"A Polónia deve estar preparada para todos os cenários, mesmo os mais negros, como um ataque da Rússia, mas claro que isso não significa que se concretizem", disse Tomasz Siemoniak, Ministro do Interior polaco, em declarações à Euronews.
O Primeiro-Ministro Donald Tusk declarou recentemente que a Polónia não aplicará o Pacto Europeu para a Migração e o Asilo, ao que o Comissário Europeu Magnus Brunner respondeu dizendo que o país terá de arcar com as consequências.
Em declarações à Euronews, Tomasz Siemoniak não se mostrou preocupado. "O nosso consentimento não será dado", afirmou. "Não estamos a dizer não por dizer, estamos a dizer que a Polónia acolheu um milhão de refugiados da Ucrânia durante a guerra e que isso implica custos financeiros para o nosso Estado". Varsóvia rejeita sobretudo "aceitar migrantes ou pagar se não forem aceites", explicou. Quando questionado sobre o que irá acontecer aos refugiados no dia em que a guerra terminar, afirmou que "não é certo que estas pessoas queiram realmente deixar a Polónia e regressar à Ucrânia". E acrescentou que "se considerarem a Polónia como um lugar para o futuro da sua família, da sua vida, então simplesmente ficarão aqui", mas acrescentou que era muito cedo para especular.
Siemoniak também falou sobre a situação na fronteira polaca com a Bielorrússia, que tem registado um afluxo significativo de migrantes ilegais desde 2021. "Trata-se de uma agressão híbrida. São pessoas que chegam de avião a Moscovo e a Minsk e que são conduzidas em autocarros até às imediações da fronteira, instruídas pelos serviços bielorrussos", sublinhou. O Ministro do Interior também lamentou o facto de a situação se ter agravado. "Nos últimos dias, temos vindo a assistir a um aumento do número de pessoas e a um aumento da agressividade. O clímax das agressões foi em maio ado, com o assassinato de um soldado polaco na fronteira e, neste momento, temos tido vários incidentes em que foram atiradas pedras, atirados ramos, destruídos carros, guardas fronteiriços ou o exército", afirmou.
Preparado para o pior cenário
Varsóvia, que apoia a luta da Ucrânia contra a invasão em grande escala da Rússia, tem vindo a armar-se há vários anos através de grandes aquisições de equipamento militar, incluindo caças, tanques e sistemas de defesa antimíssil dos EUA e da Coreia do Sul. Recentemente, o Primeiro-Ministro Donald Tusk anunciou exercícios militares voluntários para os cidadãos, e os ministérios devem enviar brochuras com informações sobre como se comportar em caso de emergência.
Este facto fez aumentar o receio entre a população de um possível ataque russo. "Muitas vezes, recebo esta pergunta de pessoas na rua, em várias situações. E eu respondo: Temos de fazer tudo para que não haja guerra", explicou. "Por outro lado, enquanto responsáveis pela segurança do país, temos a obrigação de agir de forma a estarmos preparados para os piores cenários".
A entrevista com Tomasz Siemoniak foi parte da inauguração da secção polaca da Euronews em Varsóvia.