Esta terça-feira, trabalhadores manifestam-se em frente à sede da Comissão Europeia em Madrid contra a redução da pesca de arrasto no Mediterrâneo. Pescadores acreditam que esta medida iria acabar com o setor em Espanha, destruindo 17.000 postos de trabalho.
O setor das pescas espanhol está cansado e desesperado. À criticada decisão do Tribunal de Justiça Europeu de suspender o acordo de pesca nas águas marroquinas, seguiu-se o novo plano de Bruxelas contra a pesca de arrasto no Mediterrâneo. Os pescadores espanhóis manifestram-se junto à sede da Comissão Europeia em Madrid, contra as propostas do bloco, que tenciona reduzir o número de dias de pesca autorizados ao longo da costa mediterrânica.
A União Europeia pretende reduzir em 79% o número de dias de pesca autorizados para as frotas de arrasto no Mediterrâneo. Esta medida teria um forte impacto na economia espanhola e prejudicaria o sctor, segundo as organizações que organizam a manifestação na capital.
Seria a "morte" do setor
Perante estes factos, os principais representantes dos pescadores espanhóis publicaram um manifesto no qual denunciam que o plano da UE significaria "a morte" do setor e o desaparecimento de cerca de 17 000 postos de trabalho. Além disso, desapareceriam 556 embarcações especificamente dedicadas à pesca de arrasto ao longo das costas afetadas pela medida. Os deputados instam o novo Comissário das Pescas, Costas Kadis, a pôr termo ao plano "imediatamente".
Javier Garat, presidente da Confederação Espanhola de Pesca e da Europêche, o principal sindicato de pescadores da União Europeia, afirmou em declarações à 'RTVE' que se trata de uma "sentença de morte" e que "no mandato anterior, as questões ambientais prevaleceram sobre as sociais e económicas". Os pescadores foram completamente ignorados", lamentou.
Manifestações em Madrid em frente à sede da Comissão Europeia
As manifestações frente à sede da Comissão Europeia em Madrid coincidem com o Conselho de Ministros da União Europeia onde os vários responsáveis pela pasta das pescas no continente, incluindo o espanhol Luis Planas, discutem esta medida polémica.
Bruxelas defende a redução da pesca de arrasto no âmbito do Plano Plurianual de Pesca para o Mediterrâneo Ocidental, que entrou em vigor em janeiro de 2020 com o objetivo de alcançar o rendimento máximo sustentável das espécies costeiras até 2025.
A posição do Governo espanhol
Os objetivos europeus não são partilhados pelo ministro espanhol, Luis Planas, que rejeitou "radicalmente" a proposta, tomando o partido dos pescadores espanhóis. Considera que a medida é "desfocada", pois torna "inviável" a atividade pesqueira no Mediterrâneo.
"Espanha não vai aceitar qualquer resultado que seja desfavorável aos interesses dos nossos pescadores", disse Planas aos meios de comunicação social, à chegada a Bruxelas, onde decorre o Conselho de Ministros, que começou na segunda-feira e termina hoje.
Planas não é o único ministro que se manifestou contra o regulamento. Outros países mediterrânicos, como França, Itália e Hungria, que preside ao Conselho, estão a trabalhar em conjunto para apresentar uma alternativa. "O importante é que cheguemos a um acordo entre Espanha, França e Itália", disse Planas.
"Sou um espanhol profundamente europeu e preocupa-me que sejam apresentadas propostas como esta, porque promovem as ideias daqueles que acreditam que a UE é o problema e não a solução", criticou o ministro, afirmando que, do seu ponto de vista, a solução para muitos dos nossos problemas está na UE", razão pela qual acredita que devemos"trabalhar para a sustentabilidade com o setor e não contra ele".