvili rejeitou o veredito, afirmando tratar-se de uma "sentença absolutamente ilegal e injusta contra mim por crimes que não cometi".
"Querem aniquilar-me na prisão", disse. "Mas, aconteça o que acontecer, lutarei até ao fim", prometeu.
De acordo com o seu advogado, Beka Basilaia, o veredito desta segunda-feira "mostrou mais uma vez que Saakashvili é um prisioneiro político".
Saakashvili, um reformista polémico
Saakashvili é também acusado de reprimir os manifestantes que afirmavam que o seu fervor se tinha transformado em ditadura.
O antigo presidente, que conduziu o país numa direção mais próxima do Ocidente, liderou os protestos da chamada Revolução das Rosas em 2003, que afastaram o seu antecessor do poder, e promulgou uma série de reformas ambiciosas contra a corrupção.
Em 2008, supervisionou uma breve mas intensa guerra com a Rússia, que terminou com a humilhante perda das restantes bases georgianas em dois territórios separatistas.
O seu reinado chegou ao fim nas eleições de 2012, quando o então recém-formado Sonho Georgiano derrotou o partido Movimento Nacional Unido de Saakashvili.
Saakashvili partiu para a Ucrânia em 2013 e tornou-se cidadão do país. De 2015 a 2016, governou a região de Odessa, no sul do país.
No entanto, foi rapidamente detido quando regressou à Geórgia em outubro de 2021, numa tentativa de reforçar as forças da oposição antes das eleições autárquicas nacionais.
Sonho Georgiano acusado de influenciar o veredito
O advogado de Saakashvili acusou, esta segunda-feira, o partido no poder, o Sonho Georgiano, de influenciar a última prorrogação da pena de prisão do ex-líder georgiano.
"Enquanto o Sonho Georgiano permanecer no poder, o poder judicial será uma farsa e tomará qualquer decisão que lhe seja ordenada", afirmou Basilaia.
Desde 2012, ano em que Saakashvili foi destituído do poder, o partido Sonho Georgiano tem-se mantido no poder e tem sido alvo de críticas e protestos populares por alegada repressão das liberdades democráticas.
O partido é também acusado de ter desviado o país do caminho de adesão à União Europeia e de o ter reintegrado na esfera de influência da Rússia.
Depois de ter feito várias greves de fome, Saakashvili está atualmente a ser tratado nas instalações da Vivamedi, onde está a ser monitorizado para uma série de doenças crónicas, de acordo com a clínica.