(A hora indicada é a a hora alemã, -1h em Portugal continental)
01h28, 23/9/2013 – Resumo da noite eleitoral alemã
Com as 299 circunscrições escrutinadas, os resultados finais são:
- CDU/CSU (cristão-democratas): 41,5%
- SPD (social-democratas): 25,7%
- Die Linke (Esquerda): 8,6%
- Verdes: 8,4%
- FDP (Liberais): 4,8%
- AfD (eurocéticos): 4,7%
Angela Merkel vai, pois, continuar a governar a Alemanha. A CDU, partido da atual chanceler, é a grande vencedora das legislativas deste domingo. A CDU e o parceiro da Baviera CSU tiveram uma votação a rondar os 42%, tendo ficado muito próximos da maioria absoluta. Mas só nos próximos dias se vai saber se a CDU/CSU parte para o governo sozinha ou se procura um parceiro de coligação.
Isto porque os liberais do FDP, parceiros da CDU na atual coligação, são os grandes derrotados da noite: não conseguiram sequer os 5% necessários para se manterem no Bundestag, eles que tinham alcançado 14,6% nas eleições de 2009.
Quanto aos social-democratas de Peer Steinbrück tiveram um resultado apenas ligeiramente melhor do que o das últimas eleições, o que, na prática, se traduz pelo segundo pior desde a II Guerra Mundial.
Angela Merkel não escondeu a satisfação pelo resultado: “Meus amigos, este júbilo mostra que podemos estar felizes. Este resultado é fantástico. Queria agradecer a todos os eleitores que deram este fantástico resultado à CDU e que depositaram em nós esta grande confiança. Prometo honrá-la com confiança e responsabilidade. Muito obrigada.”
Angela Merkel, “Angie” para os amigos ou “mutti der Nation” (A mamã da nação), conseguiu guiar o país na crise financeira sem que esta se tenha feito sentir com a virulência que atingiu outros países e venceu as eleições graças à sua popularidade interfronteiriça.
23h31 – Reportagem na sede do SPD
Foi um “urra!” inesperado que se ouviu no edifício Willy Brandt, a sede do SPD, quando as primeiras projeções surgiram no ecrã. A excitação não se deveu aos resultados dos social-democratas, mas sim ao facto de os liberais do FDP não conseguirem voltar a sentar-se no Bundestag. Trinta anos depois da coligação com Helmut Schmidt, o FDP continua a não ser visto com bons olhos por uma grande parte dos social-democratas.
Os resultados do partido, esses, foram recebidos com um certo desapontamento. Um pouco melhores do que os alcançados nas últimas eleições, mas não o suficiente para festejar. Peer Steinbrück, o candidato do SPD e principal adversário de Merkel, afirmou: “Alcançámos um resultado melhor do que em 2009.” Um eufemismo, quando na prática se sabe que é apenas o segundo pior resultado do partido desde a II Guerra Mundial.
À primeira vista, o resultado do SPD parece colocar o partido numa boa posição para um governo de grande coligação. Mas olhando melhor, percebe-se que os democratas-cristãos ainda podem alcançar a maioria absoluta o que significa que Angela Merkel pode, eventualmente, governar sem os social-democratas.
Pouco a pouco, o silêncio começa a instalar-se no edifício Willy Brandt. Duas mulheres jovens falam entre si: “Merkel com maioria absoluta, isso é assustador”. A outra responde: “Quase espero que a AfD [os eurocéticos da Alternativa para a Alemanha] consiga entrar no parlamento. Pelo menos, evita-se a grande coligação.”
(Reportagem de Olaf Bruns, um dos enviados especiais da euronews a Berlim)
23h23 – Revista de imprensa
Os principais jornais alemães já fizeram as manchetes desta segunda-feira.
Eis aqui alguns exemplos:
- “A República Merkel” é o título da edição online do Speigel, que acrescenta: “Deutschland [Alemanha] é decididamente a Angela-Merkel-Land”
- “O triunfo pessoal de Merkel” é enfatizado pelo jornal de centro-esquerda, Süddeutsche Zeitung, pelo Die Welt e ainda pelo semanário Die Zeit. O Süddeutsche Zeitung fala mesmo de “Merkelismo”, após 8 anos no poder para a chanceler.
- O Bild qualifica Merkel de “mais potente do que nunca”.
22h47 – A maioria absoluta parece afastar-se de Angela Merkel. As projeções das duas principais televisões do país, ARD (realizadas pelo instituto Infratest dimap) e ZDF (que utiliza o instituto Forschungsgruppe Wahlen), recuam nas previsões da CDU, que não alcançará mais de 41,9% dos votos, o que lhe dará entre 296 e 301 assentos no Bundestag, tão perto e tão longe dos 304 necessário para a maioria absoluta. A formação da chanceler chegou a estar creditada de 42,5%.
Segundo as novas projeções, os votos repartir-se-ão desta forma:
- CDU/CSU: entre 41,7% e 41,9%
- SPD: entre 25,6% e 25,7%
- Die Linke (Esquerda): 8,5%
- Verdes: 8,4%
- AfD (eurocéticos):4,8%
- FDP: entre 4,7% e 4,8%
- Todos os restantes partidos: entre 5,9% e 6,3%
22h30 – O governo britânico também já reagiu à reeleição da chanceler alemã. Em comunicado do ministério dos Negócios Estrangeiros, Londres diz-se disposta a “trabalhar de maneira próxima” com Angela Merkel. “Enquanto parceira na Nato e na União Europeia, a Alemanha é um aliado importante” e “ a relação [entre Berlim e Londres] é crucial para a segurança e prosperidade de ambos os países”, pode ler-se no comunicado.
22h18 – Reportagem na sede da CDU
O ambiente está ao rubro na sede da CDU. No edifício Konrad Adenauer, em Berlim, centenas de apoiantes de Angela Merkel celebram a vitória com cerveja, vinho, salsichas e bretzels. De cada vez que as televisões mostram novas projeções de resultados a assistência exulta.
Quando Angela Merkel surgiu no palco por volta das 21h locais (menos uma em Lisboa) foi acolhida com euforia e a Juventude Cristã-Democrata conseguiu mesmo pô-la a dançar por momentos! O secretário-geral da CDU, Hermann Gröhe, quiz subir ao palco com uma bandeira alemã mas a chanceler tirou-lhe a bandeira das mãos e deu-a ao público. Segundo o camaramen da euronews, no local, Angela Merkel não é conhecida por ser uma pessoa festiva.
Dezenas de jornalistas do mundo inteiro estão na sede da CDU, com vários diretos para vários meios de comunicação e a noite promete ser longa.
(Reportagem de Lena Roche, uma das enviadas especiais da euronews a Berlim).
21h51 – O embaixador português em Berlim, Luís Almeida Sampaio, considerou hoje que o eleitorado alemão “sem surpresas, aposta na estabilidade e na continuidade”. O diplomata afirmou que os alemães mostraram que prezam “a previsibilidade e a estabilidade, o contrário da inquietação”. Luís Almeida Sampaio acrescentou que Portugal e os portugueses “estão cada vez mais ligados ao destino dos alemães” e afirmou que “a comunidade portuguesa só pode beneficiar com a estabilidade política e social”. (Lusa)
21h20 – Angela Merkel apresenta-se, novamente, na sede da CDU, onde o ambiente é, obviamente, de festa. Com um grande sorriso estampado no rosto, a chanceler bate palmas ao som da música enquanto os militantes e simpatizantes do partido gritam: “Angie, Angie”!
“Hoje vamos festejar e amanhã vamos voltar a trabalhar. E depois de amanhã… trabalhar, outra vez”, começou por dizer Angela Merkel, que acrescentou “temos uma grande responsabilidade e sabemos que temos de lidar com ela”. Foram apenas duas ou três frases, para comemorar a vitória. Uma aparição breve e muito aplaudida.
21h03 – O líder do FDP, Philipp Rösler, já assumiu a grande derrota do seu partido. “Este é, claramente, o pior resultado que o FDP jamais teve”, assumiu Rösler perante os militantes e simpatizantes liberais que, na sede do partido, não escondiam a desilusão. Em muitos rostos, escorriam mesmo lágrimas de tristeza. Com 14,6% dos votos, em 2009, os liberais não esperavam ficar fora do parlamento, mas tudo indica que é isso que vai acontecer, já que o partido está creditado com apenas 4,5% dos votos, menos do que os 5% necessários para ter assento no Bundestag.
20h48 – Angela Merkel sai igualmente vencedora de voto insólito, realizado no Instituto Goethe de Lisboa, reporta a agência noticiosa sa AFP. Uma centena de portugueses foi convidada a simular um voto simbólico nas eleições alemães. A chanceler recolheu 40% dos votos, contra apenas 21% para o seu adversário social-democrata do SPD, Peer Steinbrück. Apesar das críticas de que Angela Merkel é regulamente alvo, por parte dos portugueses, uma boa parte dos convivas que se reuniram, amicalmente, na esplanada do Instituto Goethe, considera que a chanceler é a melhor solução para a Alemanha e para Portugal.
20h35 – As reações e as mensagens de parabéns a Angela Merkel começam a chegar de toda a Europa.
A primeira reação foi a do presidente francês, François Hollande (19h35).
Mas outras começaram a chegar. O presidente do Conselho Europeu já felicitou a chanceler pelo seu terceiro mandato. Herman Van Rompuy diz-se “ansioso de continuar a colaborar estreitamente com Angela Merkel”, e acrescenta: “Tenho confiança no facto de que a Alemanha, com o seu novo governo, manterá o compromisso e a contribuição para a construção de uma Europa pacífica e próspera, ao serviço de todos os cidadãos europeus.”
O comissário europeu para o Mercado Interno, o francês Michel Barnier desejou, por seu lado, “uma boa viagem europeia à Alemanha e ao seu povo nos próximos quatro anos e felicitou Angela Merkel “do fundo do coração” pela vitória eleitoral.
De Viena, na Áustria, também chegaram as felicitações do chanceler federal e líder do Partido Social-Democrata austríaco, Werner Faymann.
20h08 – Mais recentes projeções:
- CDU/CSU, cristão-democratas de Angela Merkel: 42,4%
- SPD, social-democratas de Peer Steinbrück: 26,4%
- Die Linke (Esquerda): 8,3%
- Verdes: 8,2%
- Alternativa para a Alemanha, eurocéticos: 4,9%
- FDP, liberais: 4,5%
19h35 – O presidente francês François Hollande já felicitou Angela Merkel pela vitória nas eleições alemãs e convida a chanceler a visitar Paris assim que o novo executivo esteja formado
19h06 – Algumas projeções alemãs indicam que a CDU de Angela Merkel poderá mesmo alcançar a maioria absoluta no Bundestag, devido ao sistema eleitoral misto (proporcional e direto).
A União Cristã-Democrata e os aliados bávaros da União Cristã-Social (CSU) poderão alcançar a maioria absoluta no Bundestag por entre 1 e 3 assentos, segundo as projeções dos media alemães, que se baseam sobre uma câmara baixa do Parlamento entre 606 e 598 assentos.
Devido ao sistema eleitoral misto, o número de assentos do Bundestag não é fixo, podendo aumentar em função dos chamados “mandatos excedentários”.
A confirmar-se, será a primeira vez desde Konrad Adenauer (1957) que um partido obterá maioria absoluta no Bundestag.
18h51 – Na sua primeira reação, Peer Steinbrück recorda os valores defendidos pelo seu partido, o SPD. Uma forma de mensagem enviada a Angela Merkel em como os liberais não abrirão mão das suas reinvindicações mais fortes, como a instituição de um salário mínino, por exemplo.
18h46 – Angela Merkel fala, pela primeira vez, desde os primeiros resultados. A chanceler promete honrar a confiança depositada no seu partido, que obteve um “super resultado”. Merkel promete ainda “mais 4 anos de sucesso”.
A CDU terá alcançado mais de 42,5% dos votos, o resultado mais forte desde 1990. Contudo, se se confirmar que os aliados liberais do FDP não alcançam os 5% necessários para terem assento no Bundestag, Angela Merkel terá a opção entre formar um governo minoritário ou negociar uma coligação com o SPD, com quem já governou entre 2005-2009. Negociações que podem durar meses e levar à formação de um governo um pouco mais à esquerda, onde a adoção de um salário mínimo nacional e um aumento dos impostos para os rendimentos mais elevados estarão, de novo, na ordem do dia.
18h18 – Os cerca de duzentos cidadãos alemães reunidos no instituto Goethe, em Lisboa, para acompanhar as primeiras projeções relativas às eleições na Alemanha revelaram contentamento face à queda do voto nos liberais e surpresa face ao resultado ddos eurocéticos, perto de entrar no Parlamento. A comunidade alemã em Portugal ronda os 25.000 cidadãos, na maioria residentes no Sul do país. (LUSA)
18h17 – Primeiras projeções oficiais:
- CDU: 42,3%;
- SPD: 26,3%;
- Die Linke (Esquerda):8,5%;
- Verdes: 8%;
- AfD (eurocéticos):4,8%; FDP:4,5%.
18h05 – Primeiras projeções:
- CDU: 42,5%;
- SPD 26,5%;
- Die Linke (a Esquerda): 8,5%;
- Verdes 8%;
- AfD (Alternativa para a Alemanha), eurocéticos: 4,8%;
- FDP (liberais): 4,5%.
Se os liberais do FDP, aliados dos conservadores, não conseguirem pelo menos 5% dos votos, não têm assento no parlamento e deixam a CDU de Angela Merkel numa posição difícil para formar governo. Os cristãos-democratas têm contado, durante a campanha, com os aliados liberais para a formação do governo.
Se se confirmar que o FDP não alcança os 5%, será a primeira vez, na História da Alemanha Federal, que os liberais não estarão representados no Bundestag.
17h56 – As projeções à boca das urnas dão 42% para a CDU, de Angela Merkel, e menos de 5% para os aliados liberais. Os grandes rivais do SPD terão 26,5% dos votos. Quanto à Alternativa para a Alemanha (AfD), um novo partido eurocético, terá ultraado a barreira crítica dos 5% dos votos no sistema de representação proporcional, o que lhe dá o aos assentos do Bundestag.
Contexto das eleições alemães
Mais de 61 milhões dos 82 milhões de alemães foram hoje chamados às urnas para elegerem os membros do 18.° Bundestag – a câmara baixa do Parlamento.
São os membros do parlamento que elegem, por sua vez, o chefe do governo alemão que, tudo indica, será novamente a chanceler alemã, Angela Merkel.
Candidata a um terceiro mandato, a CDU alemã, poderá ser a única força política, na Europa, a ser reeleita apesar da crise. Espanha, França, Itália ou Reino Unido viram operar-se uma mudança de executivo nos escrutínios que se seguiram ao início da crise financeira, que estoirou em 2008.
No entanto, tudo indica que, desta vez, os cristão-democratas de Angela Merkel e os seus aliados liberais não vão obter uma maioria absoluta, pelo que se desenham vários cenários de alianças possíveis.
A aliança mais provável será com os adversários social-democratas do SPD. Um governo CDU/SPD seria uma reedição do executivo alemão que governou entre 2005 e 2009, já com Angela Merkel como chanceler.
Embora mais improvável, a aliança entre os conservadores e os verdes é igualmente evocada.
Na Alemanha, cada eleitor tem direito a dois votos. Isto porque o país mistura os sistemas proporcional e direto. Assim sendo, cada eleitor usa um voto no partido e, com o outro, elege diretamente um membro do Bundestag, numa determina circunscrição.
Desta forma, dos 598 membros da câmara baixa do parlamento, 299 são eleitos diretamente nas respetivas circunscrições e os restantes 299 acedem ao cargo por via das listas do partido, no sistema proporcional.
As urnas abriram às 8h00 da manhã locais (menos uma hora em Lisboa) e encerram às 18h00. A meio do dia, a participação era de 41,4%, mais elevada do que os 36,1% registados à mesma hora, nas eleições de 2009.
Os analistas estimam que esta melhor participação poderá ser benéfica para os social-democratas de Peer Steinbrück, o grande adversário de Angela Merkel. Em 2009, terão sido os eleitores do SPD os menos motivados para irem às urnas.