{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/my-europe/2025/02/12/o-bicho-papao-do-acordo-entre-a-ue-e-o-mercosul" }, "headline": "O bicho-pap\u00e3o do acordo entre a UE e o Mercosul", "description": "Demonizado por uns, defendido por outros e incompreendido por muitos, o \u0022Acordo Mercosul\u0022 \u00e9 um tema apaixonante da atualidade nas explora\u00e7\u00f5es agr\u00edcolas de toda a Uni\u00e3o Europeia e, em especial, nas de Fran\u00e7a.", "articleBody": "A Comiss\u00e3o Europeia acaba de o , para desgosto dos agricultores e criadores pecu\u00e1rios ses, que se op\u00f5em a este acordo ambicioso e complexo, que est\u00e1 a ser negociado h\u00e1 25 anos. O nosso rep\u00f3rter Juli\u00e1n L\u00f3pez percorreu as quintas e as vinhas sas para descobrir que, no seio do poderoso setor agroalimentar franc\u00eas, as opini\u00f5es est\u00e3o bastante divididas.O Mercado Comum do Sul, apelidado de Mercosul, e a UE acordaram em comercializar mercadorias com direitos aduaneiros reduzidos ou nulos. Se o acordo for ratificado, ir\u00e1 criar um mercado de cerca de 800 milh\u00f5es de pessoas,\u00a0tornando-se uma das maiores zonas de com\u00e9rcio livre do mundo. Com a ratifica\u00e7\u00e3o, ir\u00e3o ser eliminados mais de 90\u202f% dos direitos aduaneiros entre o Brasil, a Argentina, o Paraguai, o Uruguai e os 27 pa\u00edses da UE.A Alemanha e a Espanha apoiam o acordo. A It\u00e1lia deu sinais contradit\u00f3rios.\u00a0A Pol\u00f3nia e, em particular, a Fran\u00e7a s\u00e3o firmemente contra. Os agricultores dos dois \u00faltimos pa\u00edses afirmam que os produtores do Mercosul n\u00e3o ir\u00e3o estar sujeitos \u00e0s normas e aos custos laborais europeus,\u00a0nem \u00e0 regulamenta\u00e7\u00e3o rigorosa europeia sobre os pesticidas e a utiliza\u00e7\u00e3o de hormonas e antibi\u00f3ticos nos animais. Afirmam tamb\u00e9m que o acordo prejudica os consumidores e amea\u00e7a a sustentabilidade das explora\u00e7\u00f5es agr\u00edcolas da UE.Com 43 anos, Pierre-Marie Delangle define-se como um \u0022produtor local\u0022.\u00a0 A sua quinta, no centro de Fran\u00e7a, d\u00e1 emprego a seis pessoas. Cria galinhas, ovelhas e vacas. Destas \u00faltimas, possui cerca de 250 para abate e produ\u00e7\u00e3o de leite. Acredita que o acordo ir\u00e1 obrig\u00e1-lo a reduzir os pre\u00e7os at\u00e9 30\u202f%, pondo assim em risco o neg\u00f3cio.\u0022H\u00e1 muitos outros acordos de com\u00e9rcio livre em negocia\u00e7\u00e3o ou j\u00e1 assinados entre a Europa e v\u00e1rios pa\u00edses: Estados Unidos, Canad\u00e1, Marrocos, Chile e Nova Zel\u00e2ndia. Consideramos descabido o facto de todos estes tratados inclu\u00edrem produtos agr\u00edcolas, que parecem ser meramente utilizados como moeda de troca em rela\u00e7\u00e3o aos produtos industriais\u0022, explica o Sr. Delangle.A 500 quil\u00f3metros a sul, o acordo \u00e9 visto de forma muito diferente por Jean-Marie Fabre, presidente dos viticultores independentes de Fran\u00e7a. A sua propriedade vit\u00edcola tem 15 hectares e emprega 4 pessoas, e 30 % do vinho que produz \u00e9 exportado. A redu\u00e7\u00e3o dos direitos aduaneiros e a abertura dos mercados s\u00e3o uma oportunidade de ouro para Jean-Marie. \u0022O Acordo Mercosul coloca entraves a outros setores agr\u00edcolas, mas ir\u00e1 permitir \u00e0 ind\u00fastria vitivin\u00edcola n\u00e3o ter de lidar com direitos aduaneiros, o que ir\u00e1 resultar numa expans\u00e3o dos nossos vinhos nesses pa\u00edses, ao contr\u00e1rio da situa\u00e7\u00e3o atual, na qual lidamos com direitos aduaneiros de cerca de 27\u202f%. No setor do vinho e das bebidas espirituosas, este acordo ir\u00e1 permitir-nos ser mais competitivos e conquistar uma quota de mercado maior\u0022, explica o Sr. Fabre.Segundo a Comiss\u00e3o, o acordo dever\u00e1 levar a uma poupan\u00e7a de mais de 4 mil milh\u00f5es de euros por ano em direitos aduaneiros nas empresas da UE. A maioria das concess\u00f5es pautais est\u00e1 sujeita a contingentes espec\u00edficos de forma a proteger os consumidores e produtores da UE, com os pa\u00edses do Mercosul a comprometerem-se a acabar com a desfloresta\u00e7\u00e3o ilegal at\u00e9 2030.Perante o abrandamento econ\u00f3mico da China e o aumento previsto das tarifas comerciais dos EUA, Elvire Fabry, especialista em geopol\u00edtica comercial do Instituto Jacques Delors, afirma que a UE deve agora procurar novos mercados para as suas exporta\u00e7\u00f5es e colmatar lacunas estrat\u00e9gicas, especialmente no que diz respeito \u00e0s mat\u00e9rias-primas.\u0022O Brasil e a Argentina, em particular, possuem minerais muito importantes para as tecnologias verdes e digitais, para as quais redirecion\u00e1mos os programas de investimento e estamos a conceber uma estrat\u00e9gia industrial europeia\u0022, afirma Fabry. \u0022Trata-se de preservar o o da UE a estas minas extremamente essenciais\u0022.A decis\u00e3o est\u00e1 agora nas m\u00e3os dos Estados-Membros e do Conselho, com o Parlamento Europeu a ter de dar a luz verde final para a ado\u00e7\u00e3o efetiva do acordo.", "dateCreated": "2025-01-10T12:56:26+01:00", "dateModified": "2025-02-12T15:01:06+01:00", "datePublished": "2025-02-12T15:00:01+01:00", "image": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F08%2F96%2F25%2F70%2F1440x810_cmsv2_97037ffc-d5f9-5948-9b17-faa06faaa0fa-8962570.jpg", "width": "1440px", "height": "810px", "caption": "Demonizado por uns, defendido por outros e incompreendido por muitos, o \u0022Acordo Mercosul\u0022 \u00e9 um tema apaixonante da atualidade nas explora\u00e7\u00f5es agr\u00edcolas de toda a Uni\u00e3o Europeia e, em especial, nas de Fran\u00e7a.", "thumbnail": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F08%2F96%2F25%2F70%2F432x243_cmsv2_97037ffc-d5f9-5948-9b17-faa06faaa0fa-8962570.jpg", "publisher": { "@type": "Organization", "name": "euronews", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png" } }, "author": { "@type": "Person", "name": "Julian GOMEZ" }, "publisher": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "legalName": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": "403px", "height": "60px" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "articleSection": [ "S\u00e9rie: a minha Europa" ], "isAccessibleForFree": "False", "hasPart": { "@type": "WebPageElement", "isAccessibleForFree": "False", "cssSelector": ".poool-content" } }, { "@type": "WebSite", "name": "Euronews.com", "url": "/", "potentialAction": { "@type": "SearchAction", "target": "/search?query={search_term_string}", "query-input": "required name=search_term_string" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] } ] }
PUBLICIDADE

O bicho-papão do acordo entre a UE e o Mercosul

O bicho-papão do acordo entre a UE e o Mercosul
Direitos de autor Euronews
Direitos de autor Euronews
De Julian GOMEZ
Publicado a
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button
Copiar/colar o link embed do vídeo:Copy to clipboardCopied

Demonizado por uns, defendido por outros e incompreendido por muitos, o "Acordo Mercosul" é um tema apaixonante da atualidade nas explorações agrícolas de toda a União Europeia e, em especial, nas de França.

PUBLICIDADE

A Comissão Europeia acaba de o , para desgosto dos agricultores e criadores pecuários ses, que se opõem a este acordo ambicioso e complexo, que está a ser negociado há 25 anos. O nosso repórter Julián López percorreu as quintas e as vinhas sas para descobrir que, no seio do poderoso setor agroalimentar francês, as opiniões estão bastante divididas.

O Mercado Comum do Sul, apelidado de Mercosul, e a UE acordaram em comercializar mercadorias com direitos aduaneiros reduzidos ou nulos. Se o acordo for ratificado, irá criar um mercado de cerca de 800 milhões de pessoas, tornando-se uma das maiores zonas de comércio livre do mundo. Com a ratificação, irão ser eliminados mais de 90 % dos direitos aduaneiros entre o Brasil, a Argentina, o Paraguai, o Uruguai e os 27 países da UE.

A Alemanha e a Espanha apoiam o acordo. A Itália deu sinais contraditórios. 

A Polónia e, em particular, a França são firmemente contra. Os agricultores dos dois últimos países afirmam que os produtores do Mercosul não irão estar sujeitos às normas e aos custos laborais europeus, nem à regulamentação rigorosa europeia sobre os pesticidas e a utilização de hormonas e antibióticos nos animais. Afirmam também que o acordo prejudica os consumidores e ameaça a sustentabilidade das explorações agrícolas da UE.

Com 43 anos, Pierre-Marie Delangle define-se como um "produtor local".  A sua quinta, no centro de França, dá emprego a seis pessoas. Cria galinhas, ovelhas e vacas. Destas últimas, possui cerca de 250 para abate e produção de leite. Acredita que o acordo irá obrigá-lo a reduzir os preços até 30 %, pondo assim em risco o negócio.

"Há muitos outros acordos de comércio livre em negociação ou já assinados entre a Europa e vários países: Estados Unidos, Canadá, Marrocos, Chile e Nova Zelândia. Consideramos descabido o facto de todos estes tratados incluírem produtos agrícolas, que parecem ser meramente utilizados como moeda de troca em relação aos produtos industriais", explica o Sr. Delangle.

A 500 quilómetros a sul, o acordo é visto de forma muito diferente por Jean-Marie Fabre, presidente dos viticultores independentes de França. A sua propriedade vitícola tem 15 hectares e emprega 4 pessoas, e 30 % do vinho que produz é exportado. A redução dos direitos aduaneiros e a abertura dos mercados são uma oportunidade de ouro para Jean-Marie. "O Acordo Mercosul coloca entraves a outros setores agrícolas, mas irá permitir à indústria vitivinícola não ter de lidar com direitos aduaneiros, o que irá resultar numa expansão dos nossos vinhos nesses países, ao contrário da situação atual, na qual lidamos com direitos aduaneiros de cerca de 27 %. No setor do vinho e das bebidas espirituosas, este acordo irá permitir-nos ser mais competitivos e conquistar uma quota de mercado maior", explica o Sr. Fabre.

Segundo a Comissão, o acordo deverá levar a uma poupança de mais de 4 mil milhões de euros por ano em direitos aduaneiros nas empresas da UE. A maioria das concessões pautais está sujeita a contingentes específicos de forma a proteger os consumidores e produtores da UE, com os países do Mercosul a comprometerem-se a acabar com a desflorestação ilegal até 2030.

Perante o abrandamento económico da China e o aumento previsto das tarifas comerciais dos EUA, Elvire Fabry, especialista em geopolítica comercial do Instituto Jacques Delors, afirma que a UE deve agora procurar novos mercados para as suas exportações e colmatar lacunas estratégicas, especialmente no que diz respeito às matérias-primas.

"O Brasil e a Argentina, em particular, possuem minerais muito importantes para as tecnologias verdes e digitais, para as quais redirecionámos os programas de investimento e estamos a conceber uma estratégia industrial europeia", afirma Fabry. "Trata-se de preservar o o da UE a estas minas extremamente essenciais".

A decisão está agora nas mãos dos Estados-Membros e do Conselho, com o Parlamento Europeu a ter de dar a luz verde final para a adoção efetiva do acordo.

Ir para os atalhos de ibilidade
Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

China ordena aos fundos que comprem mais ações para impulsionar mercados em declínio

Metano, o destruidor do clima: caça às fugas de metano com Theo

A dependência dos ecrãs na Europa: como proteger os menores?