Greves na Função Pública duram 24 horas, entre as 00h00 e as 23h59, e tem vindo a causar constrangimentos em vários setores de atividade. Em causa paralisações convocadas por diferentes estruturas sindicais. A Euronews sistematiza, neste artigo, o que já se sabe sobre o impacto destas iniciativas.
A semana termina com constrangimentos em vários setores, graças às greves, desta sexta-feira, de trabalhadores da istração pública. Com a duração de 24 horas, as paralisações estão a ter maior impacto na saúde, na educação e nos transportes.
Em causa estão greves convocadas por duas estruturas sindicais distintas. Uma delas foi inicitiva da Federação Nacional de Sindicatos Independentes da istração Pública e de Entidades com Fins Públicos (Fesinap), que abrange todo o país e a globalidade dos trabalhadores da istração central, regional e local. A outra, convocada pela Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais (FNSTFPS), engloba os “trabalhadores da saúde”.
Em declarações à agência Lusa, o vice-secretário-geral da Fesinap, Helder Sá, tinha antecipado, na terça-feira, que se esperava que “a educação, incluindo professores, e a saúde, incluindo médicos e enfermeiros”, fossem as atividades mais afetadas, tal “como acontece recorrentemente”. Já esta manhã, o mesmo representante sindical estimou uma adesão à greve na ordem dos 60%.
Para esta sexta-feira, foi igualmente convocada uma greve pelo Sindicato Nacional dos Maquinistas dos Caminhos de Ferro Portugueses (SMAQ), com impacto expectável sobre os serviços da , Fertagus, Metro do Sul do Tejo, Via Porto, mas também nas empresas ferroviárias de mercadorias.
A Euronews sistematiza, neste artigo, o que já se sabe sobre o principal impacto destas iniciativas.
Saúde
Num ponto de situação feito na manhã desta sexta-feira, Elisabete Gonçalves, da comissão executiva da Fesinap, revelou à agência Lusa que a greve dos trabalhadores da saúde contava com uma adesão na ordem dos 80%, que motivou o encerramento de serviços e o adiamento de cirurgias, exames e consultas.
Considerando as diferentes regiões do país, a mesma dirigente sindical detalhou que a adesão rondou os 90% no Norte do país, os 85% na Área Metropolitana de Lisboa e os 80% na região Centro. No Sul do país, a percentagem foi ligeiramente mais baixa (entre os 75% e os 80%). Pelo que, contas feitas, considera-se “uma boa adesão à greve” até ao momento, revelou Elisabete Gonçalves.
Apesar da abragência desta greve, estão previstos serviços mínimos em hospitais, centros de saúde, Unidades Locais de Saúde e no INEM.
Entre as principais reivindicações dos trabalhadores do setor da saúde estão a abertura dos processos negociais com o Governo, a valorização das carreira e a contratação de trabalhadores para o setor.
Educação
Também o setor da educação tem vindo a ser afetado pelas greves desta sexta-feira. Quem o diz é o vice-secretário-geral da Fesinap, Helder Sá, que detalhou que algumas escolas fecharam e outras encontram-se a operar a meio gás na sequência da paralisação. Ainda assim, outros estabelecimentos de ensino encontram-se a funcionar sem constrangimentos, revelou hoje à Lusa.
Em declarações à rádio Observador, o presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), Filinto Lima, considerou ser necessário “que a tutela chegasse rapidamente a acordo com os sindicatos dos funcionários” para que estas paralisações deixassem de acontecer, com impacto na aprendizagem dos alunos.
“É preciso que os nossos funcionários tenham melhores vencimentos, que sejam mais apoiados, que tenham formação, que tenham uma carreira. É necessário que isso aconteça, mas tem de haver diálogo”, detalhou ainda Filinto Lima.
De recordar que a principal reivindicação do setor a pela valorização das carreiras. O protesto surge já depois de o ministro da Educação, Fernando Alexandre, ter anunciado que a tutela pretende que os trabalhadores que lidam diretamente com os alunos possam dedicar-se, em exclusivo, às funções educativas. Mas afastou, ainda assim, a criação de uma carreira especial.
Transportes
A greve do SMAQ está, de facto, a ter consequências nas viagens dos utilizadores de transportes públicos esta sexta-feira. Entre as 00h00 e as 10h00, a greve dos maquinistas da – Comboios de Portugal levou à supressão de 274 comboios dos 412 programados, segundo dados enviados à Lusa pela empresa. O equivalente, portanto, a 66,5% dos comboios previstos.
De recordar que a paralisação foi convocada pela SMAQ para esta sexta-feira mas, segundo comunicado do pré-aviso de greve, teria “impactos” no dia anterior e posterior – quinta-feira e sábado – “nas sete empresas onde tem representação: – EPE, Fertagus, MTS – Metro do Sul do Tejo, ViaPorto, Captrain, Medway e IP – Infraestruturas de Portugal”.
Paralisação que surge com o intuito de “reivindicar melhores condições laborais e salariais”, mas também “defender a honra e o respeito profissional” destes funcionários.
Uma iniciativa que surgiu, além do mais, na sequência de declarações do ministro da Presidência, António Leitão Amaro, quando afirmou que “Portugal tem o segundo pior desempenho ao nível do número por quilómetro de ferrovia de acidentes que ocorrem”.
A que se seguiu uma aprovação, por parte do Governo, de “medidas de contraordenação para os maquinistas deste transporte ferroviário, criando uma proibição de condução sob o efeito de álcool”, revelou o governante, em conferência de imprensa após o Conselho de Ministros de 14 de novembro.