Vários países estão a suspender as concessões de asilo a refugiados sírios, mas a ONU pede prudência no regresso ao país, perante a incerteza da situação.
O governo austríaco anunciou que iniciou os preparativos para um programa de repatriamento e deportação dos sírios que vivem no país.
A decisão foi tomada na sequência da suspensão dos pedidos de asilo dos refugiados sírios e surge no momento em que milhões de refugiados podem agora regressar após a queda do regime de Bashar al-Assad.
Diz Gerhard Karner, ministro austríaco do Interior: "O que está a ser preparado agora é que haverá uma definição de prioridades. A atenção centrar-se-á naqueles que se tornaram criminosos, naqueles que não se querem adaptar aos valores culturais da Europa, da Áustria ou naqueles que não querem trabalhar e, por isso, vivem apenas de prestações sociais. Estes são claramente a prioridade deste programa".
Na segunda-feira, dezenas demilhares de sírios saíram às ruas de Viena, celebrando a queda de Al-Assad. Muitos agitavam a bandeira da revolução síria com cânticos dizendo "A Síria é livre".
ONU pede "paciência e vigilância"
A Áustria não está sozinha nesta decisão de suspender os pedidos de asilo dos sírios: Alemanha, França, Reino Unido, Itália, Noruega, Dinamarca, Suécia e Suíça anunciaram a mesma medida. No entanto, a ONU pede "paciência e vigilância" no que toca ao regresso de refugiados sírios ao país. Num comunicado, o alto comissário para os refugiados, Filippo Grandi, diz que “com a situação ainda incerta, milhões de refugiados estão a avaliar cuidadosamente se é ou não seguro regressar ao país. Alguns estão ansiosos, enquanto outros estão hesitantes”, lê-se no documento. Entretanto, a Turquia anunciou a reabertura de uma agem fronteiriça para permitir o regresso dos refugiados sírios ao seu país.
Cerca de 95.000 sírios vivem na Áustria, muitos dos quais chegaram durante a crise migratória de 2015 e 2016.
O início da guerra civil em 2011 - despoletada pelo descontentamento popular e pelos protestos pró-democracia da primavera Árabe - obrigou cerca de 14 milhões de sírios a abandonar o país.