Protestos dos pescadores, nomeadamente em Espanha, não foram suficientes para demover o bloco sobre reduções no Mediterrâneo, mas governo espanhol conseguiu cedências face à medida inicial. Já Portugal vai poder pescar mais em 2025.
Após longas horas de negociações, a União Europeia chegou a acordo sobre as possibilidades de pesca para 2025. O acordo, alcançado já de madrugada, foi anunciado pelo Conselho da União Europeia, que "estabelece limites de captura de peixe, também conhecidos como “totais issíveis de capturas” (TAC), e limites de esforço de pesca para as unidades populacionais de peixes comerciais mais importantes".
O bloco europeu justifica as medidas com "o objetivo de assegurar a sustentabilidade a longo prazo das unidades populacionais de peixes e a proteção dos ecossistemas marinhos, limitando simultaneamente o impacto nas comunidades que dependem da pesca".
Entre os limites negociados esteve o da redução drástica dos dias de pesca de arrasto no Mediterrâneo, o ponto que levou mais tempo para ser finalizado, perante a a rejeição do governo espanhol.
A medida, que implicava a agem de 130 para 27 dias permitidos para a pesca de arrasto naquela região originou fortes protestos por parte dos pescadores espanhóis, que acusam a União Europeia de não ouvir os profissionais, garantindo que a medida significa "a morte" do setor.
O Conselho especificou que, "no que diz respeito ao Mediterrâneo Ocidental, os ministros concordaram em reduzir o esforço de pesca dos arrastões em 66% nas águas espanholas e sas e em 38% nas águas sas e italianas para proteger as populações demersais [espécies que vivem no fundo do mar], tendo também em conta o impacto socioeconómico nas frotas".
O governo espanhol terá mitigado as pretensões europeias, uma vez que os pescadores espahóis poderão manter os atuais dias de trabalho se adaptarem uma série de medidas para tornar a atividade mais sustentável, nomeadamente a alteração da malha utilizada para a pesca, o que implica um sério investimento para o setor.
O ministro das Pesca espanhol, Luis Planas, garantiu que começou a conversar com a Comissão Europeia para realizar algumas destas medidas com fundos comunitários. “Vamos procurar mecanismos de apoio público para tornar a assunção dos custos económicos da implementação destas medidas o mais leve possível”.
O comissário das Pescas da UE reconheceu que as "negociações foram longas e complexas no Mediterrâneo ocidental". Numa conferência de imprensa no final da reunião, Costas Kadis explicou que foi acordado "um plano de um mecanismo de compensação alargado que aliviará o impacto socioeconómico da redução" para a pesca de arrasto.
Portugal vai poder pescar mais em 2025
Apesar de o acordo sobre as quotas de pesca representar algumas dificuldades para os pescadores espanhós, Portugal parece ter saído beneficiado. Em 2025, o país vai poder pescar mais de 18 mil toneladas de peixe em 2025, mais 560 toneladas do que este ano.
Há novidades na pesca do bacalhau: cerca de 32 anos depois, os pescadores portugueses vão poder voltar a pescar este peixe no Canadá.
O país garantiu mais de de 6.300 toneladas de pesca de bacalhau, apesar de haver uma redução de 26 por cento na quota na região da Noruega.