O operador de distribuição de eletricidade E-Redes garantiu que o serviço está totalmente reposto e normalizado. Portugal retoma a vida quotidiana mas ainda é possível sentir os efeitos do apagão. O aeroporto é um dos locais mais críticos, com voos cancelados e atrasos consecutivos.
Após várias horas na escuridão, Portugal retoma a normalidade com o restabelecimento da energia elétrica. O operador de rede de distribuição E-redes garantiu na manhã desta terça-feira que o serviço foi totalmente reposto e normalizado. A mesma garantia foi dada pelo Governo, que no último ponto de situação indicou que o país "está ligado, com normalidade" e que todos os 6,4 milhões de clientes têm energia elétrica, exceto 800 por avaria não relacionada.
Num comunicado, a presidência do Conselho de Ministros refere ainda que o abastecimento de água está a funcionar em praticamente todo o país. Existem, no entanto algumas exceções como Queluz, no concelho de Sintra, que esta manhã ainda não tinha água nas torneiras.
O Conselho de Ministros reúne-se esta terça-feira para reavaliar a situação nacional.
Transportes retomados mas aeroporto ainda pode ser dor de cabeça
Após as perturbações durante o dia de ontem e até o início conturbado da manhã, os transportes públicos retomaram esta manhã.
A circulação no Metropolitano de Lisboa (ML) foi retomada na totalidade às 08h38, depois de ter estado suspensa devido ao apagão no abastecimento elétrico na segunda-feira. O Metro do Porto já tinha retomado a circulação logo às primeiras horas da manhã.
Os comboios também estão a funcionar assim como os autocarros da Carris, em Lisboa. A empresa confirmou que o serviço está totalmente operacional nos autocarros, elétricos, ascensores e elevador.
Os constrangimentos maiores am mesmo pelo aeroporto. Centenas de ageiros aguardam a entrega das respetivas bagagens no aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, que na segunda-feira não foram imediatamente desembarcadas no momento das chegadas devido ao apagão.
A maior parte dos controlos de embarque estava hoje de manhã a funcionar, mas pelo menos dez voos foram cancelados. Foram registados também vários atrasos.
Telecomunicações
Um dos serviços fortemente afetados pelo apagão foram as telecomunicações. Sem luz, sem internet e sem rede, os portugueses redescobriram como é viver sem as notificações e scroll constantes.
Uma realidade que já foi alterada, com a reposição da maior parte dos serviços.
A Vodafone "recuperou o seu serviço em todo o país", embora ainda existam "pequenos focos de perturbação na rede" que deverão ser corrigidos ao longo do dia, segundo informou a operadora.
Da mesma forma, também a MEO informou que repôs os serviços "quase na totalidade, existindo apenas algumas situações pontuais que estão em fase de resolução durante o dia".
Já a NOS garante que a sua rede está "totalmente operacional", após o apagão de segunda-feira. "As equipas da NOS trabalharam durante a noite para garantir as reconfigurações de rede necessárias ao funcionamento pleno dos serviços".
Utilizadores da rede DIGI reportam ainda algumas dificuldade com o serviço.
Saúde
A saúde foi um dos setores mais afetados, com os hospitais a viverem da energia de geradores. O corte generalizado de eletricidade obrigou ao adiamento de milhares de consultas, cirurgias e tratamentos que terão de ser reprogramados em vários hospitais.
Apesar das contigências, e com a reposição da energia, a situação encontra-se agora normalizada.
Em declarações à Lusa, o presidente da Associação Portuguesa de es Hospitalares (APAH), Xavier Barreto, disse que não foi preciso desmarcar a atividade programada para hoje e que as unidades terão agora de recuperar o que foi perdido na segunda-feira.
"Os doentes de ontem [segunda-feira] vamos remarcar e estamos hoje mesmo a apurar essas listas e a remarcá-las, em conjunto com as nossas equipas e com os nossos médicos", disse.
Escolas
Depois das perturbações nas escolas durante o dia de ontem, para hoje, a orientação do Ministério da Educação é para estas abram e funcionem dentro da normalidade.
O presidente da Associação de Diretores de Agrupamentos de Escolas Públicas, Filinto Lima, partilhou da mesma opinião, afirmando que a generalidade dos estabelecimetnso escolares portugueses pode hoje funcionar.
"Eu penso que na generalidade a maior parte das escolas públicas portuguesas, eu diria quase 100%, poderão de facto abrir as suas portas durante o dia de hoje. Com certeza deverá haver aqui uma parceria, uma interação com a proteção civil de cada localidade, de cada conselho", afirmou em entrevista à SIC Notícias.
Portal das Finanças em baixo
Um dos efeitos ainda visíveis do apagão é o portal das Finanças, que se encontra temporariamente indisponível.
O Ministério das Finanças avança, em comunicado, que decorrem atualmente "os trabalhos para repor, assim que possível, o Portal das Finanças e os sistemas informáticos que am o atendimento ao público, por forma a garantir a segurança e a normalidade do funcionamento" da Autoridade Tributária."
A falha generalizada no abastecimento de energia elétrica, que afetou o território nacional durante o dia de ontem, prejudicou o funcionamento dos sistemas informáticos da Autoridade Tributária e Aduaneira, não se tendo, contudo, verificado qualquer anomalia quanto à integridade da informação detida pela AT".
O comunicado indica ainda que "os prazos de obrigações tributárias e de procedimento tributário que terminaram durante o dia de ontem ou terminem durante o dia de hoje "poderão ser cumpridos até ao final do dia de amanhã, sem quaisquer acréscimos ou penalidades".
Espanha descarta hipótese de ciberataque e Sánchez pede investigação a Bruxelas
Apesar não serem claras as causas para o apagão que deixou Portugal e Espanha sem luz durante um dia. Ainda assim, é para já claro que não se tratou de um ciberataque, tal como foi amplamente difundido nas redes sociais.
Citado pelo El País, Eduardo Prieto, diretor de Serviços de Operação da Red Eléctrica, afirmou que com os dados analisados até ao momento e de forma “preliminar”, “podemos descartar um incidente de cibersegurança”.
“Esta manhã pudemos concluir que não houve qualquer tipo de intrusão no sistema de controlo da Red Eléctrica”, acrescentou. A empresa descarta também a possibilidade de o apagão ter sido causado por erro humano ou algum fenómeno meteorológico ou atmosférico incomum
Em declarações ao país, Pedro Sánchez garantiu que o governo investigará o ocorrido, responsabilizará os operadores privados e tomará medidas para garantir que um incidente como este nunca mais aconteça. O primeiro-ministro espanhol garantiu também que a interrupção não foi causada pela falta de energia nuclear e solicitará um relatório independente de Bruxelas.
O chefe do Governo espanhol quer saber o que se ou nesses 5 segundos em que a rede perdeu 15 megawhatts - equivalente a 60 por cento da produção, num incidente que foi suficiente para deixar a Península Ibérica praticamente às escuras.