Todos os ex-presidentes vivos, o secretário-geral da ONU e líderes de todo o mundo marcaram presença no funeral de Estado do antigo presidente dos EUA, que morreu a 29 de dezembro aos 100 anos.
O antigo presidente dos Estados Unidos Jimmy Carter, falecido no dia 29 de dezembro aos 100 anos, foi homenageado com um funeral de Estado na Catedral Nacional da capital norte-americana, na quinta-feira.
O primeiro-ministro canadiano Justin Trudeau esteve presente no funeral, poucos dias depois de ter anunciado a sua demissão, na sequência de semanas de pressões internas que o exortaram a abandonar o cargo. O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, também participou na cerimónia.
Todos os presidentes vivos que sucederam a Carter, incluindo o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, também estiveram presentes, assim como líderes de todo o mundo, como o presidente português Marcelo Rebelo de Sousa.
O Presidente dos EUA, Joe Biden, sentou-se na primeira fila com a primeira-dama Jill Biden, a vice-presidente Kamala Harris e o segundo cavalheiro Douglas Emhoff. Atrás deles, George W. Bush e a mulher Laura, Bill Clinton e a mulher Hillary, Barack Obama, Donald Trump e a mulher Melania. O funeral juntou atuais e antigos presidentes, rivais ferrenhos como Trump, Harris e Hillary Clinton num raro momento de solidariedade e união.
O presidente eleito Donald Trump visitou o caixão de Carter, que se encontrava no meio da Rotunda do Capitólio, para apresentar as suas condolências um dia antes.
O ainda presidente Joe Biden foi encarregado de fazer o elogio fúnebre, a menos de duas semanas de deixar o cargo. Biden proferiu uma mensagem emotiva que sublinhou a profunda relação que partilhou com o 39º Presidente dos EUA.
“Naquele dia, sentámo-nos os quatro na sala de estar e partilhámos memórias que se estenderam por quase seis décadas, uma amizade profunda que começou em 1974”, lembrou o presidente.
“Eu era um senador de 31 anos e fui o primeiro senador fora da Geórgia, talvez o primeiro, a apoiar a sua candidatura a presidente. Foi um apoio baseado naquilo que eu acredito serem os atributos duradouros de Jimmy Carter: caráter, caráter, caráter”, disse o presidente.
Biden elogiou o falecido chefe de Estado dizendo: “Somos todos falíveis. Mas trata-se de nos perguntarmos se estamos a esforçar-nos por fazer as coisas certas. Quais são os valores que animam o nosso espírito. Actuamos com base no medo ou na esperança, no ego ou na generosidade? Damos provas de graciosidade? Mantemos a fé quando ela é mais testada? Manter a fé no melhor da humanidade e no melhor da América é, na minha opinião, da minha perspetiva, a história da vida de Jimmy Carter”, continuou.
Biden disse ainda ter aprendido com Carter que a “força de caráter” é mais importante do que os títulos ou o poder. O presidente emocionado afirmou que os princípios que continua a seguir até hoje, como tratar toda a gente com dignidade e respeito e enfrentar a injustiça, foram todos traços que aprendeu com o antigo agricultor de amendoins que se tornou presidente.
O Presidente dos Estados Unidos afirmou ainda que Carter era muitas vezes alvo de descrença, criticado e incompreendido. Havia quem acreditasse que pertencia a uma “era ada”, ao ponto de o desvalorizarem pelos seus “feitos inacreditáveis”.
Tentando esclarecer as coisas, afirmou: “Na realidade, ele viu bem o futuro. Um batista branco do sul que liderou a luta pelos direitos civis. Um veterano da Marinha condecorado que mediou a paz. Um engenheiro nuclear brilhante que liderou a não-proliferação nuclear. Um agricultor trabalhador que defendeu a conservação e a energia limpa. E um presidente que redefiniu a relação com um vice-presidente”.
Biden terminou o seu elogio com uma nota pessoal, partilhando que sente a falta de Carter, “mas consola-o saber que ele e a sua amada Rosalynn (esposa de Carter) se reuniram novamente”, disse antes de se afastar do pódio e ar suavemente a mão pelo caixão de Carter.
O caixão de Jimmy Carter foi novamente colocado num avião após a cerimónia de Estado, tendo sido transportado para a sua cidade natal, Plains, na Geórgia. O falecido presidente irá receber uma última homenagem, um funeral privado com a sua família e amigos.
Jimmy Carter, que morreu a 29 de dezembro com 100 anos de idade, será enterrado ao lado da mulher com quem viveu 77 anos, na sua cidade natal, onde nasceram, cresceram, viveram grande parte das suas vidas e morreram.