Em 2021, registaram-se cerca de 47 000 mortes por suicídio na UE, segundo o Eurostat.
O número de mortes por suicídio está a diminuir na UE.
Em 2021, registaram-se cerca de 47 000 mortes por suicídio em todo o bloco de 27 países, menos 13,3% do que em 2011, quando os dados começaram a ser registados.
Isto equivale a uma média de 10,2 mortes por cada 100.000 pessoas.
"Um suicídio é um número demasiado elevado. O facto de termos tido uma diminuição da taxa de suicídio de 13% na UE e, claro, uma diminuição mais lenta do suicídio no resto do mundo, significa uma coisa e apenas uma coisa: que não devemos celebrar, mas devemos tirar as lições", disse à Euronews a Dra. Ledia Lazëri, Conselheira Regional para a Saúde Mental do Gabinete Regional da Organização Mundial de Saúde (OMS) para a Europa.
A Eslovénia registou a taxa de suicídio mais elevada da UE em 2021, com 19,8 mortes por 100 000 habitantes. Segue-se a Lituânia e a Hungria.
No extremo oposto da escala, Chipre registou as taxas de mortalidade padronizadas por suicídio mais baixas, com 2,7 mortes por 100 000 habitantes. O país está à frente da Grécia e da Itália.
A taxa de suicídio continua a ser mais elevada entre os homens do que entre as mulheres, sendo os homens responsáveis por mais de três quartos de todas as mortes por suicídio.
O número mais elevado de mortes por suicídio na UE registou-se no grupo etário dos 45 aos 64 anos, com 17 441 mortes, o que representa 37% do total, segundo o Eurostat.
Prevenção do suicídio
Apesar do sucesso na redução dos suicídios, as lacunas no tratamento das doenças mentais na Europa continuam a ser elevadas, afirmou a Dra. Ledia Lazëri, apelando ao envolvimento de outras partes interessadas para além dos profissionais de saúde na prevenção do suicídio.
"Precisamos também de uma colaboração mais forte, por exemplo, com a polícia. Precisamos de uma colaboração mais forte com a justiça e as prisões, porque um grande número de suicídios está a ocorrer em instituições como as prisões, por exemplo. E precisamos de uma boa colaboração com as escolas. Precisamos de uma boa colaboração com o local de trabalho", afirmou a Dra. Ledia Lazëri.
Em 2021, a Organização Mundial de Saúde publicou o LIVE LIFE, um guia de implementação para a prevenção do suicídio nos países, que descreve várias estratégias que se revelaram eficazes na prevenção do suicídio.
A primeira é limitar o o aos meios para completar o suicídio, tais como armas, pesticidas ou certos pontos de pontes; a segunda é colaborar com os meios de comunicação social para uma informação responsável sobre o suicídio; outra é ajudar a população com competências socio-emocionais; e por último, mas não menos importante, a quarta e última estratégia é a identificação precoce de comportamentos suicidas.
Quebrar o estigma
"Há alguns países que têm a perceção de que o suicídio aumentou. Eu diria que, em vez de haver um aumento do número de suicídios, temos uma melhor notificação de suicídios devido a um menor estigma", afirmou a Dra. Ledia Lazëri.
No entanto, em muitas culturas, "o estigma em torno do suicídio continua a ser muito, muito elevado", acrescentou.
A conselheira regional da OMS também quer desmistificar o mito entre os profissionais de saúde de que, se falarmos de suicídio com alguém, estaremos a instigar ideias suicidas nessa pessoa.
"Nunca se deve ter vergonha de falar sobre suicídio com uma pessoa que se pensa estar a pensar em suicidar-se", afirmou a Dra. Ledia Lazëri. "Dessa forma, ganha-se tempo e, provavelmente, está-se a salvar uma vida, só porque se está a falar do maior desafio dessa pessoa e a dar-lhe uma oportunidade de o eliminar."