As calorosas trocas de impressões do primeiro-ministro da Geórgia, Irakli Kobakhidze, na cimeira do E, assinalam um degelo nas relações entre a UE e a Geórgia após a pausa nas conversações de adesão.
A participação do primeiro-ministro da Geórgia, Irakli Kobakhidze, na 6ª Cimeira da Comunidade Política Europeia (E), em Tirana, na sexta-feira, marcou um degelo nas relações tensas entre Tbilisi e a União Europeia, depois de ambas as partes terem feito uma pausa nas conversações de adesão do país do Cáucaso do Sul à UE.
Um encontro curto, mas caloroso, entre o primeiro-ministro georgiano e o presidente francês, Emmanuel Macron, durante a cimeira assinalou que a Geórgia e a UE estão a virar a página das suas divergências adas.
Kobakhidze sublinhou este momento dizendo aos jornalistas que "houve um período de comunicação limitada (entre a Geórgia e a UE) e parece que os nossos parceiros europeus estavam ansiosos por restaurar os laços com a Geórgia".
O primeiro-ministro georgiano explicou o descongelamento pelo "papel vital do seu país para a Europa", acrescentando que "todos compreendem a necessidade de estabelecer relações com a Geórgia e com os seus líderes, e é provavelmente por isso que muitas iniciativas têm vindo dos líderes europeus".
"Todos devem reconhecer a importância estratégica da Geórgia para a Europa, especialmente para a zona euro. O nosso papel na região é significativo e é por isso que a necessidade de diálogo com os líderes georgianos é cada vez mais reconhecida", afirmou.
A UE concedeu à Geórgia o estatuto de país candidato em dezembro de 2023, mas suspendeu indefinidamente o seu processo de candidatura à adesão e cortou o apoio financeiro em junho ado, após a aprovação pelo país de uma lei sobre "influência estrangeira" que o bloco considerou ser de inspiração russa e autoritária, num contexto de protestos maciços contra o governo na capital Tbilisi.
Depois de ter vencido as eleições legislativas de outubro ado, Kobakhidze anunciou que a Geórgia iria suspender as discussões sobre a sua candidatura à UE até 2028, devido ao que o primeiro-ministro descreveu então como "chantagem e manipulação" por parte de alguns políticos do bloco.
Em entrevista à Euronews, em novembro, Kobakhidze disse que a bola estava do lado de Bruxelas, sublinhando que continuava "muito otimista" quanto à adesão do seu país à UE até 2030, descrevendo-a como um objetivo estratégico fundamental para a Geórgia.
Estou pronto para falar com toda a gente
Kobakhidze foi reconduzido em novembro como primeiro-ministro pelo partido no poder desde 2012, o Sonho Georgiano, mas a sua vitória eleitoral provocou grandes manifestações.
As forças da oposição - incluindo a antiga presidente da Geórgia, Salome Zourabichvili - condenaram os resultados eleitorais como uma "falsificação total" da votação. Em novembro, o Parlamento Europeu aprovou uma resolução condenando a votação e apelando à realização de novas eleições sob supervisão internacional.
Na sexta-feira, Kobakhidze anunciou que escolheu a E como "um evento importante onde as discussões se centrarão nas principais mensagens relativas aos interesses nacionais fundamentais do nosso país".
A cimeira da Comunidade Política Europeia em Tirana reúne os chefes de Estado e de Governo de cerca de 40 países, membros e não membros da UE.
"Estou pronto para falar com todos - vamos ver como se desenrola. Este formato permite-nos dialogar com muitos líderes sobre questões relacionadas com o desenvolvimento do nosso país, a estabilidade regional e a integração europeia da Geórgia", assinalou o primeiro-ministro georgiano aos líderes participantes.
Além de Macron, o vídeo da cimeira mostra também Kobakhidze a falar com a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, e com o primeiro-ministro polaco, Donald Tusk.
O primeiro-ministro georgiano também manteve conversações formais com o primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán, um apoiante de longa data do governo georgiano.
Kobakhidze explicou esta evolução política como resultado da "posição-chave" da Geórgia na região do Cáucaso do Sul.
"Ao longo dos anos, contribuímos de forma significativa para o reforço da paz e da estabilidade na região e continuamos empenhados em atuar neste espírito no futuro", afirmou Kobakhidze aos jornalistas georgianos na Albânia.
"Estamos a ligar dois países vizinhos, o Azerbaijão e a Arménia, à Europa. Além disso, a Geórgia está a realizar vários projectos importantes com os seus vizinhos que melhoram significativamente a conetividade", afirmou Kobakhidze.
"Penso que este facto é da maior importância não só para a Geórgia, mas também para a Europa e a União Europeia, uma vez que ajuda a estabelecer laços mais fortes entre a UE e a nossa região", concluiu o primeiro-ministro georgiano.