{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/my-europe/2024/09/13/governo-de-italia-pondera-exploracao-de-energia-nuclear" }, "headline": "Governo de It\u00e1lia pondera explora\u00e7\u00e3o de energia nuclear", "description": "O governo pretende aprovar um projeto de lei para permitir a utiliza\u00e7\u00e3o de novas tecnologias at\u00e9 2025, mas a opini\u00e3o p\u00fablica italiana continua muito dividida sobre o tema.", "articleBody": "O regresso \u00e0 energia nuclear, abandonada pela It\u00e1lia num referendo em 1987, tem sido repetidamente apresentado como a solu\u00e7\u00e3o ideal para a necessidade de reduzir o consumo de combust\u00edveis f\u00f3sseis. Apesar de a maioria dos italianos ter reiterado a sua oposi\u00e7\u00e3o no referendo de 2011, a ideia est\u00e1 a ser considerada pelo atual Governo, tendo em conta os desafios geopol\u00edticos colocados pela guerra russo-ucraniana, que tornam necess\u00e1rio alcan\u00e7ar a independ\u00eancia energ\u00e9tica. O ministro do Meio Ambiente, Gilberto Pichetto Fratin, anunciou o objetivo de aprovar um projeto de lei para regulamentar o uso de novas tecnologias no setor at\u00e9 2025. O governo nomeou uma equipa de peritos para estudar o quadro legislativo e est\u00e1 em curso uma investiga\u00e7\u00e3o sobre o assunto na Comiss\u00e3o do Ambiente e na Comiss\u00e3o de ctividades Produtivas, Com\u00e9rcio e Turismo da C\u00e2mara dos Deputados. A Euronews falou sobre o assunto com Riccardo Zucconi, deputado dos Fratelli d'Italia e membro da Comiss\u00e3o das Atividades Produtivas, para perceber qual \u00e9 a posi\u00e7\u00e3o do executivo sobre o assunto. \u0022A investiga\u00e7\u00e3o ainda est\u00e1 em curso\u201d, explica Zucconi, \u201de ainda falta uma indica\u00e7\u00e3o inequ\u00edvoca e determinada. A cria\u00e7\u00e3o de uma nova plataforma pelo Minist\u00e9rio da Energia \u00e9 significativa, uma vez que mapeia as centrais nucleares que ainda existem tanto em It\u00e1lia como na Europa\u201d. De acordo com Zucconi, a procura mundial de energia dever\u00e1 duplicar nos pr\u00f3ximos dez anos e as energias renov\u00e1veis, por si s\u00f3, n\u00e3o s\u00e3o suficientes. \u0022Est\u00e3o a surgir op\u00e7\u00f5es alternativas, incluindo uma nova gera\u00e7\u00e3o de centrais mais pequenas, que devem ser seriamente consideradas\u201d. A It\u00e1lia, salienta Zucconi, n\u00e3o carece de know-how no sector. De acordo com o Plano Nacional Integrado para a Energia e o Clima (Pniec) do Governo, a utiliza\u00e7\u00e3o de novos tipos de centrais poder\u00e1 cobrir at\u00e9 11% da procura nacional de energia at\u00e9 2050. No entanto, Zucconi sublinha a import\u00e2ncia de envolver os cidad\u00e3os: \u201cEstamos numa democracia e o p\u00fablico deve ser preparado e informado, o p\u00fablico deve ser ouvido sobre esta vontade\u201d, acrescentando que as antigas grandes centrais nucleares, que muitas vezes causaram avers\u00e3o na opini\u00e3o p\u00fablica, est\u00e3o destinadas a desaparecer. A compatibilidade entre a energia nuclear e as energias renov\u00e1veis A quest\u00e3o \u00e9 saber at\u00e9 que ponto a energia nuclear pode contribuir para a transi\u00e7\u00e3o verde e a sua compatibilidade com as energias renov\u00e1veis. Segundo o documento elaborado pela Edison, Ansaldo-nucleare e o think-tank The house of Ambrosetti, publicado no recente F\u00f3rum Thea em Cernobbio, o investimento em novas centrais nucleares pode gerar um impacto econ\u00f3mico de cerca de 50 mil milh\u00f5es de euros e criar 117.000 novos postos de trabalho entre 2030 e 2050.Lorenzo Tavazzi, s\u00f3cio principal do Grupo Teha que participou no estudo, explicou \u00e0 Euronews que o nuclear e as energias renov\u00e1veis podem trabalhar em conjunto. \u201cA energia nuclear e as energias renov\u00e1veis n\u00e3o est\u00e3o em oposi\u00e7\u00e3o, mas sim em integra\u00e7\u00e3o\u201d, afirma. \u201cIsto porque a energia nuclear pode gerar uma forma cont\u00ednua de energia, enquanto as energias renov\u00e1veis s\u00e3o intermitentes. Por isso, a integra\u00e7\u00e3o das duas fontes pode acelerar o uso de tecnologias limpas e a descarboniza\u00e7\u00e3o\u201d.O longo per\u00edodo de constru\u00e7\u00e3o, que pode chegar a dez anos, \u00e9 o foco de muitas objec\u00e7\u00f5es. \u201cA vari\u00e1vel tempo \u00e9 crucial porque tem impacto nos custos de produ\u00e7\u00e3o, pelo que o seu respeito \u00e9 fundamental\u201d, afirma Tavazzi, acrescentando que a quest\u00e3o do desenvolvimento de novas tecnologias no sector nuclear \u00e9 tamb\u00e9m uma quest\u00e3o europeia e que, por isso, as oportunidades para a ind\u00fastria italiana devem ser vistas num contexto mais amplo da UE. Algumas organiza\u00e7\u00f5es ambientalistas continuam a opor-se \u00e0 utiliza\u00e7\u00e3o da energia nuclear para a descarboniza\u00e7\u00e3o. O grupo de reflex\u00e3o italiano Ecco acredita que as tecnologias nucleares s\u00e3o demasiado caras e demoram demasiado tempo a implementar, o que as torna menos do que ideais para complementar as energias renov\u00e1veis. Michele Governatori, respons\u00e1vel pelo sector da eletricidade e do g\u00e1s da Ecco, disse \u00e0 Euronews: \u201cCada vez mais horas do dia e do ano as energias renov\u00e1veis v\u00e3o cobrir a totalidade da procura de energia. O que precisamos \u00e9 de fontes flex\u00edveis que possam ser ligadas e desligadas para complementar a disponibilidade das energias renov\u00e1veis. Mas o nuclear n\u00e3o \u00e9 flex\u00edvel\u201d, afirma. \u201cAs energias renov\u00e1veis est\u00e3o a crescer porque est\u00e3o prontas e \u00edveis. Para as integrar, precisamos de reservas flex\u00edveis e neutras em termos de carbono e de muito armazenamento, e n\u00e3o de uma tecnologia cara e r\u00edgida que requer longos per\u00edodos de implementa\u00e7\u00e3o, como \u00e9 o caso da energia nuclear\u201d, defende Governatori. Entretanto, a opini\u00e3o p\u00fablica em It\u00e1lia est\u00e1 muito dividida sobre a quest\u00e3o, tal como na Europa. Apenas um quarto da eletricidade da UE depende da energia nuclear e o debate ainda est\u00e1 em aberto. ", "dateCreated": "2024-09-13T03:26:05+02:00", "dateModified": "2024-09-13T18:31:49+02:00", "datePublished": "2024-09-13T18:31:49+02:00", "image": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F08%2F72%2F67%2F26%2F1440x810_cmsv2_32db3954-c34c-5dd7-a6b3-4246df9f0eb1-8726726.jpg", "width": "1440px", "height": "810px", "caption": "Central el\u00e9ctrica da Enel em Livorno Ferraris", "thumbnail": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F08%2F72%2F67%2F26%2F432x243_cmsv2_32db3954-c34c-5dd7-a6b3-4246df9f0eb1-8726726.jpg", "publisher": { "@type": "Organization", "name": "euronews", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png" } }, "author": { "@type": "Person", "name": "Giorgia Orlandi", "sameAs": "https://twitter.com/giorgiaorlandi_" }, "publisher": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "legalName": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": "403px", "height": "60px" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "articleSection": [ "Not\u00edcias da Europa" ], "isAccessibleForFree": "False", "hasPart": { "@type": "WebPageElement", "isAccessibleForFree": "False", "cssSelector": ".poool-content" } }, { "@type": "WebSite", "name": "Euronews.com", "url": "/", "potentialAction": { "@type": "SearchAction", "target": "/search?query={search_term_string}", "query-input": "required name=search_term_string" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] } ] }
PUBLICIDADE

Governo de Itália pondera exploração de energia nuclear

Central eléctrica da Enel em Livorno Ferraris
Central eléctrica da Enel em Livorno Ferraris Direitos de autor Antonio Calanni/AP2008
Direitos de autor Antonio Calanni/AP2008
De Giorgia Orlandi
Publicado a
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button
Copiar/colar o link embed do vídeo:Copy to clipboardCopied

O governo pretende aprovar um projeto de lei para permitir a utilização de novas tecnologias até 2025, mas a opinião pública italiana continua muito dividida sobre o tema.

PUBLICIDADE

O regresso à energia nuclear, abandonada pela Itália num referendo em 1987, tem sido repetidamente apresentado como a solução ideal para a necessidade de reduzir o consumo de combustíveis fósseis. Apesar de a maioria dos italianos ter reiterado a sua oposição no referendo de 2011, a ideia está a ser considerada pelo atual Governo, tendo em conta os desafios geopolíticos colocados pela guerra russo-ucraniana, que tornam necessário alcançar a independência energética.

O ministro do Meio Ambiente, Gilberto Pichetto Fratin, anunciou o objetivo de aprovar um projeto de lei para regulamentar o uso de novas tecnologias no setor até 2025. O governo nomeou uma equipa de peritos para estudar o quadro legislativo e está em curso uma investigação sobre o assunto na Comissão do Ambiente e na Comissão de ctividades Produtivas, Comércio e Turismo da Câmara dos Deputados.

A Euronews falou sobre o assunto com Riccardo Zucconi, deputado dos Fratelli d'Italia e membro da Comissão das Atividades Produtivas, para perceber qual é a posição do executivo sobre o assunto. "A investigação ainda está em curso”, explica Zucconi, ”e ainda falta uma indicação inequívoca e determinada. A criação de uma nova plataforma pelo Ministério da Energia é significativa, uma vez que mapeia as centrais nucleares que ainda existem tanto em Itália como na Europa”.

De acordo com Zucconi, a procura mundial de energia deverá duplicar nos próximos dez anos e as energias renováveis, por si só, não são suficientes. "Estão a surgir opções alternativas, incluindo uma nova geração de centrais mais pequenas, que devem ser seriamente consideradas”. A Itália, salienta Zucconi, não carece de know-how no sector.

De acordo com o Plano Nacional Integrado para a Energia e o Clima (Pniec) do Governo, a utilização de novos tipos de centrais poderá cobrir até 11% da procura nacional de energia até 2050.

No entanto, Zucconi sublinha a importância de envolver os cidadãos: “Estamos numa democracia e o público deve ser preparado e informado, o público deve ser ouvido sobre esta vontade”, acrescentando que as antigas grandes centrais nucleares, que muitas vezes causaram aversão na opinião pública, estão destinadas a desaparecer.

A compatibilidade entre a energia nuclear e as energias renováveis

A questão é saber até que ponto a energia nuclear pode contribuir para a transição verde e a sua compatibilidade com as energias renováveis. Segundo o documento elaborado pela Edison, Ansaldo-nucleare e o think-tank The house of Ambrosetti, publicado no recente Fórum Thea em Cernobbio, o investimento em novas centrais nucleares pode gerar um impacto económico de cerca de 50 mil milhões de euros e criar 117.000 novos postos de trabalho entre 2030 e 2050.

Lorenzo Tavazzi, sócio principal do Grupo Teha que participou no estudo, explicou à Euronews que o nuclear e as energias renováveis podem trabalhar em conjunto. “A energia nuclear e as energias renováveis não estão em oposição, mas sim em integração”, afirma. “Isto porque a energia nuclear pode gerar uma forma contínua de energia, enquanto as energias renováveis são intermitentes. Por isso, a integração das duas fontes pode acelerar o uso de tecnologias limpas e a descarbonização”.

O longo período de construção, que pode chegar a dez anos, é o foco de muitas objecções. “A variável tempo é crucial porque tem impacto nos custos de produção, pelo que o seu respeito é fundamental”, afirma Tavazzi, acrescentando que a questão do desenvolvimento de novas tecnologias no sector nuclear é também uma questão europeia e que, por isso, as oportunidades para a indústria italiana devem ser vistas num contexto mais amplo da UE.

Algumas organizações ambientalistas continuam a opor-se à utilização da energia nuclear para a descarbonização. O grupo de reflexão italiano Ecco acredita que as tecnologias nucleares são demasiado caras e demoram demasiado tempo a implementar, o que as torna menos do que ideais para complementar as energias renováveis.

Michele Governatori, responsável pelo sector da eletricidade e do gás da Ecco, disse à Euronews: “Cada vez mais horas do dia e do ano as energias renováveis vão cobrir a totalidade da procura de energia. O que precisamos é de fontes flexíveis que possam ser ligadas e desligadas para complementar a disponibilidade das energias renováveis. Mas o nuclear não é flexível”, afirma.

“As energias renováveis estão a crescer porque estão prontas e íveis. Para as integrar, precisamos de reservas flexíveis e neutras em termos de carbono e de muito armazenamento, e não de uma tecnologia cara e rígida que requer longos períodos de implementação, como é o caso da energia nuclear”, defende Governatori.

Entretanto, a opinião pública em Itália está muito dividida sobre a questão, tal como na Europa. Apenas um quarto da eletricidade da UE depende da energia nuclear e o debate ainda está em aberto.

Ir para os atalhos de ibilidade
Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

França pode vir a transformar resíduos radioativos em talheres

Manifestação em Espanha a favor da energia nuclear

O que está reservado para as instalações de energia nuclear da Europa?