Comité das Organizações Profissionais Agrícolas da União Europeia pede apoios financeiros diretos face aos lucros excessivos dos fabricantes de fertlizantes.
O preço dos fertilizantes na União Europeia (UE) aumentou 149%, num ano.A produção de fertilizantes azotados depende do preço do gás natural, que disparou nos últimos meses.
Para Dominique Lebrun, uma agricultora belga, a fatura de uma tonelada de fertilizante está a ficar fora de alcance: "É muito complicado, com tudo o que está a acontecer, no contexto atual. O aumento dos preços da energia também fez com que o preço dos fertilizantes subisse em flecha".
" Temos de tomar decisões que não são fáceis porque se comprarmos na altura errada, ou se vendermos na altura errada, é catastrófico", disse a agricultora que é, também, vice-presidente da Federação da Agricultura da Valónia, em entrevista à euronews.
Lebrun tem uma quinta familiar de cerca de cem hectares onde produz cevada, trigo e beterraba e a agora muito tempo a analisar o mercado, tanto para a compra dos fertilizantes como para vender a sua produção.
Apoio da Comissão Europeia
Consciente do problema, a Comissão Europeia apresentou, no início do mês, uma estratégia para assegurar a disponibilidade dos fertilizantes e limitar os seus custos.
Entre as medidas estão apoio direto aos agricultores, práticas agrícolas mais sustentáveis e uma maior utilização de fertilizantes orgânicos.
Mas considerando que a Rússia e a Bielorrússia forneciam 60% dos fertilizantes da UE, e a guerra na Ucrânia está longe de terminar, ajuda de longo prazo não chega, considera a Federação Europeia de Uniões e Cooperativas Agrícolas, que pede subsídios, rapidamente, no terreno .
"Não houve qualquer menção de financiamento e os agricultores estão confrontados com custos colossais", disse Tim Cullinan, vice-presidente do Comité das Organizações Profissionais Agrícolas da União Europeia.
"Por isso, estamos a pedir que se crie um imposto sobre os lucros excessivos da indústria de fertilizantes, neste tempo de crise. É necessária maior transparência sobre que está a acontecer no setor dos fertilizantes. A Comissão deveria avançar agora com mais medidas de curto prazo", acrescentou Tim Cullinan.
Esta crise de fertilizantes ameaça a próxima colheita, que terá rendimentos mais baixos e poderá conduzir a novos aumentos dos preços dos alimentos para os consumidores.