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Escritora afegã no exílio tenta ajudar a resgatar pessoas do país natal

Escritora afegã no exílio tenta ajudar a resgatar pessoas do país natal
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De Anelise Borgeseuronews
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As notícias de aviões que conseguem resgatar pessoas do Afeganistão dão esperança a Nadia Ghulam. A autora de "O Segredo do Meu Turbante" vive em Espanha, onde desespera pela saída de alguns familiares do país natal.

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As notícias de aviões que conseguem resgatar pessoas do Afeganistão dão esperança a Nadia Ghulam. A autora de "O Segredo do Meu Turbante" vive em Espanha, onde desespera pela saída de alguns familiares do país natal.

“O meu pai e a minha mãe não puderam vir. O meu pai tem uma doença mental. E a minha mãe tem vários problemas, mas o principal é que não consegue andar. Quando lhes disse que tinha a possibilidade de tirá-los de lá... a minha mãe disse salva aqueles que podem ter um futuro, e a mim deixa-me porque eles não podem fazer nada contra mim", afirma a escritora afegã no exílio. 

Eles são os talibãs. Chegaram ao poder pela primeira vez quando Nadia tinha 11 anos. Uma bomba destruiu a casa e o sustento da família. O seu irmão morreu. Nadia ficou desfigurada e com a sobrevivência da família a seu cargo...

“Eles diziam que as mulheres não podiam trabalhar, não podiam estudar, não podiam sair de casa. Eu não sabia o que fazer. O meu irmão tinha morrido. O meu pai estava louco, com uma doença psiquiátrica", conta Nadia.

"Então, decidi usar roupas masculinas durante um dia. Achei que seria só por um dia, que amanhã as coisas iriam mudar. Voltaria a ser a Nádia e continuaria a minha vida. Durante 10 anos tive de viver como um homem, trabalhar como um homem ... Perdi a minha identidade. Perdi parte da minha infância e toda a minha adolescência", vinca. 

Duas décadas mais tarde, Nadia Ghulam trabalha dia e noite para tentar retirar o máximo de pessoas do Afeganistão, novamente controlado pelos talibãs, pois não acredita que eles tenham mudado.

“Acredito que eles se tornaram piores, que aprenderam a mentir. Antes eles eram tão ignorantes que tudo o que faziam, faziam em público - sem se esconderem. Neste momento, em Cabul, procuram famílias, mulheres e pessoas que trabalharam para o governo anterior ou que colaboraram com uma organização internacional ou com a imprensa. Todas essas pessoas estão a desaparecer uma a uma. E eles continuam a dizer - nós não fizemos nada. Porque aprenderam a mentir", acusa. 

Nadia enviou um tweet ao primeiro-ministro espanhol. Uma mensagem que adicionou seis mulheres da sua família à lista de pessoas a serem retiradas do Afeganistão. Mas diz que a sua batalha ainda agora começou. "Consegui salvar seis vidas e dar-lhes um futuro melhor, porque essas meninas poderão estudar, ir para a universidade e ser livres. Para mim todas as mulheres do Afeganistão são a minha família. E se elas não estiverem bem. Eu não vou ficar bem". 

Agora procuro lutar pelas suas vidas, pela sua liberdade. Não posso ficar quieta. Não posso estar aqui e esquecer essas outras mulheres porque me identifico com a dor delas. Essa dor está em mim, nas minhas cicatrizes físicas e psicológicas. E isso eu não vou esquecer. ”

Nadia Ghulam nasceu em Cabul, no Afeganistão, em 1985. Vive atualmente na Catalunha.

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