Reaproximação entre Londres e Bruxelas, em cimeira no início da semana, traz vantagens na defesa e na economia, mas oposição britânica não quer o regresso do Reino Unido à UE. Debate com Sofia Moreira de Sousa, Paulo Cunha e Henrique Burnay
Sofia Moreira de Sousa destaca os temas principais da cimeira UE / UK, realizada no início da semana, em especial no reforço da cooperação nas áreas da defesa, energia e das pescas. “A UE e UK são vizinhos e têm uma relação de grande proximidade”. A representante da Comissão Europeia em Portugal recorda que, “no momento seguinte ao Brexit, houve uma série de ajustes, mas hoje percebem que são parceiros estratégicos, o que é essencial perante os desafios geopolíticos comuns”.
Paulo Cunha sublinha as vantagens da “reaproximação entre UE e UK, em especial na área da defesa, como se tem visto na guerra da Ucrânia” (...) É um sinal de maturidade. Como num pós-divorcio, está a haver um entendimento sobre o essencial dos dois cônjuges com filhos em comum”. Curiosamente, acrescenta, “estudos recentes no Reino Unido demonstram que os jovens são os que estão mais descontentes com as consequências do Brexit e os que mais perderam com este divorcio entre UK e UE”. O eurodeputado da AD lembra que Portugal foi dos países da UE mais afectados pelo Brexit e, por isso, pode agora beneficiar com este reforço da cooperação entre UE e UK.
Henrique Burnay afasta cenário de regresso do Reino Unido à UE, até porque “isso seria dar armas a quem defendeu o Brexit”. O cenário é o seguinte: “ada a convulsão, percebemos que queremos colaborar mais e para os britânicos há vantagens e desvantagens de estar fora da UE (...). O Brexit para nós (UE) foi mau porque os britânicos têm visão pró mercado e são importantes na área da defesa”.
Neste debate, outro tema em cima da mesa foi o caso Pfizergate e a recusa da presidente da Comissão Europeia em divulgar as mensagens que trocou com o diretor’geral da farmacêutica Pfizer durante as negociações de compra da vacina contra a covid-19. No início de maio, o Tribunal de Justiça da UE decidiu que Ursula von der Layen violou as regras da transparência. Será que a Comissão Europeia fica ferida na sua credibilidade?
Em destaque ainda as eleições legislativas em Portugal e a celebração dos 40 anos da adesão de Portugal à então CEE, na do tratado de adesão em 12 de junho de 1985.