{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/2021/10/08/primeiro-ministro-da-eslovenia-defende-adesao-a-ue-dos-paises-dos-balcas" }, "headline": "Primeiro-ministro da Eslov\u00e9nia defende ades\u00e3o \u00e0 UE dos pa\u00edses dos Balc\u00e3s", "description": "Em entrevista \u00e0 euronews, o primeiro-ministro da Eslov\u00e9nia defendeu a ades\u00e3o \u00e0 UE dos pa\u00edses dos Balc\u00e3s Ocidentais.", "articleBody": "Os l\u00edderes europeus reuniram-se esta semana, na Eslov\u00e9nia, para falar da ades\u00e3o \u00e0 Uni\u00e3o Europeia (UE) dos restantes seis pa\u00edses dos Balc\u00e3s Ocidentais. Bruxelas quer afirmar-se como um ator-chave na regi\u00e3o dos Balc\u00e3s, mas, ainda n\u00e3o estabeleceu prazos concretos para o alargamento.\u00a0 A euronews entrevistou o primeiro-ministro esloveno, Janez Jan\u0161a sobre as quest\u00f5es do alargamento da UE, da imigra\u00e7\u00e3o e do Estado de direito. euronews: \u201ensa que h\u00e1 um risco de a Uni\u00e3o Europeia perder credibilidade se os pa\u00edses que est\u00e3o a alinhar-se pelos crit\u00e9rios de ades\u00e3o n\u00e3o forem autorizados a entrar no clube?\u201d Janez Jan\u0161a : \u201cSim, claro, esse risco \u00e9 \u00f3bvio. Mas, h\u00e1 alguns anos, na sequ\u00eancia do que foi decidido na Cimeira de Sal\u00f3nica de 2003, onde se concedeu a ades\u00e3o aos pa\u00edses dos Balc\u00e3s Ocidentais, o alargamento est\u00e1 a regressar \u00e0 agenda europeia. Aos poucos h\u00e1 um novo impulso\u0022. euronews : \u201cMas ainda h\u00e1 um longo caminho a percorrer, como podemos ver.\u201d Janez Jan\u0161a : \u0022Ainda h\u00e1 um longo caminho a percorrer. Mas, ap\u00f3s uma longa batalha, conseguimos colocar a palavra alargamento na declara\u00e7\u00e3o. E agora, h\u00e1 um consenso entre os 27 Estados-Membros de que o alargamento est\u00e1 em cima da mesa. N\u00e3o foi poss\u00edvel negociar um prazo de dez anos para o processo, mas, ainda n\u00e3o desistimos\u0022. Euronews : \u0022H\u00e1 tens\u00f5es crescentes na regi\u00e3o, em v\u00e1rios pa\u00edses dos Balc\u00e3s Ocidentais. A Uni\u00e3o Eurpopeia tem alguma responsabilidade nesse fen\u00f3meno, na medida em que os cidad\u00e3os desses pa\u00edses perdem a esperan\u00e7a da ades\u00e3o?\u0022 Janez Jan\u0161a : \u0022Os Balc\u00e3s Ocidentais ou os Balc\u00e3s constituem historicamente uma regi\u00e3o marcada por tens\u00f5es. As fronteiras, por exemplo, ainda s\u00e3o algo importante nos Balc\u00e3s Ocidentais. N\u00e3o antevejo nenhuma boa solu\u00e7\u00e3o, que possa ser alcan\u00e7ada por consenso, nessa regi\u00e3o e na Europa. A solu\u00e7\u00e3o para esses problemas \u00e9 as fronteiras tornarem-se menos importantes. Com a ades\u00e3o \u00e0 Uni\u00e3o Europeia as fronteiras s\u00e3o menos importantes\u0022. euronews : \u201reocupa-o a possibilidade, no caso de a Uni\u00e3o Europeia n\u00e3o mudar de rumo ou n\u00e3o estabelecer um calend\u00e1rio, um prazo espec\u00edfico para o alargamento, de esses pa\u00edses puderem virar-se para a R\u00fassia ou para a China?\u201d Janez Jan\u0161a : \u201cA Uni\u00e3o Europeia \u00e9 o maior investidor na regi\u00e3o. \u00c9 muito importante que eles tenham isso em conta. Mas nessas \u00e1reas, h\u00e1 concorrentes. H\u00e1 tamb\u00e9m, como disse, a China, a R\u00fassia, a Turquia. Eles tamb\u00e9m trazem investimentos e n\u00e3o imp\u00f5em condi\u00e7\u00f5es. N\u00f3s impomos condi\u00e7\u00f5es, normas europeias, o Estado de direito, reformas. O que est\u00e1 bem se houver luz no fim do t\u00fanel. Mas se n\u00e3o houver uma perspectiva de ades\u00e3o \u00e0 Uni\u00e3o, vamos come\u00e7ar a perder essa competi\u00e7\u00e3o, essa batalha. \u00c9 muito claro\u201d. euronews : \u201cH\u00e1 um risco real?\u201d Janez Jan\u0161a : \u0022H\u00e1 apenas uma grande vantagem do nosso lado, \u00e9 a ades\u00e3o \u00e0 UE\u0022. euronews : \u0022Vamos falar de outro tema. As quest\u00f5es da defesa e das migra\u00e7\u00f5es est\u00e3o novamente no topo da agenda. O Afeganist\u00e3o permitiu uma certa clarifica\u00e7\u00e3o de posi\u00e7\u00f5es. Comecemos pela quest\u00e3o da migra\u00e7\u00e3o. Est\u00e1 previsto um f\u00f3rum sobre reinstala\u00e7\u00e3o de cidad\u00e3os afeg\u00e3os. A Uni\u00e3o Europeia deve fazer promessas concretas para que os afeg\u00e3os migrem legalmente para a Europa, refiro-me \u00e0s pessoas que precisam de vir legalmente para a Europa?\u0022 Janez Jan\u0161a : \u201cN\u00e3o\u201d. euronews : \u201cA Uni\u00e3o Europeia deve respeitar os seus valores humanit\u00e1rios?\u201d Janez Jan\u0161a : \u201cOs Afeg\u00e3os necessitados faziam parte dessa categoria e j\u00e1 est\u00e3o na Europa. Alguns deles est\u00e3o nos Estados Unidos. Mas para todos os outros que querem imigrar para a Europa por raz\u00f5es econ\u00f3micas, n\u00e3o porque fizeram parte das miss\u00f5es da NATO, e para os que n\u00e3o est\u00e3o em perigo, temos que aplicar os procedimentos normais, eles devem cumprir os crit\u00e9rios. Nesses casos n\u00e3o se aplica os chamados corredores humanit\u00e1rios. A Uni\u00e3o Europeia n\u00e3o deve repetir o erro que alguns pa\u00edses cometeram em 2015 ap\u00f3s a guerra na S\u00edria\u0022. euronews : \u201cAcha que a Alemanha cometeu um erro em 2015\u201d? Janez Jan\u0161a : \u201cAcho que a Alemanha cometeu um erro. Imagine a Eslov\u00e9nia, um pa\u00eds com cerca de dois milh\u00f5es de pessoas. Em poucas semanas em 2015, meio milh\u00e3o de pessoas atravessaram o pa\u00eds. A nossa fronteira desmoronou-se, tal como as fronteiras de outros pa\u00edses. As consequ\u00eancias n\u00e3o dizem respeito apenas ao destino final, h\u00e1 tamb\u00e9m o processo, o caminho. Lembra-se da campanha a favor do Brexit onde se perguntava se as pessoas conheciam os criminosos que aram pela Cro\u00e1cia? A Eslov\u00e9nia foi usada pelos defensores do Brexit\u201d. euronews : \u201cDiz que o pa\u00eds foi usado. Ser\u00e1 que isso n\u00e3o faz parte da propaganda pol\u00edtica nalguns pa\u00edses da Europa?\u201d Janez Jan\u0161a : \u201c\u00c9 dif\u00edcil quando as pessoas veem milhares de militares, homens jovens, a cruzar a fronteira sem fam\u00edlia, sem mulheres, sem crian\u00e7as, serem considerados como refugiados. Isso n\u00e3o \u00e9 poss\u00edvel. N\u00e3o a ao n\u00edvel da opini\u00e3o p\u00fablica\u201d. euronews :\u00a0 H\u00e1 diferentes abordagens na Europa em rela\u00e7\u00e3o aos valores humanit\u00e1rios. Alguns Estados membros da UE dizem que querem defender o Estado de direito e outros Estados, especialmente Estados membros do leste, t\u00eam uma opini\u00e3o diferente embora tenham assinado os tratados, que descrevem claramente esses valores. O que pensa em rela\u00e7\u00e3o a isso? \u00c9 algo sustent\u00e1vel?\u0022 Janez Jan\u0161a : \u0022 H\u00e1 o que est\u00e1 escrito no tratado e depois h\u00e1 o uso pol\u00edtico ou abuso do termo Estado de Direito. Temos a carta europeia dos direitos humanos, mas em linguagem pol\u00edtica, especialmente no Parlamento Europeu, qualquer pessoa pode acrescentar o que quiser a essa lista. H\u00e1 um abuso pol\u00edtico desse termo que \u00e9 usado para fins de batalha pol\u00edtica\u0022. euronews : \u0022Mas a liberdade de imprensa e a independ\u00eancia judicial fazem parte do estado de direito\u0022. Janez Jan\u0161a : \u0022N\u00e3o. A liberdade de express\u00e3o, que inclui a liberdade de imprensa e a independ\u00eancia do sistema judicial, n\u00e3o s\u00e3o os \u00fanicos valores, fazem parte do sistema, n\u00e3o apenas da Uni\u00e3o Europeia, mas fazem parte do sistema constitucional de cada estado membro . Caso contr\u00e1rio, um pa\u00eds n\u00e3o pode tornar-se membro da Uni\u00e3o Europeia\u0022. euronews : \u0022P ensa que h\u00e1 um ataque pol\u00edtico da parte de alguns estados membros contra, por exemplo, o seu pa\u00eds, a Hungria ou a Pol\u00f3nia, por exemplo?\u0022 Janez Jan\u0161a : \u0022Se tiver a maioria no Parlamento Europeu uma maioria pol\u00edtica, pode apontar o dedo e culpar qualquer pa\u00eds. Isso n\u00e3o \u00e9 muito bom. O Parlamento Europeu \u00e9 um s\u00edtio de debates pol\u00edticos, de conflitos pol\u00edticos. N\u00e3o \u00e9 como a Comiss\u00e3o Europeia ou o Conselho Europeu. De acordo com o tratado, a Comiss\u00e3o Europeia deve ficar fora das batalhas pol\u00edticas. Era o que acontecia at\u00e9 a Comiss\u00e3o Juncker. Isso mudou, e arriscamo-nos a infringir o estado de direito porque a Comiss\u00e3o tem que ser um mediador honesto, para lidar com as quest\u00f5es\u0022. euronews : \u201cE n\u00e3o \u00e9?\u201d Janez Jan\u0161a: \u0022Nem sempre. Por exemplo, V\u011bra Jourov\u00e1, na minha opini\u00e3o, faz declara\u00e7\u00f5es que constituem uma viola\u00e7\u00e3o clara do tratado. E \u00e9 apoiada pela imprensa europeia\u201d. euronews : \u201ensa que pode continuar a moldar as pol\u00edticas europeias com pessoas que, na sua opini\u00e3o, atacam a sua abordagem da democracia?\u201d Janez Jan\u0161a : \u201enso que a Uni\u00e3o Europeia poder\u00e1 sobreviver se conseguirmos combinar esses dois n\u00edveis de decis\u00f5es democr\u00e1ticas. O n\u00edvel nacional e em segundo lugar, o n\u00edvel europeu. E \u00e0s vezes h\u00e1 conflitos neste ponto, o que \u00e9 compreens\u00edvel porque \u00e9 a primeira vez que o fazemos\u201d. ", "dateCreated": "2021-10-06T18:47:30+02:00", "dateModified": "2021-10-08T18:27:09+02:00", "datePublished": "2021-10-08T18:20:15+02:00", "image": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F06%2F13%2F15%2F20%2F1440x810_cmsv2_1f6bcbfc-2ca1-5f3e-bd5f-c8b82fb287c9-6131520.jpg", "width": "1440px", "height": "810px", "caption": "Em entrevista \u00e0 euronews, o primeiro-ministro da Eslov\u00e9nia defendeu a ades\u00e3o \u00e0 UE dos pa\u00edses dos Balc\u00e3s Ocidentais.", "thumbnail": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F06%2F13%2F15%2F20%2F432x243_cmsv2_1f6bcbfc-2ca1-5f3e-bd5f-c8b82fb287c9-6131520.jpg", "publisher": { "@type": "Organization", "name": "euronews", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png" } }, "author": { "@type": "Person", "familyName": "Koutsokosta", "givenName": "Efi", "name": "Efi Koutsokosta", "url": "/perfis/576", "worksFor": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": "403px", "height": "60px" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "sameAs": "https://www.x.com/@Efkouts", "jobTitle": "Journaliste", "memberOf": { "@type": "Organization", "name": "Equipe de langue greque" } }, "publisher": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "legalName": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": "403px", "height": "60px" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "articleSection": [ "Mundo" ], "isAccessibleForFree": "False", "hasPart": { "@type": "WebPageElement", "isAccessibleForFree": "False", "cssSelector": ".poool-content" } }, { "@type": "WebSite", "name": "Euronews.com", "url": "/", "potentialAction": { "@type": "SearchAction", "target": "/search?query={search_term_string}", "query-input": "required name=search_term_string" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] } ] }

Primeiro-ministro da Eslovénia defende adesão à UE dos países dos Balcãs

Primeiro-ministro da Eslovénia defende adesão à UE dos países dos Balcãs
Direitos de autor euronews
Direitos de autor euronews
De Efi Koutsokostaeuronews
Publicado a
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button
Copiar/colar o link embed do vídeo:Copy to clipboardCopied

Em entrevista à euronews, o primeiro-ministro da Eslovénia defendeu a adesão à UE dos países dos Balcãs Ocidentais.

Os líderes europeus reuniram-se esta semana, na Eslovénia, para falar da adesão à União Europeia (UE) dos restantes seis países dos Balcãs Ocidentais.

Bruxelas quer afirmar-se como um ator-chave na região dos Balcãs, mas, ainda não estabeleceu prazos concretos para o alargamento. A euronews entrevistou o primeiro-ministro esloveno, Janez Janša sobre as questões do alargamento da UE, da imigração e do Estado de direito.

euronews: “Pensa que há um risco de a União Europeia perder credibilidade se os países que estão a alinhar-se pelos critérios de adesão não forem autorizados a entrar no clube?”

Janez Janša: “Sim, claro, esse risco é óbvio. Mas, há alguns anos, na sequência do que foi decidido na Cimeira de Salónica de 2003, onde se concedeu a adesão aos países dos Balcãs Ocidentais, o alargamento está a regressar à agenda europeia. Aos poucos há um novo impulso".

euronews: “Mas ainda há um longo caminho a percorrer, como podemos ver.”

Janez Janša: "Ainda há um longo caminho a percorrer. Mas, após uma longa batalha, conseguimos colocar a palavra alargamento na declaração. E agora, há um consenso entre os 27 Estados-Membros de que o alargamento está em cima da mesa. Não foi possível negociar um prazo de dez anos para o processo, mas, ainda não desistimos".

Euronews: "Há tensões crescentes na região, em vários países dos Balcãs Ocidentais. A União Eurpopeia tem alguma responsabilidade nesse fenómeno, na medida em que os cidadãos desses países perdem a esperança da adesão?"

Janez Janša: "Os Balcãs Ocidentais ou os Balcãs constituem historicamente uma região marcada por tensões. As fronteiras, por exemplo, ainda são algo importante nos Balcãs Ocidentais. Não antevejo nenhuma boa solução, que possa ser alcançada por consenso, nessa região e na Europa. A solução para esses problemas é as fronteiras tornarem-se menos importantes. Com a adesão à União Europeia as fronteiras são menos importantes".

euronews: “Preocupa-o a possibilidade, no caso de a União Europeia não mudar de rumo ou não estabelecer um calendário, um prazo específico para o alargamento, de esses países puderem virar-se para a Rússia ou para a China?”

Janez Janša: “A União Europeia é o maior investidor na região. É muito importante que eles tenham isso em conta. Mas nessas áreas, há concorrentes. Há também, como disse, a China, a Rússia, a Turquia. Eles também trazem investimentos e não impõem condições. Nós impomos condições, normas europeias, o Estado de direito, reformas. O que está bem se houver luz no fim do túnel. Mas se não houver uma perspectiva de adesão à União, vamos começar a perder essa competição, essa batalha. É muito claro”.

euronews: “Há um risco real?”

Janez Janša: "Há apenas uma grande vantagem do nosso lado, é a adesão à UE".

euronews: "Vamos falar de outro tema. As questões da defesa e das migrações estão novamente no topo da agenda. O Afeganistão permitiu uma certa clarificação de posições. Comecemos pela questão da migração. Está previsto um fórum sobre reinstalação de cidadãos afegãos. A União Europeia deve fazer promessas concretas para que os afegãos migrem legalmente para a Europa, refiro-me às pessoas que precisam de vir legalmente para a Europa?"

A União Europeia não deve repetir o erro que alguns países cometeram em 2015 após a guerra na Síria.
Janez Janša
primeiro-ministro esloveno

Janez Janša: “Não”.

euronews: “A União Europeia deve respeitar os seus valores humanitários?”

Janez Janša: “Os Afegãos necessitados faziam parte dessa categoria e já estão na Europa. Alguns deles estão nos Estados Unidos. Mas para todos os outros que querem imigrar para a Europa por razões económicas, não porque fizeram parte das missões da NATO, e para os que não estão em perigo, temos que aplicar os procedimentos normais, eles devem cumprir os critérios. Nesses casos não se aplica os chamados corredores humanitários. A União Europeia não deve repetir o erro que alguns países cometeram em 2015 após a guerra na Síria".

euronews: “Acha que a Alemanha cometeu um erro em 2015”?

Janez Janša: “Acho que a Alemanha cometeu um erro. Imagine a Eslovénia, um país com cerca de dois milhões de pessoas. Em poucas semanas em 2015, meio milhão de pessoas atravessaram o país. A nossa fronteira desmoronou-se, tal como as fronteiras de outros países. As consequências não dizem respeito apenas ao destino final, há também o processo, o caminho. Lembra-se da campanha a favor do Brexit onde se perguntava se as pessoas conheciam os criminosos que aram pela Croácia? A Eslovénia foi usada pelos defensores do Brexit”.

Há o que está escrito no Tratado e depois há o uso político ou abuso do termo 'Estado de Direito'.
Janez Janša
primeiro-ministro esloveno

euronews: “Diz que o país foi usado. Será que isso não faz parte da propaganda política nalguns países da Europa?”

Janez Janša: “É difícil quando as pessoas veem milhares de militares, homens jovens, a cruzar a fronteira sem família, sem mulheres, sem crianças, serem considerados como refugiados. Isso não é possível. Não a ao nível da opinião pública”.

euronews: Há diferentes abordagens na Europa em relação aos valores humanitários. Alguns Estados membros da UE dizem que querem defender o Estado de direito e outros Estados, especialmente Estados membros do leste, têm uma opinião diferente embora tenham assinado os tratados, que descrevem claramente esses valores. O que pensa em relação a isso? É algo sustentável?"

Janez Janša: "Há o que está escrito no tratado e depois há o uso político ou abuso do termo Estado de Direito. Temos a carta europeia dos direitos humanos, mas em linguagem política, especialmente no Parlamento Europeu, qualquer pessoa pode acrescentar o que quiser a essa lista. Há um abuso político desse termo que é usado para fins de batalha política".

De acordo com o tratado, a Comissão Europeia deve ficar fora das batalhas políticas. Era o que acontecia até a Comissão Juncker. Isso mudou, e arriscamo-nos a infringir o estado de direito.
Janez Janša
primeiro-ministro esloveno

euronews: "Mas a liberdade de imprensa e a independência judicial fazem parte do estado de direito".

Janez Janša: "Não. A liberdade de expressão, que inclui a liberdade de imprensa e a independência do sistema judicial, não são os únicos valores, fazem parte do sistema, não apenas da União Europeia, mas fazem parte do sistema constitucional de cada estado membro . Caso contrário, um país não pode tornar-se membro da União Europeia".

euronews: "Pensa que há um ataque político da parte de alguns estados membros contra, por exemplo, o seu país, a Hungria ou a Polónia, por exemplo?"

Janez Janša: "Se tiver a maioria no Parlamento Europeu uma maioria política, pode apontar o dedo e culpar qualquer país. Isso não é muito bom. O Parlamento Europeu é um sítio de debates políticos, de conflitos políticos. Não é como a Comissão Europeia ou o Conselho Europeu. De acordo com o tratado, a Comissão Europeia deve ficar fora das batalhas políticas. Era o que acontecia até a Comissão Juncker. Isso mudou, e arriscamo-nos a infringir o estado de direito porque a Comissão tem que ser um mediador honesto, para lidar com as questões".

euronews: “E não é?”

Janez Janša: "Nem sempre. Por exemplo, Věra Jourová, na minha opinião, faz declarações que constituem uma violação clara do tratado. E é apoiada pela imprensa europeia”.

euronews: “Pensa que pode continuar a moldar as políticas europeias com pessoas que, na sua opinião, atacam a sua abordagem da democracia?”

Janez Janša: “Penso que a União Europeia poderá sobreviver se conseguirmos combinar esses dois níveis de decisões democráticas. O nível nacional e em segundo lugar, o nível europeu. E às vezes há conflitos neste ponto, o que é compreensível porque é a primeira vez que o fazemos”.

Ir para os atalhos de ibilidade
Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

Oposição abandona debate final da campanha na Eslovénia

A Europa e a batalha global dos dados

Recém-licenciados transformam praças públicas em pistas de dança