Se houver uma opção para construir uma coligação com o PPE e com os Patriotas da Europa, podemos fazê-lo", disse Mateusz Morawiecki.
O antigo primeiro-ministro polaco Mateusz Morawiecki foi eleito presidente do Partido dos Conservadores e Reformistas Europeus (ECR) esta terça-feira, em Bruxelas, substituindo a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni. O ECR conta com os partidos de direita Irmãos de Itália, Lei e Justiça da Polónia e Aliança para a União dos Romenos (AUR) entre os seus 12 membros europeus, bem como o Partido Republicano dos EUA e o Likud de Israel entre os seus sete "parceiros globais".
O congresso do partido também elegeu como vice-presidentes o italiano Carlo Fidanza (Irmãos de Itália), a sa Marion Maréchal (Identité Libertés) e o romeno George Simion (AUR).
Durante uma conferência de imprensa a seguir à eleição, Morawiecki defendeu um papel mais proeminente do ECR na política europeia, afirmando que o partido iria desempenhar um papel de "ator-chave" nas relações transatlânticas devido aos laços com o Partido Republicano dos Estados Unidos.
O antigo primeiro-ministro polaco também relembrou as promessas já conhecidas do manifesto da ECR: a necessidade de reduzir a burocracia para impulsionar o desenvolvimento económico na Europa, uma posição dura em relação à migração irregular e a oposição a uma política externa comum da UE que anule o direito de veto dos Estados-membros.
O eurodeputado prevê uma cooperação mais estreita com o Partido Popular Europeu (PPE), apesar de este ser o grupo da Plataforma Cívica de Donald Tusk, o partido rival do Lei e Justiça de Morawiecki na Polónia.
"Podemos discordar do PPE em muitas questões, mas se houver uma opção para encontrar uma forma de construir uma coligação com o PPE e com os Patriotas da Europa em algumas coisas importantes para nós, podemos fazê-lo", disse Morawiecki, definindo o seu partido como "muito pragmático".
O ECR poderia ser o centro de uma nova coligação, composta pelo PPE (à esquerda) e pelos Patriotas da Europa (à direita). "Podemos cooperar com eles para o bem da Europa e para o bem dos Estados-Membros da Europa", acrescenta.
Esta coligação já se manifestou em algumas votações no Parlamento Europeu e foi apelidada de "maioria Venezuela", depois de os eurodeputados de direita se terem unido para reconhecer Edmundo Gonzálezcomo presidente da Venezuela, numa resolução simbólica e não vinculativa adotada pelo Parlamento Europeu em outubro.
Entretanto, outras forças políticas continuam empenhadas em excluir o ECR do poder. A líder do grupo Renew Europe, Valérie Hayer, excluiu qualquer cooperação com o ECR no Parlamento Europeu, mesmo que não coloque todos os partidos conservadores no mesmo patamar.
"Não há qualquer colaboração com a extrema-direita", afirmou na terça-feira, durante uma conferência de imprensa em Bruxelas, garantindo que o grupo liberal está pronto a votar contra propostas - mesmo que concorde com o conteúdo - se estas forem apresentadas pelo PPE e pelo ECR em conjunto.
Com 80 deputados no Parlamento Europeu, oriundos de 19 Estados-membros da UE, o ECR é o quarto maior grupo do hemiciclo. Os eurodeputados deste grupo dividiram-se numa votação para aprovar a nova Comissão Europeia no ano ado, com 39 eurodeputados contra, 33 a favor e quatro abstenções.
Os partidos conservadores que apoiaram a Comissão afirmam que pretendem inverter as políticas do Pacto Ecológico e adotar uma abordagem mais agressiva para travar a migração irregular.