O julgamento dos responsáveis pelo mais trágico acidente ferroviário da Grécia poderá não começar antes do final de 2025, uma vez que o processo continua a crescer e as complicações legais aumentam.
O julgamento dos responsáveis pelo acidente mortal do comboio de Tempi sofreu atrasos, com as investigações ainda em curso, dois anos depois da colisão na Grécia que fez 57 mortos.
As audiências podem não começar antes do final de 2025, segundo o jornal grego Kathimerini, que atribui os atrasos a uma série de fatores, incluindo os pedidos dos familiares das vítimas para que sejam ouvidas mais testemunhas.
A data do julgamento também está a ser adiada por fatores como autópsias e peritagens pendentes, investigações sobre filmagens alegadamente relacionadas com a catástrofe e uma ação judicial contra um juiz de instrução, noticiou o jornal.
A Euronews ou o Ministério da Justiça grego para comentar o calendário do julgamento, tendo também pedido uma reação aos advogados que representam as famílias das vítimas, e aguarda respostas.
No mês ado, o juiz de instrução Sotiris Bakaimis ordenou que fosse analisada a autenticidade das novas imagens que, alegadamente, mostram o comboio de mercadorias antes da colisão com o comboio de ageiros.
Os vídeos anteriormente divulgados do incidente mostram uma enorme explosão após a colisão, o que, para alguns, sugere que o comboio de mercadorias transportava materiais ilegais e inflamáveis.
Um investigador forense contratado pelas famílias das vítimas alegou que 30 dos 57 ageiros que morreram sobreviveram inicialmente ao acidente antes de perderem a vida na sequência do incêndio.
Se a ação judicial contra Bakaimis, intentada por cinco familiares das vítimas que afirmam que ele manipulou as provas, avançar, é provável que haja mais atrasos.
Estes desenvolvimentos surgem na sequência da publicação de umrelatório há muito aguardadosobre o acidente de comboio mais mortífero da história da Grécia. Para além de expor problemas profundamente enraizados nas infraestruturas de transportes do país, o desastre ou a ser visto por muitos como um exemplo do fracasso institucional na Grécia.
Divulgado em fevereiro, na véspera do segundo aniversário do acidente, o relatório indica o erro humano, o envelhecimento da infraestrutura ferroviária e as principais falhas sistémicas como causas da catástrofe. A formação deficiente e a falta de pessoal foram também identificadas como fatores que contribuíram para a tragédia.
O relatório, elaborado por uma comissão de investigação independente, concluiu que a colisão ocorreu depois de um chefe de estação ter cometido um erro de encaminhamento que colocou um comboio de ageiros na mesma via que um comboio de mercadorias que se aproximava. O acidente matou 46 ageiros, na sua maioria estudantes, e 11 funcionários.
O inquérito concluiu igualmente que, se tivessem sido aplicadas tecnologias de segurança modernas, o acidente não teria ocorrido.
O segundo aniversário do acidente foi marcado por uma greve geral e uma onda de protestos em massa na Grécia, com dezenas de milhares de pessoas reunidas na Praça Syntagma, em Atenas.
As famílias das vítimas acusaram o governo de Kyriakos Mitsotakis de ter conduzido mal a investigação, ao mesmo tempo que se multiplicaram as alegações de encobrimento. No início deste mês, o executivo de Mitsotakis foi objeto de uma moção de censura, à qual sobreviveu.