Embora continue a tentar aderir à UE, a Macedónia do Norte continua a encarar a parceria com os Estados Unidos como uma prioridade, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros Timčo Mucunski, ao The Europe Conversation da Euronews.
Em fevereiro, num contexto de dinâmicas geopolíticas complexas na Europa, a Macedónia do Norte absteve-se de participar em duas resoluções da ONU que condenavam a agressão russa na Ucrânia, uma decisão que reflete o alinhamento do país com o seu principal aliado, os Estados Unidos, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros do país em entrevista à Euronews.
"Nesta situação em concreto, como não houve alinhamento no âmbito da Política Externa e de Segurança Comum da União Europeia, optámos por um voto em concordância com o do nosso parceiro estratégico, os Estados Unidos", disse Mucunski, acrescentando: "Isto significa que apoiamos a Ucrânia e que apoiamos a necessidade de proteger a integridade e a soberania territoriais da Ucrânia. Também concordamos que é necessário caminhar em direção à paz."
Mucunski justificou a posição da Macedónia do Norte salientando o papel crucial da Casa Branca nas atuais negociações de cessar-fogo, reconhecendo simultaneamente a soberania da Ucrânia. "Apoiamos por completo o processo que está a ser conduzido pela istração Trump, o secretário Rubio, assim como toda a equipa, e que visa encontrar uma solução pacífica o mais rapidamente possível. Na minha opinião, os Estados Unidos têm diplomatas extremamente capazes", declarou Mucunski. "No fim de contas, a Ucrânia é uma nação soberana que deve tomar decisões por si própria", concluiu.
Apesar do empenho em manter laços fortes com os EUA, Mucunski afirmou que a Macedónia do Norte continua alinhada com os objetivos europeus. O ministro referiu que a política externa da Macedónia do Norte tem três constantes e variáveis principais que procura defender. "Uma delas é o alinhamento total com a Política Externa e de Segurança Comum da UE. A segunda é a nossa adesão à NATO. E a terceira é a nossa parceria estratégica. Temos uma parceria estratégica formal com os EUA", afirmou.
Adesão da Macedónia do Norte à UE: 20 anos depois
Há 20 anos, a Macedónia do Norte candidatou-se à adesão à UE e obteve o estatuto de país candidato, mas o processo estagnou devido a litígios com a Bulgária sobre uma alteração constitucional.
"Se tivermos a certeza de que existem garantias institucionais e de que a Bulgária, enquanto país vizinho, irá cumprir as mesmas regras que nós no que se refere à proteção dos direitos das minorias, sobretudo em relação à minoria macedónia na Bulgária, então o importante não são as alterações constitucionais, mas sim encontrar um caminho a seguir", afirmou Mucunski.
No entanto, Mucunski exigiu respostas claras: "Será esta a última cedência? Existe a garantia de que, se estas alterações constitucionais forem introduzidas, não haverá um veto seis meses ou um ano depois devido a questões bilaterais?" Skopje também enfrenta novas tensões com a Grécia devido ao nome do país, com alguns ministros a recusarem incluir o prefixo "Norte", apesar da conclusão do acordo de Prespa, que pôs fim a uma disputa de três décadas sobre o nome do país. "Nunca poderei afirmar que estou satisfeito com o Acordo de Prespa, que acredito que seja benéfico, ou que acredito ser justo mudar o nome de uma nação, especialmente no século XXI", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros, acrescentando: "Mas, no fim de contas, como ministro dos Negócios Estrangeiros e como advogado, compreendo o princípio pacta sunt servanda, ou seja, que os acordos devem ser cumpridos, sobretudo no direito internacional público. É um princípio fundamental."
Combater a influência crescente da Rússia nos Balcãs
Mucunski sublinhou a importância do alargamento da UE, nomeadamente para contrariar a influência cada vez maior da Rússia nos Balcãs. "Penso que o alargamento é necessário por muitas razões, mas do ponto de vista da segurança, uma das principais razões é a redução da influência perniciosa da Rússia na nossa região", afirmou. "A influência russa, especialmente nos Balcãs, é barata, e eles sabem como utilizá-la."
Para além dos problemas bilaterais com a Grécia e a Bulgária, a Comissão Europeia aponta também como obstáculos ao início das negociações de adesão os escassos progressos em relação ao reforço da independência do sistema judicial e as sérias preocupações com a corrupção.