Num novo relatório, o governo de Israel acusa vários países europeus de um aumento acentuado dos casos de antissemitismo.
De acordo com um novo relatório do governo israelita, os casos de antissemitismo aumentaram drasticamente em 2024, com alguns países a registarem um aumento de seis vezes após o ataque do Hamas de 7 de outubro e a resposta de Israel ao mesmo.
Em entrevista exclusiva à Euronews, o ministro israelita dos Assuntos da Diáspora e do Combate ao Antisemitismo, Amichai Chikli, afirmou que Espanha e Irlanda sofreram uma mudança significativa, tornando-se "os Estados mais hostis em relação ao Estado de Israel e à comunidade judaica".
Espanha, Irlanda e Noruega reconheceram oficialmente um Estado palestiniano no ano ado.
Numa entrevista exclusiva à Euronews, na semana ada, o Taoiseach irlandês Micheál Martin classificou a situação em Gaza como um "inferno na terra", acusando Israel de cometer aquilo a que chamou "crimes de guerra". O primeiro-ministro irlandês deixou ainda críticas à "falta de resposta" da UE.
Chikli rejeitou veementemente a acusação e criticou a Irlanda pela sua posição. Para Chikli, quando um dirigente irlandês "vem ao Dia da Memória do Holocausto e, em vez de falar sobre o Holocausto, fala sobre Gaza, isso é antisemitismo violento por parte de um chefe de Estado".
O mesmo se aplica à Espanha, disse Chikli, criticando a decisão de Madrid de se juntar ao processo do TPI contra Israel por alegados crimes na guerra contra o Hamas na Faixa de Gaza.
Espanha e Irlanda têm rejeitado repetidamente as acusações de Israel de antissemitismo. O ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol, José Manuel Albares, afirmou em outubro que qualquer forma de ódio contra a comunidade judaica não tem lugar no país do sul da Europa.
Em Espanha, acrescentou Albares, "existe liberdade de expressão e qualquer forma de incitamento ao ódio, incluindo o antisemitismo, não só é amplamente rejeitada, como está consagrada no código penal".
Le Pen contra Macron
O relatório do governo israelita também condenou especificamente o presidente francês, Emmanuel Macron, afirmando que os seus comentários que acusam Israel de "matar mulheres e crianças" foram utilizados para "legitimar a retórica antissemita da extrema-esquerda em França".
Chikli acusou o presidente francês de não apoiar a comunidade judaica em França, a maior da Europa e a terceira maior do mundo, depois de Israel e dos EUA. "Quando Emmanuel Macron opta por não participar no desfile da comunidade judaica contra o antissemitismo, está a enviar uma mensagem", sublinhou Chikli.
É por isso que, segundo ele, Israel encontrou apoio em parceiros que antes eram considerados inimagináveis, como a direita, incluindo o partido de extrema-direita francês Ressamblement National (RN).
"Marine Le Pen, por exemplo, conhecemos a história do seu pai, que era muito problemático em termos de antissemitismo. Mas ela decidiu seguir um caminho diferente", disse Chikli.
"Primeiro, afastou o pai do partido. E, desde 7 de outubro, participou no desfile da comunidade judaica contra o antissemitismo".
"Ela falou muito claramente contra a decisão do TPI contra (o primeiro-ministro Benjamin) Netanyahu e o ministro da Defesa (Yoav) Gallant", disse Chikli à Euronews.
É por isso que Israel vê o RN e o partido espanhol Vox como "potenciais parceiros no futuro", concluiu.