A Europa precisa de aumentar a pressão sobre a Rússia por causa da guerra na Ucrânia através de sanções mais direcionadas, afirmou o ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius.
O ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, acusou esta terça-feira a Rússia de estar a tentar ganhar tempo nas negociações de paz sobre a Ucrânia, em vez de estar genuinamente interessada num cessar-fogo.
Pistorius disse aos jornalistas, em Bruxelas, que o presidente russo, Vladimir Putin, “só estava a falar de um cessar-fogo nos seus termos”, que incluem o bloqueio da adesão da Ucrânia à NATO e a retirada de Kiev dos territórios ocupados.
"Putin está claramente a ganhar tempo e, infelizmente, temos de dizer que Putin não está realmente interessado na paz", afirmou o ministro da Defesa alemão.
"Esta é a minha avaliação. Não existe um calendário", acrescentou Pistorius sobre as negociações de cessar-fogo em curso, nas quais o Kremlin se tem recusado repetidamente a aceitar um acordo de cessar-fogo de 30 dias proposto pelos EUA.
A Rússia e a Ucrânia vão iniciar "imediatamente" as negociações para o cessar-fogo, informou o presidente dos EUA, Donald Trump, na segunda-feira, após telefonemas separados com os líderes de ambos os países, com o objetivo de estimular o progresso para acabar com a guerra, que dura já há três anos. Não é claro quando ou onde as conversações poderão ter lugar ou quem participará. Putin, no entanto, referiu que o processo levará tempo.
Pistorius referiu ainda que Moscovo bombardeou ainda mais a Ucrânia desde o início das negociações, destacando o maior ataque de drones desde o início da guerra nas regiões de Kiev, Dnipropetrovsk e Donetsk, no início desta semana.
A Alemanha apoiará a União Europeia na imposição de novas sanções contra a Rússia, acrescentou ainda Pistorius.
Por outro lado, Pistorius manifestou abertura para aumentar o objetivo da Alemanha em matéria de despesas com a defesa para 5% do seu PIB - uma grande subida apregoada por Trump e um enorme salto em relação ao atual orçamento do país, que se situa em cerca de 2%.
A Alemanha não seria capaz de cumprir os objetivos da NATO com um orçamento de 3% para a defesa, indicou Pistorius, abrindo a porta a um aumento dos gastos com esse setor, se necessário.
“Não se trata de atingir 5% num ano”, mencionou Pistorius. “O plano é conseguir isso entre 5 a 7 anos, aumentando o orçamento da defesa em 0,2% por ano.”
“O mais importante é começar realmente a preencher os requisitos da NATO”, apontou ainda.
Estes comentários seguem-se aos do novo ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Johann Wadephul, que apoiou a iniciativa de Trump para que os membros da NATO aumentem as despesas com a defesa até 5% do PIB, em vez dos atuais 2%.
O chanceler Friedrich Merz também prometeu aumentar as capacidades de defesa da Alemanha, comprometendo-se a tornar a debilitada Bundeswehr no exército mais forte da Europa e a utilizar a recente flexibilização das regras do travão da dívida do país para libertar dinheiro para despesas militares.