Na terça-feira, Zelenskyy excluiu a ideia da Ucrânia ceder territórios a Moscovo em qualquer acordo antes das conversações em Londres e acrescentou: "É a nossa terra".
Donald Trump atacou Volodymyr Zelenskyy, ao afirmar que o líder ucraniano está a prolongar o "campo de morte", depois de o presidente norte-americano ter insistido em ceder a Crimeia à Rússia, como parte de um possível plano de paz.
"Esta declaração é muito prejudicial para as negociações de paz com a Rússia, na medida em que a Crimeia foi perdida há anos sob os auspícios do presidente Barack Hussein Obama, e nem sequer é um ponto de discussão", escreveu Trump num post na rede social Truth Social.
"Ninguém está a pedir a Zelenskyy que reconheça a Crimeia como território russo, mas, se ele quer a Crimeia, porque não lutaram por ela há onze anos, quando foi entregue à Rússia sem que fosse disparado um tiro?", acrescenta Trump.
Trump diz ainda que "declarações inflamadas como as de Zelenskyy" estão a tornar "muito difícil resolver esta guerra".
"Ele não tem nada de que se gabar!" disse Trump. "A situação para a Ucrânia é terrível - ele pode ter paz ou pode lutar por mais três anos antes de perder o país inteiro".
Acrescentou ainda sobre a declaração de Zelenskyy: "Não fará mais do que prolongar o 'campo de morte', e ninguém quer isso! Estamos muito perto de um acordo, mas o homem que "não tem cartas para jogar" deve agora, finalmente, FAZER O QUE É PRECISO".
Na terça-feira, Zelenskyy excluiu a ideia de Kiev ceder território a Moscovo em qualquer acordo antes das conversações em Londres entre funcionários americanos, europeus e ucranianos.
"Não há nada para falar - é a nossa terra, a terra do povo ucraniano", disse Zelenskyy.
Durante conversações semelhantes em Paris, na semana ada, os responsáveis norte-americanos apresentaram uma proposta que incluía o congelamento da linha da frente de batalha e a possibilidade de a Rússia manter o controlo do território ucraniano ocupado, de acordo com um responsável europeu familiarizado com o assunto.
Uma reunião planeada para esta quarta-feira, com a participação de diplomatas norte-americanos, britânicos, ses e ucranianos, com o objetivo de promover um acordo de paz, foi reduzida à última hora, quando o Secretário de Estado norte-americano Marco Rubio cancelou a sua participação.
"Apresentámos uma proposta muito explícita aos russos e aos ucranianos e chegou a altura de eles dizerem 'sim' ou de os Estados Unidos se retirarem deste processo", disse o vice-presidente JD Vance aos jornalistas na Índia.
Vance afirmou que se tratava de "uma proposta muito justa" que "congelaria as linhas territoriais a um nível próximo do atual", com ambas as partes a terem de ceder algum território que detêm atualmente.
Não forneceu mais pormenores sobre a proposta.
Um alto funcionário europeu familiarizado com as negociações em curso que envolvem a equipa norte-americana disse que uma proposta que os EUA dizem ser "final" foi inicialmente apresentada na semana ada em Paris, onde foi descrita como "apenas ideias" e que poderia ser alterada.
Quando essas ideias surgiram nos meios de comunicação social, vários dias depois, os altos funcionários ucranianos ficaram surpreendidos por Washington as ter apresentado como definitivas, segundo o funcionário.
Zelenskyy disse na quarta-feira que a Ucrânia está pronta para qualquer formato de negociação que possa trazer um cessar-fogo e abrir a porta para negociações de paz completas, enquanto lamentava nove civis mortos quando um drone russo atingiu um autocarro no início desse dia.
"Insistimos num cessar-fogo imediato, completo e incondicional", escreveu Zelenskyy na sua página do Telegram, de acordo com uma proposta que, segundo ele, foi apresentada pelos Estados Unidos há seis semanas.
A Ucrânia e alguns governos da Europa Ocidental acusaram Putin de estar a arrastar a proposta enquanto o seu exército tenta conquistar mais território ucraniano.
Os analistas ocidentais afirmam que Moscovo não tem pressa em concluir as conversações de paz, porque tem a vantagem no campo de batalha.