Os kosovares foram às urnas num contexto de estagnação económica e de recrudescimento das tensões étnicas, mas a Comissão Central de Eleições diz que a afluência às urnas foi baixa.
Os resultados preliminares das eleições legislativas do Kosovo mostram que o partido do atual primeiro-ministro Albin Kurti está à frente, mas não tem a maioria necessária para governar sozinho.
Com 73% dos votos contados, o partido de esquerda de Kurti, o Movimento de Autodeterminação, ou Vetevendosje!, obteve 41,99% dos votos.
Em declarações à imprensa, Kurti disse que o resultado era "a confirmação da nossa boa governação e da nossa liderança progressista e democrática".
"A nossa coligação vencedora formará o novo governo 'Kurti 3' e, desta forma, continuaremos com o trabalho que iniciámos, mas também muito mais", disse aos jornalistas.
O Partido Democrático do Kosovo (PDK) está atualmente em segundo lugar com 21,4%, a Liga Democrática do Kosovo (LDK) com 19,3%, a Coligação para um Kosovo Vencedor com 7,2% e a Lista para a Família completa os cinco primeiros com 1,8% dos votos.
No domingo à tarde, a Comissão Central de Eleições declarou que a afluência às urnas era baixa, situando-se um pouco abaixo dos 28% às 15:00 locais.
Se o partido de Kurti não conseguir a maioria necessária para governar sozinho, poderá deixar em aberto a possibilidade de os outros dois candidatos se juntarem numa coligação de dois partidos.
No entanto, Kurti já excluiu a possibilidade de trabalhar com qualquer um dos partidos da oposição.
Os dois partidos de centro-direita são o PDK, cujos principais dirigentes continuam detidos num tribunal penal internacional em Haia, acusados de crimes de guerra, e o LDK, orientado para o mercado livre, o partido mais antigo do país, que perdeu grande parte do seu apoio após a morte, em 2006, do seu líder, Ibrahim Rugova.
Subsistem dúvidas sobre o financiamento
Kurti tem estado em desacordo com as potências ocidentais depois de o seu governo ter adotado várias medidas que suscitaram tensões com a Sérvia e com a etnia sérvia, incluindo a proibição da utilização da moeda sérvia e de transferências da Sérvia para a minoria étnica sérvia do Kosovo, que depende dos serviços e pagamentos sociais de Belgrado.
Os EUA, a UE e a força de manutenção da paz KFOR, liderada pela NATO, instaram o governo de Pristina a abster-se de ações unilaterais, receando o reacender do conflito inter-étnico.
Entretanto, Bruxelas suspendeu o financiamento de alguns projetos e estabeleceu condições para a sua retoma gradual, na condição de o Kosovo tomar medidas para diminuir as tensões no norte, onde vive a maior parte da minoria étnica sérvia.
O Kosovo foi também afetado pelo congelamento, durante 90 dias, do financiamento de diferentes projectos pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), que tem sido fundamental para promover o crescimento do país.
É a primeira vez, desde a independência do Kosovo em 2008, que o parlamento cumpre um mandato completo de quatro anos. É a nona votação parlamentar no Kosovo desde o fim do conflito de 1998-1999 entre o governo de Belgrado e os separatistas de etnia albanesa, que levou à expulsão das forças sérvias após uma campanha aérea de 78 dias da NATO. A Sérvia não reconhece a independência do Kosovo, uma ação apoiada pela Rússia e pela China, enquanto os principais países ocidentais o fazem.
Cerca de dois milhões de eleitores votaram para eleger 120 deputados de entre mais de 1.200 candidatos, na sua maioria pertencentes a um dos 27 grupos políticos. Independentemente dos resultados eleitorais, o parlamento kosovar tem 20 lugares reservados às minorias, 10 dos quais para a minoria sérvia.
Uma equipa de 100 observadores da UE, 18 do Conselho da Europa e cerca de 1.600 outros de organizações internacionais ou locais acompanharam a votação.
O Kosovo, com uma população de 1,6 milhões de habitantes, é um dos países mais pobres da Europa. O seu PIB anual per capita é inferior a 6.000 euros.
Os partidos comprometeram-se a aumentar os salários e as pensões dos funcionários públicos, a melhorar a educação e os serviços de saúde e a combater a pobreza. No entanto, não explicaram de onde viria o dinheiro nem como iriam atrair mais investimento estrangeiro.