Ira da população diz também respeito à resposta do governo face à pandemia de Covid-19.
No Brasil, o dia 13 de maio, em que se celebra a abolição da escravatura, foi o pretexto para manifestações contra o racismo e contra a violência da polícia, com a chacina na favela do Jacarezinho, no Rio de Janeiro, ainda bem presente.
No Rio e em São Paulo, as duas maiores cidades do país, as marchas juntaram centenas de pessoas pedindo justiça e retomando as palavras de ordem do movimento iniciado nos Estados Unidos "Black Lives Matter" (vidas negras importam). Para muitos, mesmo se a escravatura foi abolida em 1888 com a Lei Áurea, continua a haver muito por fazer, como diz Monique Cunha, uma das participantes na manifestação no Rio: "Não podemos falar em dia da abolição, porque continuamos a ser assassinados".
Gestão da pandemia debaixo de fogo
O governo de Jair Bolsonaro está a ser atacado não só por este tema como também pela resposta, considerada pouco eficaz, à pandemia de Covid-19.
O diretor-geral da Pfizer para a América Latina esteve na Comissão Parlamentar de Inquérito e confirmou que a farmacêutica norte-americana fez várias propostas ao governo brasileiro para o fornecimento de vacinas, propostas essas ignoradas pelo governo, que só retomou o o com a empresa vários meses depois. A Covid-19 já matou no Brasil mais de 430 mil pessoas.