Manifestação, que assumiu contornos violentos, levou o governo a suspender as negociações previstas com os sindicatos, alegando que "não negoceia sob coação". Bombeiros profissionais exigem valorização das carreiras numa negociação sem data para ser retomada.
Uma manifestação de bombeiros sapadores assumiu contornos violentos na manhã desta terça-feira, em Lisboa, quando o grupo rompeu o cordão policial e começou a rebentar petardos e bombas de fumo.
A maifestação, não comunicada às autoridades, começou no quartel de Alvalade e seguiu para a nova sede do governo, na antiga sede da Caixa Geral de Depósitos, na Avenida João XXI em Lisboa. Entre as palavras de ordem inscritas nas tarjas exibidas pelos bombeiros lia-se "Está a arder? em a chamar os políticos", ou ainda "Enquanto salvamos vidas, o governo brinca com as nossas". Os manifestantes chamavam também "aldrabões" e "corruptos" aos responsáveis políticos.
A polícia formou um cordão que os bombeiros em protesto romperam facilmente, tendo-se concentrado à porta do edifício Campus XXI, onde decorria uma reunião do governo. O grupo promete agora seguir para a Assembleia da República. O dispositivo policial foi entretanto reforçado, para impedir que os manifestantes entrassem no edifício.
Negociações sem data para serem retomadas
O protesto acontece no dia em que em que estava prevista uma reunião entre representantes do governo e dos sindicatos dos bombeiros. Os bombeiros profissionais exigem uma valorização das carreiras, que não são revistas há mais de 20 anos.
O governo decidiu suspender de imediato as reuniões, alegando que "não negoceia sob coação".
Os sindicatos ainda aguardaram pela realização da reunião até que lhes foi comunicada a suspensão do encontro de hoje e também de todo o processo negocial com os profissionais, sem que haja, até ao momento, data para as conversações serem retomadas.
A decisão foi comunicado pelos sindicatos aos profissionais que se manifestavam nas ruas de Lisboa.
“Toda a negociação está suspensa até ordem em contrário. Não há data para reatar as negociações, vamos ter que analisar entre todos os sindicatos”, afirmou Leonel Mateus, do Sindicato Nacional dos Bombeiros Sapadores que garantiu que todas as formas de luta, incluindo greves, estão agora em cima da mesa.
PSP comunica protesto ao Ministério Público
A Polícia de Segurança Pública (PSP) vai elaborar comunicar os protestos realizados pelos bombeiros ao Ministério Público. Segundo explica o Comando Metropolitano de Lisboa (COMETLIS) em comunicado, será elaborado um Auto de Notícia sobre a “manifestação não legalmente comunicada” dos bombeiros sapadores e remetê-lo ao Ministério Público (MP), “com a identificação dos diversos organizadores e participantes”.
A manifestação não foi comunicada pelas vias legais, com o COMETLIS a explicar que que a “PSP só teve conhecimento desta manifestação através das redes sociais, tendo, com base nessa informação, estabelecido um dispositivo policial, no sentido de garantir a segurança e ordem pública”.
No comunicado é possível ler ainda que a PSP “considera inadequados este tipo de protestos que vão contra as disposições legais em vigor, facto agravado pela utilização, por parte dos manifestantes, de artigos de pirotecnia (factos que serão devidamente identificados no Auto de Notícia a remeter ao MP) que colocaram em risco a integridade física dos polícias (que se encontram no local para proteger pessoas e bens), dos jornalistas que se encontram a desempenhar a sua missão de prestação de informação e demais cidadãos surpreendidos, na via pública, por esta ação”.