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Ponte para a Sicília: um projeto estratégico para a Europa ou um desperdício de recursos?

Ponte para a Sicília: um projeto estratégico para a Europa ou um desperdício de recursos?
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De Monica Pinna
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A construção da ponte sobre o estreito de Messina terá início este ano, garante o Governo italiano. Este gigantesco empreendimento, que visa ligar a ilha da Sicília à região da Calábria, é um dos projetos de infraestruturas mais dispendiosos e controversos a nível mundial.

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O projeto de construção de uma ponte sobre o estreito de Messina remonta à época romana. No entanto, a ponte sobre o estreito nunca ou da fase de planeamento. Sempre demasiado cara ou demasiado complexa do ponto de vista técnico, já faz parte das agendas políticas dos governos italianos desde os anos 60. Agora, o ministro das Infraestruturas da extrema-direita, Matteo Salvini, está decidido a materializar o projeto. 

Com um vão central de 3300 metros, a ponte será a ponte suspensa mais longa do mundo e também uma peça importante do Corredor Escandinavo-Mediterrânico da União Europeia, uma artéria que irá ligar o Norte e o Sul da Europa para facilitar a circulação de pessoas e mercadorias. 

De acordo com a última estimativa feita, o custo da ponte será de 13,5 mil milhões de euros. A União Europeia alocou cerca de 25 milhões de euros ao projeto, que cobrem apenas metade dos custos de conceção da infraestrutura ferroviária. Os críticos afirmam que a zona onde a ponte vai ser construída é conhecida pela sua elevada atividade sísmica, o que suscita preocupações em matéria de segurança.

O projeto deparou-se com uma forte resistência por parte dos habitantes locais, que afirmam que os fundos nacionais e europeus deveriam ser utilizados de melhor forma para financiar serviços básicos no sul de Itália, uma região menos favorecida do país. 

Na Sicília, o comité de cidadãos "No Ponte" salienta que o projeto não dispõe de todos os estudos hidrológicos, sísmicos e paisagísticos necessários, e questiona a utilidade pública da infraestrutura.

"Acabámos de ar um verão sem água canalizada", diz o ativista Gino Sturniolo. "Só uma parte do dinheiro destinado à ponte já seria suficiente para reparar o sistema de abastecimento de água. E isto para não falar dos cuidados de saúde, da questão da educação, da habitação e da segurança sísmica."

Na Calábria, o fundador de uma comissão de moradores que vai ser expropriada vive no local onde vai ser construído um pilar, a escassos metros de uma falha sísmica.

"Como pessoas comuns, que continuam a investigar pelos próprios meios", explica Rossella Bulsei, "perguntamo-nos como é que os especialistas aprovam todas as versões que surgem do projeto com novas condições e recomendações. Preocupa-nos que a estrutura não seja suficientemente segura."

Quase metade dos comboios da Sicília ainda funcionam a gasóleo, e a Calábria poderá nunca chegar a ter comboios de alta velocidade. Será o controverso projeto da ponte entre a Sicília e a Calábria uma infraestrutura estratégica para a Europa e para a Itália? 

"A ponte deveria ser um ponto estratégico para o país", explica Adriano Giannola, presidente da Associação para o Desenvolvimento da Indústria do Sul de Itália. "A Sicília é o centro físico do Mediterrâneo. Os navios que saem do canal de Suez am pelos portos sicilianos, mas não param neles, seguem sempre para Roterdão. Se esta é uma situação que pretendemos mudar, a ponte é um dos elementos-chave para o fazer."

Giannola não considera que o projeto atual para a ponte seja a melhor solução, a mais segura ou a mais barata. No entanto, está convencido de que a ponte é uma necessidade. Relativamente à controvérsia em torno da urgência de garantir serviços básicos nas regiões do Sul, diz que o problema é a forma como o Governo italiano tem gerido os recursos até agora: "A lei italiana estabelece que 40 % das despesas públicas com infraestruturas devem ser atribuídas ao Sul. Todos os anos, faltam cerca de 60 mil milhões de euros. Esta sim, deve ser a principal luta a travar, não a construção da ponte", conclui Giannola. 

Os peritos continuam em desacordo sobre os aspetos técnicos, os benefícios, os custos e até sobre os procedimentos adotados pelo governo para a construção da ponte, desacordo este que gera indignação entre os habitantes e a sensação de que lhes está a ser exigido um sacrifício inútil. 

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