A população vai agora também começar a receber ajuda humanitária, com a entrada de mais de 600 camiões.
Os palestinianos da Faixa de Gaza aram a primeira noite sem medo de bombardeamentos dos últimos 15 meses. Muitos mostram-se aliviados com o cessar-fogo, apesar do cenário de destruição.
É o caso de Fatma Hamad. Originalmente da cidade de Rafah, na fronteira com o Egito, durante o conflito fugiu para Khan Younis. Agora é altura de regressar.
"Ficámos muito felizes no primeiro dia do cessar-fogo. Foi um dia sem bombardeamentos, sem drones. Estamos muito cansados da guerra e da destruição à nossa volta”, diz Fatma.
“O povo de Rafah sentiu-se humilhado e deslocado. Caminhámos longas distâncias”.
Durante este conflito, cerca de 90% dos 2,3 milhões de residentes da Faixa de Gaza acabaram por ter de fugir do local onde viviam, tornando-se deslocados internos.
Mas o regresso das famílias acontece num cenário de muita incerteza. Ninguém sabe ao certo se esta é uma interrupção temporária ou permanente nos conflitos.
O primeiro-ministro israelita, Bejamin Netanyhau, já sublinhou várias vezes que Israel tem o direito de voltar à guerra, caso seja necessário. Uma posição vista como uma forma de apaziguar os membros mais conservadores do governo, onde a discordância com o acordo já levou a demissões.
Outro problema é a reconstrução da Faixa de Gaza e em que condições esta vai acontecer. As Nações Unidas disseram que pode demorar mais de 350 anos, se o território permanecer sob bloqueio israelita.
Para as Nações Unidas esta é também altura de fazer regressar a ajuda humanitária, que esteve sujeita a um bloqueio durante o conflito. No domingo, o primeiro dia do cessar-fogo, entraram em Gaza 630 camiões com ajuda humanitária.
A informação foi dada pelo secretário-geral adjunto da ONU para os Assuntos Humanitários, Tom Fletcher, na rede X. Fletcher também apelou à diplomacia internacional para apoiar este trabalho.
“Precisamos que os países com influência sobre Israel, o Hamas e os grupos armados que atacaram os nossos camiões insistam (junto deles) que somos capazes de levar esta ajuda vital a quem dela necessita”, escreveu Fletcher.