O paradeiro de Ruth Eleonora López é desconhecido desde a sua detenção, o que suscita preocupações quanto a possíveis violações dos direitos humanos e ao enfraquecimento do Estado de direito em El Salvador.
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) manifestou "profunda preocupação" com o alegado desaparecimento forçado de Ruth Eleonora López, uma advogada salvadorenha conhecida pela sua posição crítica em relação ao governo de Nayib Bukele. López foi detida esta semana sob acusação de desvio de fundos, embora o seu paradeiro permaneça desconhecido desde o momento da detenção.
"A CIDH expressa profunda preocupação com as alegações de desaparecimento forçado da defensora de direitos humanos Ruth López, que foi detida pelas Forças de Segurança do Estado em 18 de maio por ordem istrativa do Ministério Público de El Salvador. Desde então, o seu paradeiro é desconhecido", publicou a organização na sua conta da rede social X.
López, que é chefe da unidade de anticorrupção e justiça da ONG Cristosal, foi detida pela polícia por volta das 23h de domingo, de acordo com a organização. Nem a família nem a equipa jurídica puderam confirmar a sua localização ou as condições da detenção.
Por seu lado, a Procuradoria-Geral da República limitou-se a emitir um comunicado em que confirmava a detenção de López, descrevendo-a como "conselheira de confiança e braço direito" de Eugenio Chicas, antigo juiz do Supremo Tribunal Eleitoral e ex-secretário de comunicação da Presidência. Segundo o Ministério Público, López terá estado envolvida no "roubo de fundos públicos" durante a sua colaboração com Chicas.
ONGs exigem respostas
A Cristosal denunciou o que considera ser uma "violação flagrante" dos direitos de López, exigindo que as autoridades revelem imediatamente a sua localização para dissipar as preocupações sobre a segurança. A organização também alertou para o "risco crescente" enfrentado pelos defensores dos direitos humanos em El Salvador, especialmente num contexto em que as ONG têm sido alvo de críticas diretas por parte do Presidente Bukele.
O caso suscitou o alarme de organizações e ativistas internacionais, que consideram que esta situação pode ser um reflexo da deterioração das garantias democráticas e do Estado de direito no país centro-americano.